Meu coração começou a bater forte. Esvaziei toda a caixa de joias na cama, vasculhando cada peça. Tinha sumido.
Procurei nas gavetas, no armário, debaixo da cama. Um pavor gelado se espalhou por mim. Havia apenas uma outra pessoa que esteve neste quarto.
Desci as escadas furiosa. Ricardo e Larissa estavam na sala, conversando baixinho. Eles pararam quando me viram.
"Onde está?", exigi, meus olhos fixos em Larissa.
"Onde está o quê, Laura?", Ricardo perguntou, irritado. "Acalme-se."
"Meu colar", eu disse, minha voz tremendo de raiva. "O de ouro com o pingente que minha mãe desenhou. Onde está, Larissa?"
E então eu vi.
Escondido dentro da gola de sua blusa de maternidade, vi o brilho do ouro. Era o meu colar. Ela estava usando o colar da minha mãe.
"Sua...", sussurrei. "Sua ladra."
Avancei sobre ela, mas Ricardo se interpôs, agarrando meus ombros. "Laura, pare! O que há de errado com você?"
"Ela está usando o meu colar!", gritei, lutando contra ele. "Olhe! Ela está usando agora mesmo! Faça ela me devolver!"
Larissa começou a chorar. "Eu não sei do que você está falando! Ricardo comprou isso para mim! Ele disse que eu merecia algo bonito para me animar." Ela agarrou o colar protetoramente. "Ele disse que era apenas algo que ele encontrou, uma pequena lembrancinha."
"Você está mentindo!", gritei. "Minha mãe desenhou aquele pingente. Não existe outro igual no mundo. Tem as iniciais dela, 'E.M.', gravadas na parte de trás."
Ricardo olhou de mim para uma Larissa chorosa, seu rosto uma máscara de confusão e frustração.
"Larissa, apenas deixe-a ver", ele disse, com a voz tensa.
"Mas é meu! Você me deu!", ela lamentou.
"Ela não vai pegar", disse Ricardo, claramente acreditando em sua própria mentira. "Ela só quer olhar. Depois eu compro outro para ela. Eu te compro dez colares, Laura, apenas deixe isso para lá!"
Ele ainda não entendia. Não era sobre o dinheiro. Era sobre ela, tocando a memória da minha mãe com suas mãos imundas.
Larissa, lenta e relutantemente, abriu o fecho do colar. Sua mão tremia. Ela o estendeu, mas assim que eu o alcancei, seus dedos "escorregaram".
O colar caiu no chão de madeira. O delicado pingente, aquele que minha mãe havia desenhado em um guardanapo em uma lanchonete, se partiu da corrente e se quebrou em duas metades perfeitas.
O som foi mais alto que um tiro na sala silenciosa.
Por um momento, ninguém se moveu. Todos nós apenas encaramos os pedaços quebrados no chão.
Então, olhei para Larissa. Ela tinha um pequeno sorriso triunfante no rosto. Ela tinha feito de propósito.
Eu vi vermelho.
Me libertei do aperto de Ricardo e dei um tapa no rosto dela. O som ecoou na sala.
Larissa ofegou, a mão voando para a bochecha, os olhos arregalados de choque.
Antes que eu pudesse processar o que tinha feito, Ricardo me virou e me deu um tapa.
Forte.
A força do golpe me fez cambalear para trás. Minha bochecha ardia, meus ouvidos zumbiam. O choque foi uma onda fria me invadindo. Meu marido tinha acabado de me bater. Por ela.
"Nunca mais", ele sibilou, o rosto a centímetros do meu, "toque nela de novo. Um pedaço de bijuteria barata quebrada não é mais importante que ela ou o meu filho."
Meu filho. Não o filho do irmão dele. Meu filho.
Olhei para ele, olhei de verdade, e vi um estranho. O homem com quem me casei tinha sumido. Talvez ele nunca tenha existido.
Toquei minha bochecha ardendo. Então olhei para os pedaços quebrados do amor da minha mãe no chão.
"Acabou, Ricardo", eu disse, minha voz oca. "Isso terminou."