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Acordo com barulhos vindo da porta. Olho ao redor do quarto e vejo uma janela. Sem pensar duas vezes, pego minha mochila e pulo por ela.
Talvez tudo esteja confuso para você, então deixa eu explicar.
Meu nome é Keyti Consul. Estou fugindo do meu pai - sim, do meu próprio pai.
Ele quer me matar desde que descobri quem ele realmente é. Resumindo? Um homem rico e cruel.
Há dois meses, descobri que ele está envolvido com tráfico de pessoas. Enfrentei ele e o ameacei entregar tudo à polícia. Desde então, ele colocou um preço na minha cabeça. Agora, tudo o que faço é me esconder. Sobreviver.
Corro pelas calçadas daquela cidade imensa, sem olhar para trás, sem saber se estou sendo seguida.
Só o que consigo pensar é: estou viva por um fio. E essa sensação... é aterrorizante.
Viro a primeira esquina e me enfio em um beco escuro, tentando usar a escuridão da madrugada a meu favor. Me escondo atrás de um latão de lixo, ofegante.
De repente, ouço vozes.
- Ora, ora... Oi, gatinha. Veio brincar logo aqui?
Olho assustada.
- N-não... eu já estou de saída.
Tento me afastar, mas outro homem, enorme, bloqueia minha saída.
- Ah, você não vai a lugar nenhum.
Sinto mãos fortes apertando meus braços.
- Me solta! SOCORRO!
Grito. Então, um disparo ecoa no beco. Um grito. Um dos caras cai no chão.
Olho na direção do tiro.
Era ele.
O homem que meu pai mandou para me matar.
Meu coração acelera. É o fim. Ele vai me matar aqui mesmo. Vai deixar meu corpo nesse beco sujo e fedorento, junto com esses dois idiotas.
Engulo o choro.
Mas então ele fala:
- Keyti, me poupe dos seus dramas. Venha comigo. Temos assuntos a resolver.
Fala enquanto mexe na sua arma
- Solta ela.
O homem me larga.
Mas antes que eu consiga sequer respirar aliviada... ele me adverte com o olhar.
E agora... o que eu faço
- E você... fique parada se não quiser seus miolos espalhados no chão.
Fico sem alternativa. Ele se aproxima e me algema com firmeza.
- Agora você vem comigo.
Caminhamos até um carro estacionado ali perto. Eu não sei se fico aliviada por ter me livrado daqueles dois ou ainda mais apavorada por estar nas mãos dele.
No carro, o silêncio pesa. Depois de alguns minutos, não aguento e pergunto:
- Pra onde estamos indo?
- É melhor você não saber.
- Mas eu quero saber.
Ele apenas me encara pelo retrovisor. O olhar dele é vazio, frio. Aquilo me dá calafrios.
A viagem parece eterna - dia e noite cruzando estradas. Finalmente, entramos por um caminho deserto. Nada ao redor. Só poeira e silêncio.
Ele estaciona. Sai do carro, dá a volta e abre minha porta.
- Sai.
- Onde estamos?
- Longe.
- Longe? Como assim "longe"?
Ele apenas aponta com o queixo para uma casa velha, alguns metros adiante.
- Vamos. Entra.
Sigo com o coração disparado.
Dentro da casa, meu olhar é atraído por uma mesa coberta de armas, facas e espadas. Cada uma mais afiada que a outra.
- Você vai me matar? - pergunto, com a voz falhando.
Ele ri de canto.
- Achei que era um passeio?
- Eu... só achei que você fosse uma pessoa boa...
- Boa? Garota, eu sou um assassino. Mato por dinheiro. Quem paga mais, leva.
Ele dá um sorriso frio. Os olhos sem arrependimento algum.
- Você tem dinheiro... pra comprar a própria vida?
Baixo a cabeça.
- N-não...
- Foi o que eu pensei.
Ele vai até uma porta e a abre. É um porão. Escuro, úmido.
Depois, caminha até mim e puxa uma faca do cinto. Aponta para mim, sorrindo de um jeito que congela meu sangue.
- Mas pra sua sorte...
Hoje não.
Não agora.