Construindo Meu Próprio Futuro
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Capítulo 4

"Bem..." , ele começou, o tom de voz suavizando, agora cheio de uma falsa magnanimidade. "Eu não diria que seu sonho é 'bobo' . É... bonitinho. Mas você tem que ser realista, Maria."

Eu abaixei a cabeça, fingindo vergonha.

"Eu sei. Você está certo. Eu só... preciso de um tempo para me acostumar com a ideia."

Eu olhei para ele por baixo dos cílios, uma técnica que eu odiava, mas que sabia que funcionava com ele.

"Você tem tanta certeza de tudo, Pedro. Eu te admiro por isso."

O peito dele se estufou de orgulho. Ele deu um passo em minha direção, colocando a mão no meu ombro.

"Eu sei que é difícil para você. Mas é para o nosso bem. Um dia você vai entender."

Nosso bem. A palavra soou como veneno nos meus ouvidos.

"Eu prometo que vou pensar na sua oferta de emprego na fábrica" , menti, minha voz soando pequena e submissa.

"Eu sei que vai" , ele disse, sorrindo. Ele tinha conseguido o que queria: a reafirmação de que ele estava no controle, de que eu ainda o idolatrava.

Nesse exato momento, a porta do meu quarto se abriu sem aviso.

Sofia estava parada ali, os braços cruzados, o rosto uma máscara de desconfiança.

"Pedro? O que você está fazendo aqui?"

A voz dela era aguda, possessiva.

Pedro tirou a mão do meu ombro rapidamente, como se tivesse sido queimado.

"Sofia! Eu só estava... conversando com a Maria. Explicando a situação."

Sofia me lançou um olhar mortal. Eu a encarei de volta, com uma expressão neutra. Na vida passada, eu teria me encolhido sob o olhar dela. Não mais.

"Explicando o quê? Que você escolheu a mim e um futuro de verdade em vez dela e dos sonhos de faculdade dela?"

Ela caminhou até Pedro e agarrou o braço dele, um gesto claro de posse.

Ela se virou para mim.

"Ele não vai para a faculdade, Maria. Ele vai ficar aqui e trabalhar na fábrica do meu pai. Ele vai construir uma vida comigo."

"Eu ouvi" , eu disse calmamente. "Ele me contou."

Minha calma pareceu irritá-la ainda mais. Ela esperava uma briga, lágrimas. Eu não lhe daria essa satisfação.

De repente, ela me empurrou. Não com força, mas o suficiente para me fazer dar um passo para trás.

"Fique longe dele. Ele é meu agora."

Pedro não fez nada. Apenas observou, desconfortável.

Sofia puxou Pedro em direção à porta.

"Vamos, amor. Estamos perdendo nosso tempo aqui. Pessoas como ela, que vivem no mundo da lua, nunca vão entender o que é ter ambição de verdade, como nós."

Ambição de verdade. Trabalhar na linha de montagem de uma fábrica pelo resto da vida. A ironia era tão absurda que eu quase ri de novo.

Eles saíram, e eu ouvi os passos deles descendo a escada.

Fiquei sozinha no meu quarto. A tranquilidade era quase ensurdecedora.

Eles achavam que tinham ganhado. Achavam que eu era a perdedora.

Mal sabiam eles que a verdadeira competição nem havia começado. E desta vez, eu estava jogando para vencer.

                         

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