Segunda Chance no Altar
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Capítulo 2

Atendi a ligação no primeiro toque.

"Alô?"

"Sofia? Que porra de postagem é essa no Instagram? Casada? Você ficou maluca?"

A voz de Camila era estridente, cheia de uma raiva mal contida. Era exatamente como eu me lembrava da ligação na minha vida passada, a mesma falsa preocupação cobrindo um veneno puro.

"Oi, Camila. Sim, é verdade. Pedro e eu nos casamos."

Respondi com a maior calma que consegui reunir. Pedro, ao meu lado, me olhava com os olhos arregalados, tentando entender a situação.

"Como assim se casaram? E o noivado? E a festa que estávamos planejando? E os nossos amigos, nossas famílias? Você simplesmente ignora tudo e todos?"

"Foi uma decisão nossa, Camila. Uma coisa de momento."

"De momento? Sofia, isso não faz sentido! Tem alguma coisa errada. É o Pedro, não é? Ele te forçou a fazer isso?"

As memórias da vida passada surgiram com uma clareza dolorosa. Lembrei-me de estar sentada no sofá do meu antigo apartamento, o telefone na orelha, enquanto Camila tecia sua teia de mentiras.

"Amiga, eu não queria te contar isso, mas não posso deixar você cometer um erro," ela tinha dito, a voz embargada por um choro falso. "O Pedro... ele me procurou. Ele disse que estava com você, mas que a pessoa que ele realmente queria era eu. Ele achou que ficando noivo de você, eu sentiria ciúmes e correria para ele."

Lembrei-me da foto que ela me mandou. Uma foto borrada de Pedro em um bar, com uma mulher de costas que tinha o cabelo parecido com o de Camila. Na época, pareceu uma prova irrefutável. Hoje, eu sabia que era uma montagem barata, uma mentira descarada.

"Ele é um monstro, Sofia. Termina com ele. Você merece coisa melhor. Você me tem," ela concluiu, a víbora.

E a dor daquela traição me atingiu de novo, fresca como se tivesse acontecido há minutos. A dor de ter acreditado nela. A dor de ter jogado fora meu amor por causa de uma inveja doentia.

E então, a memória final. O carro acelerando. Eu caída no asfalto, o sangue se espalhando ao meu redor. Camila saindo do carro, não para me ajudar, mas para se certificar de que o serviço estava feito.

Ela se inclinou sobre mim, o sorriso dela era a coisa mais feia que eu já tinha visto.

"Sabe, Sofia, se eu não posso ter o Pedro, ninguém mais pode. Especialmente você. Você sempre teve tudo. A família perfeita, o cara perfeito. Agora você não tem nada."

Aquela revelação, o veneno puro em suas palavras, foi a última coisa que processei antes de tudo ficar escuro.

A raiva ferveu dentro de mim, uma fúria fria e calculada. Ela não apenas mentiu e manipulou. Ela tentou me assassinar. Por inveja.

"Sofia? Você está aí? Está me ouvindo?" a voz de Camila me trouxe de volta ao presente.

Meu aperto no celular se intensificou. Uma nova determinação tomou conta de mim. Eu não ia apenas me proteger desta vez. Eu ia fazê-la pagar. Por tudo.

"Estou ouvindo, Camila," eu disse, minha voz agora sem qualquer traço de hesitação. "Na verdade, estou feliz que você ligou. Eu queria mesmo falar com você."

Discretamente, com a outra mão, ativei a gravação de chamadas no meu celular. Era um aplicativo que eu tinha instalado por segurança no trabalho e nunca usado. Até agora.

"Falar comigo? Sobre o quê? Sobre como você jogou sua vida no lixo por um cara que não vale nada?"

"Não, Camila. Sobre você."

Um pequeno sorriso se formou nos meus lábios. O jogo tinha começado. Mas desta vez, eu conhecia todas as regras. E todas as jogadas sujas dela.

"Quero entender essa sua... preocupação toda. Você parece mais chateada do que eu com o meu próprio casamento."

Deixei a isca no ar. E, como o peixe faminto que era, ela mordeu.

            
            

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