Segunda Chance no Altar
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Capítulo 1

A dor aguda na minha cabeça foi a primeira coisa que senti, um eco fantasma do impacto. Abri os olhos e a luz do sol da tarde entrava pela janela, iluminando as partículas de poeira no ar. Meu quarto. Eu estava no meu quarto.

Meu corpo inteiro gelou.

Isso não era possível. O último som que eu ouvi foi o de metal se contorcendo e o riso de Camila, um som que me assombraria para sempre. O último que eu vi foi o para-brisa se estilhaçando e o rosto dela, distorcido em um sorriso de triunfo.

Eu deveria estar morta.

Minha mão tremeu quando peguei o celular na mesa de cabeceira. A tela se acendeu. A data era 23 de outubro. O dia em que anunciei meu noivado com Pedro no Instagram. O dia em que minha vida começou a desmoronar.

Um nó se formou na minha garganta. Eu estava viva. Eu tinha voltado.

As memórias da minha vida passada vieram como uma avalanche. O telefonema de Camila. As mentiras dela. As lágrimas falsas. "Sofia, amiga, eu preciso te contar uma coisa sobre o Pedro. Ele não te ama. Ele só está te usando para chegar até mim."

E eu, a idiota, acreditei. Acreditei em cada palavra da mulher que eu chamava de melhor amiga.

Terminei com Pedro por telefone. Ele ficou arrasado, confuso. "Sofia, o que está acontecendo? Do que você está falando? Eu nem conheço essa sua amiga direito."

Mas a semente da dúvida que Camila plantou era venenosa. Eu não ouvi.

Depois, vi Camila tentando se aproximar de Pedro. Ele a rejeitou, com nojo. E a raiva dela, a raiva de ser rejeitada, se voltou toda para mim. A perseguição, as ameaças veladas, e finalmente, o carro. Ela me atropelou e fugiu, me deixando para morrer na rua.

Respirei fundo, o ar enchendo meus pulmões com uma urgência que eu nunca tinha sentido antes. Desta vez, seria diferente. Eu não seria a vítima.

Não perdi um segundo. Procurei o contato de Pedro e disquei. Meu coração batia tão forte que parecia que ia sair pela boca.

"Sofia? Oi, meu amor. Aconteceu alguma coisa?"

A voz dele. A voz quente e familiar que eu pensei que nunca mais ouviria. Lágrimas encheram meus olhos, mas eu as forcei a recuar. Não era hora para chorar. Era hora de agir.

"Pedro, onde você está?" minha voz saiu firme, surpreendendo a mim mesma.

"Estou saindo do escritório. Estava indo para a sua casa. Por quê? Você está bem?"

"Estou ótima. Me encontre no cartório central. Em vinte minutos."

Houve um silêncio do outro lado da linha.

"No cartório? Sofia, o que... o que vamos fazer no cartório?"

"Vamos nos casar."

"O quê? Casar? Assim? Agora? Mas e o nosso noivado? E a festa? Nossos pais?"

"Pedro, confia em mim," eu disse, e minha voz não vacilou. "Eu te explico tudo depois. Só vem. Por favor."

Outra pausa. Eu podia quase sentir a confusão dele através do telefone. Mas Pedro, meu leal e maravilhoso Pedro, sempre confiou em mim.

"Ok," ele disse finalmente, a voz ainda cheia de incerteza. "Estou a caminho. Te vejo lá."

Desliguei e pulei da cama. Troquei de roupa em um minuto, peguei meus documentos e a chave do carro. Não havia tempo para hesitar. Cada segundo era precioso.

Vinte minutos depois, eu estava na frente do cartório. Pedro chegou logo em seguida, seu carro de luxo parando bruscamente. Ele saiu, o terno perfeitamente alinhado, mas o rosto era uma máscara de confusão.

"Sofia, pelo amor de Deus, o que está acontecendo?"

Eu não respondi com palavras. Apenas peguei a mão dele e o puxei para dentro. O processo foi um borrão. Assinaturas, testemunhas que arranjamos no local, as palavras da juíza de paz. Em menos de uma hora, a certidão de casamento estava em minhas mãos. O papel era real, sólido. Uma âncora na minha nova realidade.

Pedro ainda parecia estar em choque.

"Nós... nós estamos casados?"

Eu me virei para ele e sorri, o primeiro sorriso genuíno do meu novo começo.

"Sim, meu amor. Nós estamos casados."

Peguei meu celular, abri o Instagram e tirei uma foto das nossas mãos, com as alianças improvisadas que compramos ali perto, e a certidão de casamento bem visível ao fundo.

A legenda foi simples: "Noivado? Pulamos essa parte. Felizes para sempre começa agora. Sra. Sofia Martins."

Postei.

O choque no rosto de Pedro era impagável, uma mistura de pânico e uma diversão que começava a surgir. Ele balançou a cabeça, um sorriso lento se espalhando por seus lábios.

"Você é completamente louca."

"Eu sei," respondi, sentindo um peso enorme sair dos meus ombros. "Você vai me agradecer depois."

Mal o celular voltou para o meu bolso, ele começou a vibrar. O nome na tela fez meu sangue gelar, mas desta vez, não era de medo. Era de antecipação.

Camila.

            
            

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