Esta era a décima vez que Sofia acordava naquele quarto luxuoso.
A missão flutuava em letras azuis translúcidas: [Reconquistar o amor de Ricardo].
Simples, direto, impossível. Ela já havia morrido nove vezes, cada uma mais brutal que a anterior, orquestrada pelo mesmo homem que supostamente deveria amar.
Ele a empurrou da escada, a deixou congelar, sabotou seus freios, a afogou.
Envenenou-a, a deixou em um incêndio, a entregou a homens cruéis. As mortes se tornaram um borrão de humilhação e agonia, todas justificadas por uma suposta "traição" com Juliana.
Ela se humilhava, pedia perdão por crimes que não cometeu, absorvendo o desprezo dele.
"Você ainda está aqui?" Sua presença me dá nojo."
"Olhe para você. Patética."
O sistema dizia que o amor dele a libertaria, uma lógica doentia que ela seguiu, até que, em sua décima tentativa, o mundo piscou.
Uma falha no sistema a fez ver através dos olhos de Ricardo, revelando sua dor profunda e uma promessa de vingança eterna para alguém que não era ela.
"Eu sinto tanto a sua falta. Eu juro que vou fazê-la pagar. Ela vai sentir tudo o que você sentiu. Vez após vez. Para sempre."
Não era amor, mas ódio, um teatro de vingança.
Ele se lembrava de cada ciclo, cada morte.
A verdade a atingiu com a força de um trem: ela era um brinquedo nas mãos de um louco em luto.
"O que foi? Viu um fantasma?"
Não havia amor para reconquistar, apenas ódio.
Uma raiva fria brotou. A jaula se mostrou, e a única saída não era agradar o carcereiro, mas destruir a jaula.
Ela riu, um som seco.