A Farsa do Amor Perfeito
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Capítulo 4

Assim que a porta se fechou, meu sorriso desapareceu. Peguei o envelope com o acordo de divórcio assinado e o guardei em um lugar seguro. Peguei minha bolsa e saí de casa, caminhando rapidamente em direção ao cartório mais próximo para reconhecer firma da assinatura dele. Eu precisava agir rápido, antes que ele pudesse desconfiar de algo.

Enquanto eu esperava na fila do cartório, meu celular vibrou. Era Pedro. Ignorei. Ele ligou de novo. Ignorei novamente. Uma mensagem chegou logo em seguida.

"Amor, desculpa não poder almoçar com você. Tive um imprevisto urgente na empresa. Te amo."

Olhei para a mensagem e senti um gosto amargo na boca. "Imprevisto urgente" . Eu sabia que tipo de imprevisto era.

Mal saí do cartório e meu celular tocou de novo. Desta vez, não era Pedro. Era um número desconhecido. Hesitei por um momento, mas atendi.

"Alô?"

"É a Ana? Esposa do Pedro?" Era uma voz feminina, ofegante.

"Sim, sou eu. Quem fala?"

"Meu nome é Sofia, sou assistente da Clara. Ela passou mal aqui na galeria, desmaiou. Estamos a caminho do hospital. O Pedro não atende o telefone, você pode avisá-lo?"

Meu coração gelou. Clara havia passado mal. E Pedro, que supostamente tinha um "imprevisto urgente na empresa" , não atendia o telefone. A mentira era tão óbvia, tão descarada.

"Claro, eu aviso. Para qual hospital vocês estão indo?"

A moça me deu o nome do hospital e desligou. Fiquei parada no meio da calçada, processando a informação. Então o "imprevisto" dele era correr para o lado de Clara. A urgência dele era ela. Sempre ela.

Voltei para casa o mais rápido que pude. O plano original era sair de casa hoje mesmo, mas algo mudou. A ligação da assistente de Clara me deu uma nova direção. Eu precisava de mais provas. Eu precisava entender a extensão completa dessa farsa.

Entrei em casa e fui direto para o escritório de Pedro. Era o seu santuário, o lugar onde ele passava horas trancado, dizendo que precisava de concentração total. Ele sempre me disse para não mexer em nada, pois seus papéis de trabalho eram muito importantes e confidenciais. A porta estava sempre trancada.

Mas eu sabia onde ele guardava a chave reserva. Embaixo de um vaso de plantas falso no corredor. Peguei a chave, meu coração batendo forte contra as costelas. Girei a chave na fechadura e a porta se abriu com um clique suave.

O escritório era impecável, organizado de uma forma quase obsessiva. Livros alinhados por cor, papéis empilhados em ângulos perfeitos. Mas eu não estava interessada na sua organização. Meus olhos foram direto para o cofre de parede, escondido atrás de um quadro de paisagem sem graça.

Pedro uma vez me disse, em um momento de descuido, que a senha era a data mais importante da vida dele. Na época, eu sorri, pensando que era a data do nosso casamento. Tentei. Acesso negado. Tentei a data do meu aniversário. Acesso negado.

Então, com um aperto no peito, digitei a data de aniversário de Clara.

O cofre se abriu com um bipe eletrônico.

A verdade estava ali, a apenas alguns centímetros de distância, esperando para ser descoberta. Respirei fundo e abri a porta de metal pesado.

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