A Farsa do Amor Perfeito
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Capítulo 2

Pedro finalmente chegou ao hospital, horas depois. Ele entrou no quarto correndo, com o rosto pálido e uma expressão de desespero que, por um momento, pareceu genuína.

"Ana! Meu amor, o que aconteceu? Eu estava em uma reunião, meu celular estava no silencioso. Me perdoa, eu deveria estar aqui."

Ele se aproximou da cama, segurando minha mão. Suas mãos estavam frias. Ele olhou para o meu corpo, para os curativos, para os aparelhos que monitoravam meus sinais vitais. Seus olhos se encheram de lágrimas.

"Como você está? Os médicos disseram que você precisava de uma cirurgia. Por que não me esperaram? Eu teria assinado qualquer coisa!"

Sua preocupação parecia tão real, tão intensa. Ele examinava cada centímetro do meu rosto, como se procurasse por algum ferimento escondido. Aquele era o Pedro que eu conhecia, o homem que sempre cuidou de mim com um zelo quase exagerado. Mas agora, depois de ver aquela imagem, sua atuação parecia grotesca.

A cena do vídeo viral não saía da minha cabeça. Pedro de joelhos. Clara sorrindo. O anel brilhando. A pergunta que queimava na minha garganta era: "O que significa aquilo, Pedro?" . Eu queria gritar, queria confrontá-lo, queria jogar a verdade na sua cara.

Mas eu não consegui. As palavras não saíam. Olhei para o rosto dele, para a angústia encenada, e uma onda de náusea me atingiu. Eu me senti fraca, exausta. A dor da traição era tão avassaladora que me paralisava. Decidi engolir a pergunta, guardar a dor para mim, pelo menos por enquanto. Eu precisava de tempo para entender, para processar o tamanho do engano em que eu vivia.

"O bebê..." , foi a única coisa que consegui sussurrar, com a voz rouca.

O rosto de Pedro se contraiu em uma máscara de ainda mais preocupação.

"O médico disse que está tudo bem. Foi um milagre. Você é forte, Ana. E o nosso filho também."

Ele acariciou minha barriga com uma delicadeza que me revirou o estômago. "Nosso filho" . A palavra soava como uma mentira. De quem era aquele filho? De Ana e Pedro? Ou da substituta e do homem que amava sua irmã?

Eu fechei os olhos. A exaustão era imensa. Eu não queria mais ouvir sua voz, não queria mais sentir seu toque. A imagem do casal perfeito que ele tanto se esforçava para manter tinha se quebrado em mil pedaços, e eu não tinha mais forças para tentar colar os cacos.

"Estou cansada, Pedro. Só quero dormir."

Ele pareceu entender, ou fingiu que entendeu.

"Claro, meu amor. Descanse. Eu vou ficar aqui, ao seu lado. Não vou sair daqui por nada."

Ele ajeitou meu travesseiro e me cobriu com o lençol. Seus gestos eram os mesmos de sempre, mas agora pareciam vazios, mecânicos. Eu não perguntei onde ele estava. Não perguntei por que ele e Clara não atendiam o telefone ao mesmo tempo. Eu não precisava mais de explicações. A imagem naquele celular já tinha me dado todas as respostas. Eram respostas que eu não queria, mas que agora eu precisava aceitar. O meu casamento perfeito era uma farsa, e eu era a última a saber.

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