A Vingança da Prima Invejada
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Capítulo 4

A "parceria de negócios" entre Clara e Ricardo se tornou a desculpa para tudo. Eles estavam sempre juntos, em reuniões com "patrocinadores" , sessões de fotos para "campanhas" , jantares para "networking" . As redes sociais de Clara eram um fluxo constante de conteúdo dos dois, sempre sorrindo, sempre bem-sucedidos, sempre juntos. Eu me tornei uma nota de rodapé na história deles, a ex-namorada que foi graciosamente deixada para trás.

Ricardo ainda tentava manter as aparências comigo. Ele me ligava, mandava mensagens, dizia que sentia minha falta.

"Isso tudo é só trabalho, Sofia. Você sabe disso. O que nós temos é real."

A hipocrisia dele era sufocante.

"O que nós temos, Ricardo, é um contrato. E você não está cumprindo sua parte" , eu respondi friamente em uma das ligações.

"Como não? Eu estou fazendo exatamente o que você queria! Ela está obcecada por mim. Ela acha que me roubou de você. O plano está funcionando!"

"O plano era você ser a isca, não o sócio dela. Você se deixou levar pela ganância."

"É uma oportunidade de ouro, Sofia! Você não entende? O dinheiro, a fama... Isso pode mudar a minha vida!"

"Eu entendo perfeitamente" , eu disse, e desliguei.

A dor era uma companheira constante. Vê-los juntos, felizes e bem-sucedidos, enquanto eu estava nos bastidores, orquestrando a queda deles, era um tormento. Havia momentos em que eu duvidava de tudo, em que a vontade era de largar tudo e me mudar para outra cidade, para longe da toxicidade da minha família. Mas então eu me lembrava do olhar de desprezo de Clara, da voz decepcionada da minha mãe, de todas as pequenas humilhações que se acumularam ao longo dos anos. E a determinação voltava, mais forte do que antes.

Eu passei noites em claro no meu laptop, mergulhando fundo na internet. Eu não estava procurando por podres de Ricardo. Eu já os conhecia. Eu estava procurando pelas vítimas de Clara. Pessoas que ela tinha usado e descartado antes de se tornar uma grande influenciadora. Eu vasculhei fóruns antigos, perfis de redes sociais desativados, blogs esquecidos.

E então, eu encontrei.

Era um post em um blog de 2015. O título era "Como sobrevivi a um furacão chamado C." . O autor era um fotógrafo chamado Marcos. No post, ele descrevia, com detalhes dolorosos, como se apaixonou por uma aspirante a influenciadora digital. Como ela o convenceu a investir todas as suas economias na carreira dela, a fazer empréstimos em seu nome, a comprar equipamentos caros. E como, assim que ela conseguiu seu primeiro grande contrato, ela o deixou, endividado e com o coração partido.

Ele não mencionava o nome de Clara, mas os detalhes eram inconfundíveis. A cidade, a época, a descrição da ambição implacável dela. Era ela.

Eu encontrei o perfil profissional de Marcos. Ele tinha se reerguido. Era um fotógrafo de sucesso agora, especializado em fotografia de natureza. Ele morava em outra cidade, longe do mundo superficial que quase o destruiu.

Hesiitei por um longo tempo. Entrar em contato com ele significava arrastá-lo de volta para um passado doloroso. Mas ele era a única peça que faltava no meu quebra-cabeça. Eu precisava de um aliado, alguém que entendesse a verdadeira natureza de Clara.

Com as mãos trêmulas, eu escrevi um e-mail.

"Prezado Sr. Marcos,

Meu nome é Sofia. Eu li um post antigo em seu blog sobre uma experiência que você teve. Acredito que conhecemos a mesma pessoa. Eu estou em uma situação complicada e acho que você pode ser o único que entenderia. Gostaria de conversar?"

Enviei o e-mail e fechei o laptop, o coração batendo forte no peito. Eu não sabia se ele responderia. Eu não sabia se ele me acharia louca. Mas eu tinha que tentar.

Dois dias se passaram. Dois dias de silêncio torturante. Eu já estava perdendo as esperanças quando meu telefone tocou. Era um número desconhecido.

"Alô?"

"É a Sofia?" , uma voz masculina perguntou.

"Sim."

"Aqui é o Marcos. Eu recebi seu e-mail. Onde podemos nos encontrar?"

                         

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