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Eu estava parada indo para casa pelo jardim, observando a minha frente, quando vi Italo se aproximando. O meu coração começou a bater mais rápido, e a incerteza me envolveu. Eu não estava pronta para enfrentá-lo naquele momento. Rapidamente, me escondi atrás de um arbusto espesso, esperando que ele não me visse.
Italo passou próximo a mim, os seus passos firmes ecoando pelo jardim, mas, graças à minha posição escondida, ele não parecia ter notado a minha presença. Um suspiro aliviado escapou dos meus lábios, e, ainda escondida, observei-o continuar o seu caminho.
Decidi que era melhor evitar qualquer encontro naquele momento. Com cuidado, tirei a touca do uniforme e segui em direção à nossa casa. No caminho, os meus pensamentos estavam repletos de perguntas sobre o que ele estava fazendo ali. Qual a sua posição na família Lombardi, se via que ele não era um mero segurança.
Ao entrar em casa, fui surpreendida por Pietro, os seus cabelos castanhos escuros se sobressaiam em uma franja no seu rosto. Ele estava nos seus primeiros passos, caminhando desajeitadamente na minha direção. Alegremente, ele puxou a minha saia e emitiu os sons "mamamama", a sua linguagem de bebê, querendo a minha atenção.
Sorri ao pegá-lo no colo e senti os seus dedos pequenos e curiosos mexendo na minha touca. Era hora de dar a ele seu quarto corte de cabelo. A franja já havia crescido novamente, e eu me maravilhei com a rapidez com que os seus cabelos cresciam. Mas, observando os seus cílios e sobrancelhas, era evidente que ele havia herdado características do seu pai, e provavelmente o seu génio para pelos fortes.
A minha mãe estava na cozinha, ocupada com as suas tarefas domésticas, de nós três, ela era a primeira a chegar. Dei a ela um beijo no rosto enquanto segurava Pietro. Manuela não estava em casa naquele momento. Ou ela estava no seu quarto, ou envolvida na sua busca incessante por um segurança para o casamento. Ela sonhava em casar com um deles e convencê-lo a deixar a máfia, como se fosse algo tão simples. Eu já havia tentado alertá-la sobre os perigos desse jogo, mas ela continuava determinada em seguir esse caminho incerto, ela faria de tudo para sair dali.
Enquanto conversava com a minha mãe sobre o meu dia e a persistência de Alicia em manter o seu comportamento rude, mesmo após a festa de ontem ter sido tão intensa, a minha mãe demonstrava compreensão e tentava mostrar o lado bom, lado esse que não existia a meu ver. Ela sempre tinha um jeito de acalmar o meu coração com as suas palavras calorosas. Não queria contar a ela o motivo da minha aflição, já que era impossível esconder os meus olhos, inventei que o problema era Alicia.
- Querida, você sabe como a Alicia é. Às vezes, as pessoas carregam bagagens que não podemos ver. Talvez ela esteja passando por algo difícil, algo que a deixou assim. Não é fácil nascer e viver para a máfia.
Eu assenti, concordando com a minha mãe. Ela tinha razão, embora fosse difícil para mim lidar com a grosseria de Alicia, eu tentava lembrar que todos têm os seus próprios fardos. Mas na verdade não era aquilo que estava me preocupando.
Estávamos no meio da conversa quando ouvimos a campainha tocar. Fiquei surpresa e ansiosa ao mesmo tempo. Era muito cedo para a chegada de algum dos seguranças, geralmente eles conferiam as 10:00 horas se todas estavam em casa. Com Pietro nos braços, caminhei até a porta, me preparando para encontrar um dos homens da máfia.
Quando abri a porta, fiquei atônita ao ver o pai do meu filho parado ali, com os seus olhos escuros fixos em Pietro, meu precioso filho. O meu coração deu um salto, e uma sensação de vulnerabilidade tomou conta de mim. Pietro era a cara do pai, era só repara duas vezes que veria semelhança.
O que ele está fazendo aqui? Será que descobriu algo sobre o Pietro?
Com a minha voz tremendo, consegui emitir som.
- O que você está fazendo aqui? - Perguntei tentando colocar Pietro longe da sua visão. - Mamãe, pode pegar o Pietro?
Berrei para ela ali da porta, que logo apareceu. A minha mãe olhou de mim para ele, e arregalou os olhos, seja o que pensou não disse nada.
- Eu...- O homem corpulento parecia processar algo também, e aquilo não era bom. - É seu filho? - Droga! Droga! O que eu faço?
- Hã... - Me atrapalhei toda, realmente havia perdido o dinheiro e a compostura, mas era só diante dele que eu perdia a dicção. - É nosso, mamãe e a minha irmã ajudam a cuidar, então é nosso. - Que resposta besta, Violeta! Me recriminei, eu tinha essa mania de conversar sozinha quando estava em uma fria.
Devo convida-lo para entrar? Claro que não.
- Não respondeu a minha pergunta. Está tudo bem? - Ele perguntou preocupado, as sobrancelhas levantas como se não entendesse porque eu estava vermelha como um pimentão e suando feito uma corredora de maratona.
- Sim, só foi um dia cansativo. - Respondi a sua pergunta querendo fugir da minha maternidade com Pietro.
- Da forma como você fala até parece que nunca descansa. - A sua voz soou zombeteira, ele provavelmente não sabia que eu quase não tinha descanso. Começava as 7:00 da manhã, e ia até as 19:00, não eram todos, apenas aqueles que tinha a sua vida comprada por eles.
- Não é como se eu tivesse pedido essa vida. - Suspirei ao falar, me recompondo não sabia quem ele era, mesmo sendo o pai do meu filho, havia o visto duas vezes, essa era a terceira vez, e o lugar onde estávamos mostrava que ele não poderia ser de boa índole.
Os olhos escuros me avaliaram por um tempo. Até ele enfim puxar o seu pulso do terno conferindo as horas.
- Acho que perdi muito tempo com as introduções. - Ele comentou como se falasse mais para si. Observei a barba bem desenhada, o nariz fino e robusto emoldurando um rosto másculo, seja qual fosse a posição dele, emanava autoridade.
- Em que posso ajudar? - Perguntei, lembrando que eu era uma empregada ali, e talvez ele fosse um hóspede da família.
- Quero que jante comigo amanhã. - Pisquei várias vezes, e formulei vários não, colocando vários motivos para isso não acontecer.
- Não sei se posso. - Respondi a primeira coisa que veio a minha mente.
- E, por que não? - Rebateu direto, um vinco de repreensão na sua testa.
- Eu tenho um dia corrido, a noite tenho Pietro, e...
- Então ele é seu filho. - A sua voz foi em um tom de confirmação, e fiz de tudo para me esquivar da pergunta de novo.
- Senhor, sei que nos conhecemos em outro momento, e aquela era uma outra vida em que eu vivia, agora como ve, tenho uma longa divida para pagar. - Queria dar a conversa por encerado, então coloquei as mãos atrás da porta dando índice que fecharia, mas ele foi mais rápido.
- Não importo com a sua posição social, estou a convidando para jantar, espero que não me faça essa desfeita. - A forma como disse e logo após pegou o celular para conferir o vibrar que chegou, deu a entender que ele não ouviria mais a minha recusa. - Uma boa noite, senhorita.
Senhorita? Ele nem deveria lembrar o meu nome, quer reviver aquela noite, apenas isso, não serei seu objeto sexual!