Adeus, Meu Ricardo
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Capítulo 1

Meu marido, Ricardo, se apaixonou pela estagiária da empresa.

Não houve traição física, nem flerte descarado, nem um caso secreto. Ele simplesmente me disse que não podia mais viver sem ela.

Ele estava sentado no sofá em frente a mim, o mesmo sofá que escolhemos juntos há três anos. Sua expressão era séria, quase solene.

"Sofia, me apaixonei pela Clara."

Ele disse isso de forma tão direta que por um momento eu não entendi. Parecia que ele estava falando do tempo, ou de um negócio que fechou.

"Não posso decepcionar a Clara, nem quero desapontar você."

Eu o encarei. O homem que um dia dividiu um apartamento alugado de vinte metros quadrados comigo, comendo miojo quase todos os dias. O homem que prometeu que passaríamos o resto da vida juntos.

Ele continuou, sem esperar minha resposta.

"Vou te dar o carro, a casa e todo o dinheiro que temos. Eu saio sem nada, só preciso que você me dê o divórcio."

Sua voz era calma, como se estivesse me oferecendo um presente generoso. Como se a casa, o carro e o dinheiro pudessem compensar uma vida inteira de promessas quebradas.

Eu senti as lágrimas querendo subir, mas as segurei com força. Engoli em seco, a garganta doendo.

Olhei para ele, o homem que eu amei por dez anos, e vi um estranho. Un estranho com um ar de nobreza, como se estivesse fazendo um grande sacrifício.

Ele esperava que eu chorasse, que eu gritasse, que eu fizesse um escândalo. Eu vi a expectativa em seus olhos.

Mas eu apenas enxuguei uma lágrima solitária que escapou e disse baixinho:

"Está bem."

A surpresa no rosto dele foi quase cômica. Ele não esperava por isso. Ele esperava uma briga, uma discussão que o fizesse se sentir menos culpado. Minha calma o desarmou completamente.

Lembrei de uma vez, há muitos anos, quando ainda éramos jovens e sem dinheiro. Estávamos andando na rua e um cara esbarrou em mim de propósito. Ricardo, que sempre foi magro, se colocou na minha frente sem pensar duas vezes, com os punhos cerrados, pronto para brigar.

Naquele dia, ele me abraçou e disse: "Ninguém mexe com a minha Sofia. Eu te protejo de tudo e de todos."

Sua proteção era feroz, seu amor era avassalador.

Agora, esse mesmo homem estava me abandonando. Ele não me protegeria mais. Na verdade, ele era a fonte da minha maior dor. E todo o seu instinto protetor, todo aquele cuidado, agora pertenciam a outra mulher.

Uma mulher chamada Clara.

            
            

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