"O destino" , dizem, "é a soma de todas as nossas escolhas." Mas, para mim, parecia uma piada sádica.
Eu estava curvada de dor, implorando ajuda ao meu marido Lucas, que estava a quilômetros de distância.
Eu sussurrei o nome dele, mas sua voz ao telefone era de pura irritação, abafada pelas risadas e música de fundo.
"Sofia? O que foi agora? Estou no meio de algo muito importante", ele disse, antes de eu sequer terminar de pedir por socorro.
A "outra" , Isabella, a quem ele chamava de "melhor amiga" , riu ao fundo.
Ele desligou, me deixando sozinha e sangrando, enquanto eu me agarrava à última esperança de que era apenas uma cólica forte.
Mas essa "cólica" levou embora o nosso bebê. O filho que ele nem sabia que existia.
No hospital, enquanto eu estava em pedaços, ele chegou com cheiro de álcool e do perfume de Isabella, e me entregou a pá de cal.
"Divórcio? Você não consegue viver sem mim, Sofia. Você precisa de mim. Você tem quase trinta anos. Quem vai te querer agora? Uma artista fracassada, amarga e cheia de rugas."
E como se não bastasse a humilhação, ele levou Isabella para casa, para a nossa casa, logo depois da minha alta.
Lá, ela estava, usando uma camiseta dele, com um sorriso vitorioso.
Ele me disse que o apartamento dela havia tido um vazamento. Mas o pacote de preservativos no lixo do banheiro me contaram a verdade.
Eu vomitei, e a reação dele foi aterrorizante.
"Peça desculpas a ela, Sofia", ele exigiu, e ao me recusar, ele me agarrou, me arrastou e me trancou em um depósito escuro.
Ainda se ouvia a risada dela, junto do som que quebrou meu coração.
Eu estava casada com um monstro, e ele tinha uma cúmplice.
Enquanto eu estava lá, trancada, com a dor do aborto rasgando minha alma, eles estavam no nosso quarto, na nossa cama.
Mas esse não foi o fim da minha história. Foi o começo.
Eu tinha perdido tudo, mas ganhei algo em troca: a clareza e a determinação de me reerguer, não para sobreviver, mas para prevalecer. E eles iriam pagar por cada lágrima.