A voz irritada de João Pedro, meu marido, ecoava pelo saguão do aeroporto enquanto a crise de saúde global se agravava lá fora.
Ele insistia em esperar por Mariana, sua amiga, ignorando os avisos do piloto e o pânico crescente das outras famílias.
Era o dia em que tudo desmoronou na minha vida passada.
Naquela vida, eu cedi à sua manipulação, esperando por ela, por um capricho egoísta.
Minha recompensa?
Fui usada como bode expiatório, humilhada publicamente e culpada por todos.
Ele transferiu todas as minhas ações da empresa da minha família para o nome dele, e meu pai, com o coração fraco, não suportou a notícia e faleceu.
Minha mãe adoeceu de tristeza, e eu, sem nada, acabei com minha própria vida.
Mas, de alguma forma, eu estava de volta.
De volta ao mesmo aeroporto, ao mesmo dia fatídico.
Minhas mãos estavam lisas, sem as cicatrizes da miséria que viria.
Eu não era mais a Ana Beatriz ingênua e apaixonada.
Meu peito encheu-se de uma raiva fria e determinada, lembrando da dor aguda da traição.
Desta vez, não haveria sacrifício.
Não haveria perdão.
Haveria apenas vingança.