Adeus, Meu Ricardo
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Capítulo 2

Ricardo pareceu aliviado com a minha aceitação, mas também um pouco desconfortável. Ele começou a se justificar, como se precisasse da minha aprovação.

"Clara é muito pura, Sofia. Ela não merece carregar a culpa de ser vista como a outra. Eu quero dar a ela um começo limpo, um relacionamento honesto."

Eu o ouvi em silêncio. Um começo limpo. Que piada.

"Ela sabe que você é casado?" , perguntei, minha voz saindo mais fria do que eu pretendia.

Ricardo hesitou por um segundo.

"Ela sabe. Mas ela nunca me pediu nada. Foi tudo... aconteceu."

Aconteceu.

Eu me lembrava bem de quando "aconteceu" . Começou com ele reclamando da nova estagiária, dizendo que ela era atrapalhada, que não sabia fazer nada direito. Depois, as reclamações se tornaram elogios. "A Clara é esforçada, está aprendendo rápido."

Logo, ele começou a chegar mais tarde em casa. A desculpa era sempre a mesma: "Precisei ajudar a Clara com um relatório, ela ainda tem dificuldade."

No Dia dos Namorados, ele me deu um colar caro. No dia seguinte, vi na mesa dele um pequeno embrulho com um bilhete. A caligrafia era delicada, feminina. O bilhete dizia: "Obrigada pelo chocolate, chefe. Você fez meu dia ser menos solitário."

Eu não disse nada na época. Achei que era uma gentileza inocente.

Agora eu entendia.

"Ela é tão simples, tão inocente" , Ricardo continuou, perdido em suas próprias ilusões. "Ela merece o melhor do mundo, Sofia. E eu quero dar isso a ela."

Eu queria rir. O "melhor do mundo" que ele podia oferecer foi construído com o meu suor, com as noites que eu passei em claro trabalhando ao lado dele para erguer nossa empresa.

"Nós não fizemos nada de errado" , ele insistiu, como se tentasse convencer a si mesmo. "Não houve traição. Eu nunca a toquei, nunca a beijei. Eu apenas... me apaixonei. Foi algo que não pude controlar."

Ah, claro. Ele não a beijou, não a tocou. Mas ele deu a ela seu tempo, sua atenção, seus pensamentos. Ele deu a ela o coração que um dia foi meu. Ele a protegeu, a ensinou, a elogiou. Ele a amou enquanto ainda estava casado comigo.

Para Ricardo, isso não era traição. Era apenas um "sentimento incontrolável" .

Eu dei um sorriso amargo. A dor no meu peito era uma pressão constante, mas meu rosto permaneceu calmo.

"Tudo bem, Ricardo. Eu te dou o divórcio."

            
            

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