"Dra. Moraes", disse ele, sua voz um rosnado baixo. "Uma honra." Ele não se levantou.
"Não tenho tempo para joguinhos, Castilho. O que é isso?", tentei manter minha voz firme, profissional.
Ele deu um sorrisinho, tomando um gole lento de sua bebida. "Você tem classe, tenho que admitir. Seu marido está transando com uma celebridade de quinta categoria com o seu dinheiro, e você ainda está interpretando o papel da rainha de gelo inabalável."
"Foi um erro", eu disse, a mentira parecendo frágil até para os meus próprios ouvidos. "Estamos lidando com isso."
"Um erro?", ele riu, um som sombrio e sem humor. Ele gesticulou para seus seguranças. "Nos deem licença."
Os dois homens grandes assentiram e saíram, fechando as portas pesadas atrás deles com um clique suave. Agora estávamos sozinhos.
"Você acha que um único caso é o problema?", disse Dante, inclinando-se para a frente. Ele tocou em seu telefone, e a grande televisão na parede piscou e ligou.
Era um vídeo, mas este era cristalino. Era de uma câmera de segurança no que parecia ser um quarto de hotel. Heitor e Celine. Eles não estavam apenas se beijando. Estavam entrelaçados nos lençóis de uma cama.
Meu estômago revirou.
"Eu te amo", a voz de Heitor disse pelos alto-falantes da TV. Era uma declaração clara e inconfundível. "Você é tudo o que ela não é. Viva. Divertida."
As palavras me atingiram com mais força do que a imagem. Ele a amava.
"Ela é tão fria, Celine", continuou Heitor, sua voz cheia de desprezo por mim. "Tudo o que importa para ela é o trabalho. É como ser casado com um robô. Um robô brilhante e rico, mas ainda assim. Só estou com ela pela empresa. Assim que eu tiver o controle total, ela está fora."
O ar saiu dos meus pulmões de uma vez. Cambaleei para trás, agarrando o braço de uma cadeira para me firmar. A fachada de rainha de gelo se estilhaçou em um milhão de pedaços.
"Não", sussurrei, o som quase inaudível.
"Sim", disse Dante suavemente. "Ele está te enganando há anos."
Minha voz voltou, crua de fúria. "Por quê? Por que você está me mostrando isso? O que você quer?", eu era uma mulher de negócios. Eu entendia de transações. Isso era uma jogada.
"Todo mundo tem um preço, Dra. Moraes", eu disse, minha voz endurecendo. "Qual é o seu?"
"Eu quero a Solarys", disse ele simplesmente. "Ou melhor, quero me associar a ela. Sua tecnologia, meus recursos. Poderíamos enterrar a indústria de combustíveis fósseis. Começando pela da minha família."
"Você quer destruir seu próprio pai?"
"Minha madrasta", ele corrigiu. "Chantal comanda o show. E sim. Eu quero queimar o império dela até as cinzas. Mas para fazer isso, preciso tirar o Heitor do meu caminho. Ele tem feito acordos secretos com ela."
"Uma aquisição", respirei. "Você está propondo uma aquisição hostil."
"Estou propondo uma aliança", disse ele. "Você e eu. Nós o tiramos com nossos votos. Reestruturamos. Vencemos."
Balancei a cabeça. "Não. A empresa está estável. Nossas ações estão subindo. Não vou arriscar." Eu estava pensando no bebê. Nosso bebê. Eu precisava de estabilidade, não de uma guerra corporativa.
Dante pareceu ler minha mente. "Você acha que tem escolha?", ele passou para outra imagem na tela. Era um extrato financeiro detalhado.
"Esta é uma empresa de fachada registrada nas Ilhas Cayman", explicou ele, sua voz calma e letal. "Heitor tem desviado dinheiro da Solarys para esta conta nos últimos dezoito meses. Ele já movimentou mais de vinte milhões de dólares."
O número era impressionante. Era roubo em grande escala.
"Ele tem gastado", continuou Dante, passando novamente. Recibos. Um Porsche novo para Celine. Um apartamento em Miami. Um colar de diamantes que custou mais do que meu primeiro carro.
O arranhão em seu pescoço. As mentiras. O dinheiro roubado. Tudo se encaixou. Isso não foi um erro. Foi uma traição longa e calculada. Ele estava saqueando nossa empresa, nosso sonho, para financiar uma vida com outra mulher. Ele estava planejando me deixar sem nada.
O último pingo de esperança dentro de mim morreu.