Sua voz era tão gelada que ela recuou instintivamente.
Gustavo, superando o choque inicial, ficou vermelho de raiva.
"Você está louco? Você o atacou!" Ele apontou um dedo trêmulo para Pedro. "Você vai para a cadeia por isso! Seguranças! CHAMEM OS SEGURANÇAS!"
Dois dos amigos de Gustavo, encorajados por seu grito, decidiram bancar os heróis. Eles avançaram sobre Pedro por ambos os lados.
Pedro nem se virou. Ele se moveu com uma fluidez e precisão que eram quase hipnóticas. Quando o primeiro homem tentou agarrá-lo, Pedro girou, usando o impulso do homem contra ele mesmo, e o jogou de cabeça contra a parede. O som de osso batendo em gesso ecoou pela sala, e o homem deslizou para o chão, inconsciente.
O segundo agressor hesitou por uma fração de segundo, o que foi tempo suficiente para Pedro. Ele avançou, agarrou o braço estendido do homem, torceu-o em um ângulo antinatural e o chutou na parte de trás do joelho. O homem gritou de dor quando seu joelho cedeu e ele caiu de joelhos. Pedro finalizou com um golpe rápido na nuca, e o segundo homem se juntou ao primeiro no chão.
Tudo aconteceu em menos de cinco segundos.
A sala agora estava cheia de medo. As mulheres recuaram para um canto, os rostos pálidos de horror. Gustavo olhou para seus amigos caídos e depois para Pedro, a arrogância em seu rosto substituída por um medo genuíno.
"Você... você é um monstro", gaguejou Gustavo.
Pedro deu um passo em direção a ele. Gustavo recuou, tropeçando nos próprios pés.
"Eu te avisei para sair do meu caminho", disse Pedro, a voz baixa e ameaçadora.
"Meu tio... meu tio é Ricardo Santos", gaguejou Gustavo, tentando usar seu último trunfo. "Ele é um delegado da polícia! Ele vai acabar com você!"
Pedro parou e um sorriso frio tocou seus lábios. Um sorriso que não alcançou seus olhos.
"Ricardo Santos? O delegado do 15º distrito? Eu o conheço. Um homem muito... flexível. Tenho certeza de que ele ficará fascinado ao ouvir sobre as... atividades de seu sobrinho."
A menção casual do distrito de seu tio e o tom de Pedro fizeram Gustavo estremecer. Como um simples programador saberia disso?
Aproveitando a hesitação de Pedro, Gustavo gritou para os outros homens na sala, que até então estavam apenas assistindo, paralisados. "O que vocês estão esperando? Ajudem-me! Peguem ele!"
Três outros homens, movidos mais pelo medo de Gustavo do que pela coragem, avançaram relutantemente.
Foi um massacre.
Pedro se moveu entre eles como um fantasma. Um cotovelo no queixo de um, um joelho no estômago de outro, uma rasteira que derrubou o terceiro. Ele não usou socos, apenas golpes precisos e incapacitantes que visavam articulações e pontos de pressão. Era brutal, eficiente e aterrorizante de assistir.
Em menos de um minuto, todos os homens na sala, exceto Pedro e Gustavo, estavam gemendo no chão. A suíte de luxo parecia uma zona de guerra. Móveis virados, vidro quebrado e corpos espalhados.
Pedro se virou e caminhou lentamente em direção a Gustavo, que agora estava encurralado contra a parede, tremendo incontrolavelmente.
"Agora", disse Pedro, a voz calma, o que a tornava ainda mais assustadora. "Onde estávamos?"
Sofia correu e se colocou entre os dois, os braços estendidos.
"Pedro, pare! Por favor! Chega!" ela implorou, o rosto banhado em lágrimas. "Peça desculpas, Pedro. Peça desculpas a eles e vamos embora. Por favor, antes que alguém chame a polícia!"
Pedro olhou para ela, para o desespero em seus olhos. Ela ainda não entendia. Ela ainda o via como o culpado, o único que precisava se desculpar.
Ele sentiu um cansaço avassalador.
"Sofia", disse ele, a voz fria como o ártico. "Eu vou te dar uma última chance. Uma chance de descobrir quem eu realmente sou. Quem é o homem com quem você se casou."
Ele a contornou, ignorando seu apelo, e parou na frente de Gustavo.
Ele não o tocou. Ele apenas o olhou nos olhos.
"Você quer chamar a polícia? Por favor, chame. Mal posso esperar para contar a eles tudo sobre esta noite."
Ele se virou para Sofia, seu olhar varrendo a sala destruída e as pessoas aterrorizadas.
"Você queria saber por que eu estava aqui? Eu estava aqui para encontrar um homem. Um homem muito importante. O convidado de honra que Gustavo estava tão ansioso para impressionar."
Ele fez uma pausa, deixando suas palavras pairarem no ar.
"O que você não sabe, Sofia, é que esse homem... sou eu."