Renascida para Amar e Destruir
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Capítulo 1

Na minha vida passada, recebi a notícia da morte do meu noivo, João Pedro, enquanto estava na delegacia.

Eu não chorei.

Em vez disso, eu ri.

Ri tanto que o comissário de polícia me olhou com pena, pensando que eu tinha enlouquecido de dor.

Eles me disseram que João Pedro tinha morrido em um acidente de carro terrível, seu corpo carbonizado e irreconhecível.

Mas eu sabia a verdade.

Eu sabia que ele não estava morto, ele apenas tinha trocado de identidade com seu irmão gêmeo, o empresário de sucesso, Pedro João.

Ele fez isso para poder se casar com a noiva de seu irmão, minha cunhada, Ana Lúcia.

Eu tentei contar a todos a verdade, mas ninguém acreditou em mim.

Eles me acusaram de insanidade, de promiscuidade.

João Pedro, agora vivendo como Pedro João, usou todo o seu poder e influência para me destruir.

Ele me humilhou publicamente, me fez perder meu negócio, minha confeitaria que eu construí com tanto esforço.

E o pior de tudo, ele tirou de mim a guarda da nossa filha, Sofia.

Eles me jogaram na rua, sem nada.

Minha filha, Sofia, foi entregue a ele e a Ana Lúcia.

No fim, eles me espancaram até a morte em um beco escuro e depois jogaram meu corpo em um terreno baldio.

Mas então, eu acordei.

Abri os olhos e me vi de volta ao hospital, no dia em que recebi a notícia da "morte" de João Pedro.

O cheiro de desinfetante encheu minhas narinas. O som de um monitor cardíaco apitava ao meu lado.

Olhei para o lado e vi a figura alta e sombria parada ao lado da minha cama.

Era João Pedro, mas ele estava vestido com as roupas caras de seu irmão, Pedro João.

Seu rosto estava pálido, seus olhos vermelhos, fingindo uma dor que ele não sentia.

"Luz", ele disse com a voz embargada, "tenho uma notícia terrível. O João Pedro... ele se foi."

Ele estava ali, na minha frente, mentindo descaradamente.

Na minha vida passada, eu gritei, chorei, o acusei, e isso selou meu destino trágico.

Desta vez, eu não faria isso.

Desta vez, eu faria diferente.

As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Lágrimas de dor, mas também de uma raiva fria que se instalava no fundo da minha alma.

"Não... não pode ser", eu solucei, agarrando a mão dele. "João... meu João..."

Ele me abraçou, um abraço falso e vazio. Senti seu corpo tenso. Ele estava nervoso.

"Eu sei, é horrível. Eu também perdi meu irmão", ele disse, tentando parecer consolador.

Eu olhei para ele, meus olhos embaçados de lágrimas.

"Pedro João... o que vamos fazer agora?", perguntei, usando o nome que ele queria ouvir.

Um brilho de alívio passou por seus olhos. Ele achou que eu tinha acreditado.

Ele não sabia que, por trás das minhas lágrimas de viúva de luto, eu já estava planejando minha vingança.

Ele não notou o pequeno detalhe que o entregava.

João Pedro tinha uma pequena pinta no lóbulo da orelha esquerda.

Pedro João, não.

E o homem que me abraçava, o homem que fingia ser Pedro João, não tinha a pinta.

Eu me agarrei a ele com mais força, escondendo meu rosto em seu peito para que ele não pudesse ver o sorriso frio que se formava em meus lábios.

As memórias da minha vida passada vieram com força.

Lembrei-me do dia em que ele me disse que ia "morrer".

Estávamos no nosso pequeno apartamento. Sofia, com apenas três anos, brincava no tapete.

"Luz, preciso te contar uma coisa", ele disse, sério. "Pedro João está muito doente. Os médicos dizem que ele não tem muito tempo."

Eu senti um aperto no coração. Apesar de Pedro João ser distante, ele era o irmão do homem que eu amava.

"Meu Deus, João. O que podemos fazer? Existe algum tratamento?"

Ele balançou a cabeça. "Não. Mas... eu tive uma ideia. Uma forma de manter o legado dele, a empresa dele... tudo."

"Que ideia?", perguntei, ingênua.

"Eu vou assumir o lugar dele. Vou me tornar Pedro João. E para que isso funcione... João Pedro precisa morrer."

Eu o encarei, chocada. "Você está louco? Você quer forjar a própria morte? E quanto a nós? E quanto a Sofia?"

Seu rosto se tornou frio. "Você não entende, Luz. Isso é maior do que nós. Ana Lúcia precisa de mim. A empresa precisa de mim."

"E eu? E sua filha?", gritei, sentindo o pânico crescer.

"Você vai ficar bem. Como viúva de João Pedro, você terá uma pensão. Sofia estará segura."

"Eu não quero uma pensão! Eu quero você!", eu chorei.

Ele me olhou com desprezo. "Pare de ser egoísta, Luz. Já está decidido."

Ele se virou e saiu, me deixando com o coração em pedaços e uma filha que logo perderia o pai.

Depois, vieram os piores dias da minha vida.

A humilhação pública. As acusações falsas.

Lembro-me de Ana Lúcia, com um sorriso de escárnio, testemunhando no tribunal que me viu com outros homens.

Lembro-me de Dona Rosa, a mãe deles, dizendo ao juiz que eu era uma mãe instável e negligente.

Lembro-me do olhar de terror nos olhos de Sofia quando os oficiais do tribunal a levaram para longe de mim.

E lembro-me da dor física. Dos chutes, dos socos, do sangue em minha boca quando me espancaram no beco.

Tudo isso inundou minha mente enquanto eu chorava nos braços do assassino da minha vida passada.

"Vai ficar tudo bem, Luz. Eu cuidarei de você e de Sofia", ele sussurrou em meu ouvido.

Eu me afastei dele, enxugando as lágrimas.

"Obrigada, Pedro João. Você é tão bom."

Eu sabia que ele não cuidaria de mim. Ele me destruiria.

Mas desta vez, eu estava preparada.

Desta vez, eu seria a caçadora, e não a presa.

Ele queria jogar um jogo?

Ótimo.

Eu jogaria também. E eu venceria.

"Preciso ver o corpo", eu disse com a voz fraca. "Preciso me despedir."

O pânico brilhou em seus olhos por uma fração de segundo antes que ele o escondesse.

"Luz, não é uma boa ideia. O acidente... foi muito feio. O corpo está irreconhecível. É melhor você se lembrar dele como ele era."

"Eu não me importo!", insisti. "Eu preciso vê-lo. É meu direito."

Ele hesitou, claramente pego de surpresa.

"Vou... vou ver o que posso fazer. Agora descanse. Você precisa ser forte... por Sofia."

Ele se virou e saiu apressado do quarto, claramente para consultar sua cúmplice, Ana Lúcia.

Eu me recostei nos travesseiros, o coração batendo forte.

O jogo havia começado.

E eu não perderia minha filha novamente.

Eu não perderia minha vida novamente.

Eu faria com que eles pagassem por cada lágrima, por cada gota de sangue, por cada pedaço da minha alma que eles arrancaram de mim.

A vingança seria doce.

Tão doce quanto os bolos que eu costumava fazer.

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