Destruição de Obras, Destruição de Alma
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Capítulo 4

Na manhã seguinte, antes de Ana partir para a casa do Dr. Ricardo, a Sra. Silva a chamou para uma conversa particular na cozinha. Seu tom era meloso, completamente diferente do desprezo habitual.

"Ana, querida", começou ela, torcendo um pano de prato nas mãos. "Eu sei que as coisas foram... difíceis. Mas quero que saiba que sempre a consideramos da família."

Ana apenas a observou, sem dizer nada.

A Sra. Silva então abriu uma gaveta e tirou uma pequena caixa de veludo.

"Isto era da minha mãe", disse ela, a voz embargada de uma emoção falsa. "É um colar de pérolas. Eu quero que você fique com ele. Como um símbolo do nosso... afeto."

Ela abriu a caixa, revelando um colar simples, mas genuíno. Era, de longe, o objeto mais valioso que Ana já tinha visto naquela casa. Ana sabia que aquilo não era um presente. Era um investimento. Uma tentativa desesperada de manter uma conexão caso ela se tornasse, de fato, a herdeira de uma fortuna.

No seu sonho, ela aceitava o colar, comovida pelo gesto. Mais tarde, Patrícia a acusava de tê-lo roubado, e a Sra. Silva, para se salvar, confirmava a mentira.

Desta vez, Ana sorriu docemente.

"Sra. Silva, eu não posso aceitar. É uma herança de família. Deve ficar com você."

Ela fechou a caixa e a empurrou de volta para a mão da mulher.

"O afeto de vocês já é o suficiente para mim."

A Sra. Silva ficou visivelmente desapontada, mas não podia forçá-la.

Mais tarde, quando o carro do Dr. Ricardo parou em frente à casa, todos saíram para se despedir. Patrícia, querendo se mostrar generosa na frente do Dr. Ricardo, que viera pessoalmente buscar Ana, apareceu com uma caixa de presente.

"Ana, eu sei que fui um pouco dura ontem. Quero me desculpar. Comprei isto para você."

Ela entregou a caixa a Ana. Era um broche, obviamente caro.

Enquanto Ana segurava o presente, Patrícia se virou para o Dr. Ricardo e disse, com um sorriso radiante:

"A Sra. Silva me deu um colar de pérolas lindo esta manhã. Ela disse que era uma herança de família e que queria que eu o tivesse, para me sentir bem-vinda."

Ela abriu a bolsa e mostrou o colar que Ana havia recusado.

O silêncio foi ensurdecedor. O rosto da Sra. Silva passou por uma dúzia de cores diferentes. Ela estava presa. Negar daria a impressão de que ela rejeitava Patrícia. Confirmar a faria parecer terrivelmente insensível com Ana.

Foi o Sr. Silva quem quebrou o silêncio, com sua falta de tato habitual.

"Que colar? Esse é o colar que você tentou dar para a Ana e ela não quis!", ele disse para a esposa, completamente alheio à situação.

A mentira de Patrícia foi exposta de forma brutal e humilhante. Ela ficou sem palavras, o rosto queimando de vergonha na frente do Dr. Ricardo, que observava tudo com uma expressão divertida.

Ana sentiu uma onda de satisfação. Era ainda melhor do que ela havia planejado. Ela olhou para Patrícia, que agora parecia pequena e patética.

"Fique com o broche, Patrícia", disse Ana, devolvendo a caixa. "Acho que você vai precisar mais do que eu."

Ela então se virou, entrou no carro de luxo do Dr. Ricardo e não olhou para trás. Ao seu lado, no banco de trás, estava a esposa dele, que lhe deu um sorriso gentil.

"Bem-vinda à família, Ana", disse ela.

Pela primeira vez em muito tempo, Ana sentiu que estava indo para casa. A viagem para a mansão do Dr. Ricardo foi silenciosa, mas confortável. Era o começo de uma nova vida, longe da exploração e da dependência. Uma vida onde seu talento seria celebrado, não explorado.

                         

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