A Decepção Dele, a Redenção Dela
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Capítulo 2

Ricardo entrou no momento exato em que Larissa se atrapalhava com os botões da camisa dele, uma expressão de puro choque no rosto.

"Laura, que diabos está acontecendo?", ele exigiu. Seus olhos estavam em mim, cheios de desaprovação. "Você está perturbando a Larissa. Não vê que ela está grávida?"

Ele estava usando a gravidez dela como um escudo, assim como ela fazia.

"Eu vejo que ela está usando a sua camisa, Ricardo", respondi, sem desviar o olhar de Larissa. "Na nossa cozinha. Como se pertencesse a este lugar mais do que eu."

"É só uma camisa! Pelo amor de Deus, seja razoável." Ele deu um passo em minha direção. "Os hormônios dela estão uma bagunça. Você é mulher, deveria entender. Tenha um pouco de compaixão."

"Minha compaixão acabou ontem à noite, quando você estava massageando os pés dela", disparei de volta. Minha voz estava ficando mais alta. "Esta é a minha casa. O meu casamento. E eu cansei de dividir."

Ricardo agarrou meu braço. Seu aperto era forte. "Pare com isso. Você está fazendo uma cena."

"Me solta", eu disse, com os dentes cerrados.

Ele me ignorou. "Estou fazendo isso pelo meu irmão", ele disse, a voz baixa e intensa. "Este é o bebê dele. É meu dever cuidar deles. É a última parte dele que nos resta."

Ele continuava repetindo aquilo, "meu dever", "meu irmão", como se isso desculpasse tudo. Como se meus sentimentos fossem um inconveniente para o seu nobre sacrifício.

"Então você pode cumprir seu dever em outro lugar", eu disse, puxando meu braço com força. "Nós vamos nos divorciar."

Ele realmente riu. Foi um som curto, agudo e incrédulo. "Divórcio? Não seja ridícula. O que você quer? Mais dinheiro? Um carro novo? Tudo bem. Eu te compro um carro novo. Apenas pare com essa palhaçada."

Ele achava que podia comprar meu silêncio. Comprar minha submissão. Como sempre fez.

Pelo canto do olho, vi Larissa deslizar para o lado dele. Ela colocou uma mão suave em seu braço.

"Ricardo, não fique bravo com ela", ela sussurrou, com a voz trêmula. "A culpa é minha. Estou causando tantos problemas. Eu deveria saber que isso seria muito difícil para a Laura."

Seus olhos estavam cheios de lágrimas de crocodilo. Ela olhou de Ricardo para mim, a imagem perfeita de uma vítima triste e incompreendida.

"Talvez eu devesse ir embora", ela disse, com a voz embargada. "Não suporto ser o motivo do fim do seu casamento."

Ela começou a chorar, soluços suaves e delicados. Ricardo imediatamente a envolveu com o braço, puxando-a para um abraço protetor. Ele me fuzilou com o olhar por cima da cabeça dela.

"Viu o que você fez?", ele sibilou.

Algo dentro de mim se partiu. Os anos de frustração silenciosa, de ser ignorada e menosprezada, vieram à tona de uma vez.

"O que eu fiz?", perguntei, minha voz perigosamente calma. "Vamos falar sobre o que você fez, Ricardo. A que horas você veio para a cama ontem à noite depois da sua conversinha com a Larissa? Meia-noite? Uma da manhã?"

Ele enrijeceu.

"E na noite anterior? E na semana anterior? Quantas noites você passou consolando ela dos 'pesadelos' dela?" Fiz aspas no ar com os dedos.

Larissa soluçou mais alto em seu peito.

"Quão normal é, Ricardo, um homem massagear os pés da cunhada? Tê-la esperando do lado de fora do banheiro por ele? Deixá-la usar as roupas dele pela casa na frente da esposa?"

Cada pergunta era uma facada, e eu podia ver que estavam atingindo o alvo. O rosto dele passou de raivoso a pálido.

"A culpa não é minha! Eu não deveria ter vindo!", Larissa lamentou, afastando-se dele. "Vou fazer minhas malas. Eu vou embora. A culpa é toda minha."

Foi uma atuação impecável. Ela estava ameaçando ir embora, sabendo que ele nunca a deixaria. Estava fazendo dele o herói que tinha que salvá-la da esposa cruel.

E, exatamente como ela planejou, Ricardo se virou para ela, toda a sua atenção focada em acalmá-la. "Não, Larissa, não diga isso. Você não vai a lugar nenhum. Esta é a sua casa agora."

Ele nem sequer olhou para mim. Era como se eu não existisse.

            
            

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