Segunda Chance no Altar
img img Segunda Chance no Altar img Capítulo 3
4
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 3

"Claro que estou chateada! Eu sou sua melhor amiga! Eu me preocupo com você!" a voz de Camila subiu uma oitava, beirando o histerismo. "E o Pedro é um lixo! Ele é um manipulador, um mentiroso! Ele estava te enganando, Sofia!"

Olhei para Pedro, que estava ao meu lado, ouvindo tudo com uma expressão que ia da confusão à raiva contida. Com um gesto sutil, pressionei o botão de viva-voz. O som da voz estridente de Camila preencheu o silêncio do carro.

"Me enganando como, Camila? Seja mais específica," eu provoquei, mantendo minha voz calma e controlada.

"Ele... ele me disse coisas! Ele disse que só estava com você para me fazer ciúmes! Que ele sempre me quis! Ele é obcecado por mim, Sofia! Você não vê? Você se casou com um stalker psicopata!"

Pedro fechou os punhos com força. O maxilar dele estava travado. Ele abriu a boca para falar, para se defender, mas eu coloquei um dedo nos meus lábios, pedindo silêncio. Ele entendeu e assentiu, os olhos queimando de fúria.

"Nossa, Camila. Isso é uma acusação bem séria," eu disse, fingindo choque. "Ele te disse isso quando? Onde?"

"Ele... ele me mandou mensagens! E nos encontramos! Ele me agarrou, disse que não podia viver sem mim! Eu tenho provas, Sofia! Eu tenho fotos!"

A mentira era tão descarada, tão idêntica à da vida passada, que eu quase ri. Ela nem se dava ao trabalho de ser criativa.

"Fotos? Você tem fotos do Pedro te agarrando? Por que você nunca me mostrou isso antes? Como minha 'melhor amiga', por que você esperou eu me casar para me contar uma coisa tão grave?"

Eu estava empurrando-a para um canto, e ela sentiu. O pânico começou a se infiltrar em sua voz.

"Porque... porque eu não queria te magoar! Eu estava tentando encontrar um jeito de te contar, mas você foi e fez essa loucura! Agora é tarde demais! Você está presa a ele!"

"Não estou presa a ninguém, Camila. Eu fiz uma escolha. E estou muito feliz com ela."

"FELIZ? COMO VOCÊ PODE ESTAR FELIZ? VOCÊ É CEGA? OU VOCÊ É BURRA? ESSE HOMEM VAI DESTRUIR A SUA VIDA, E EU VOU ESTAR LÁ SÓ PARA DIZER 'EU TE AVISEI'!"

O grito dela foi tão alto que eu afastei o telefone da orelha por um instante. Pedro simplesmente balançava a cabeça, incrédulo.

"Camila, se acalme," eu disse, com uma falsa gentileza. "Se você tem essas provas, essas fotos, por que não as mostra? Manda pra mim agora. Ou melhor, leva na polícia. Se o meu marido é um criminoso, ele precisa ser preso, não acha?"

Houve um silêncio mortal do outro lado. Ela não esperava por essa. Na minha vida anterior, eu chorei, gritei, me desesperei. Agora, eu estava desafiando-a com uma lógica fria.

"Você... você não acredita em mim?" a voz dela tremeu, mas agora era de raiva, não de choro falso.

"Eu acredito em fatos, Camila. E até agora, você só me deu histeria."

Desliguei o telefone na cara dela. O silêncio no carro era pesado.

Pedro respirou fundo, passando as mãos pelo cabelo.

"Sofia... o que foi isso?"

Eu me virei para ele, meu marido. Peguei a mão dele, que ainda estava fechada em um punho.

"Isso, meu amor, foi a Camila mostrando quem ela realmente é."

"Mas por quê? Eu mal a conheço. Trocamos 'oi' em duas ou três festas. Por que ela inventaria uma coisa dessas?"

"Inveja," eu disse, a palavra saindo com um gosto amargo. "Ela sempre teve inveja de mim. Da minha família, dos meus estudos, de você. Ela quer o que eu tenho. E está disposta a destruir qualquer coisa, e qualquer um, para conseguir."

Lembrei-me das fotos falsas que ela me mostrou na outra vida. Uma montagem grosseira de Pedro com o rosto colado no corpo de outro homem, beijando uma mulher. Na época, meu coração partido e minha confiança abalada me cegaram para os erros óbvios de edição. Eu aceitei a mentira porque a "minha melhor amiga" a estava contando.

Que tola eu fui.

Pedro olhou para mim, os olhos cheios de uma dor que eu causei na vida passada.

"Você... você alguma vez duvidou de mim, Sofia?"

A pergunta dele me atingiu com força. Na outra vida, a resposta era sim. E essa dúvida nos destruiu.

Mas esta não era a outra vida.

"Não," eu disse, olhando diretamente nos olhos dele, com toda a sinceridade do meu coração renascido. "Nem por um segundo."

O alívio em seu rosto foi imediato, lavando a tensão. Ele puxou minha mão para seus lábios e a beijou.

"Então estamos juntos nisso," ele disse, não como uma pergunta, mas como uma declaração.

"Juntos nisso," eu confirmei. "E ela não vai ganhar desta vez."

            
            

COPYRIGHT(©) 2022