Sua Decepção, o Destino Dela em Londres
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Capítulo 5

A manhã seguinte no Aeroporto de Guarulhos parecia um passo para um mundo diferente. O ar vibrava com possibilidades. Elisa se encontrou com a representante de RH de Heitor Montenegro, uma mulher alegre chamada Sara que lhe entregou um pacote de documentos e uma passagem de primeira classe.

Enquanto esperava no portão de embarque, seu celular vibrou. Era um número de São Paulo. Ela ignorou. Vibrou de novo. E de novo. Finalmente, ela atendeu, irritada.

- Elisa! - Era a assistente de Breno, Clara. Sua voz estava frenética. - Onde você está?

- Estou no aeroporto - disse Elisa calmamente.

Houve uma pausa.

- O quê? O Breno não sabe. Ele acha que você está só em um hotel, esfriando a cabeça.

Elisa sentiu uma estranha sensação de distanciamento. Era como assistir a um filme sobre a vida de outra pessoa.

- Ele está a caminho da clínica de cuidados paliativos agora mesmo - Clara continuou apressadamente. - Ele está levando o cheesecake favorito do Caio. Ele queria te fazer uma surpresa, te mostrar que se importa. Ele até adiou o grande lançamento do projeto.

O absurdo daquilo era impressionante. Um cheesecake. Ele achava que um cheesecake poderia consertar isso.

- Não somos casados, Clara - disse Elisa, a voz vazia. - Ele não precisa saber onde eu estou.

- Mas ele quer! - A voz de Clara era suplicante agora. - Ele me disse para reservar o cartório para amanhã. Ele ia te pedir em casamento.

Elisa apenas balançou a cabeça, um sorriso amargo nos lábios.

- Acabou, Clara.

Ela estava prestes a desligar quando ouviu um som abafado do outro lado, depois a voz de Breno, ríspida e confusa.

- Como assim em cuidados paliativos? Isso é para... para gente que está morrendo.

Então, a voz em pânico de Clara:

- Senhor, ela está no aeroporto! Ela está indo para Curitiba agora mesmo!

A linha ficou muda.

A chamada de embarque para seu voo para Curitiba ecoou pelo terminal.

Elisa desligou e desligou o celular, guardando-o na bolsa. Ela se levantou e entrou na fila, sua mala de mão rolando silenciosamente atrás dela.

Sara, a representante de RH, sorriu para ela.

- Pronta para um novo começo?

- Mais do que pronta - disse Elisa.

Eles estavam prestes a entregar suas passagens ao agente do portão quando uma comoção explodiu atrás deles.

- ELISA!

O nome foi gritado, um som cru e desesperado que cortou o barulho do aeroporto.

Elisa congelou. Ela não precisava se virar para saber quem era.

Breno veio correndo pela multidão, empurrando as pessoas. Ele estava sem fôlego, o cabelo uma bagunça, os olhos selvagens com um pânico que ela nunca tinha visto antes. Sua assistente o seguia, tentando se desculpar com os viajantes irritados que ele deixava para trás.

Ele parou bruscamente na frente dela, agarrando seu braço. Seu aperto era dolorosamente forte.

- Você não pode ir - ele ofegou, o peito subindo e descendo. - Eu acabei de vir da clínica. Eles me disseram... eles me contaram sobre o Caio. Por que você não me disse que era tão sério?

A pergunta era tão inacreditavelmente egoísta, tão perfeitamente Breno, que tudo o que ela pôde sentir foi um vazio profundo e arrepiante.

Ela olhou para a mão dele em seu braço, depois de volta para o rosto desesperado dele.

- Dizer a você? - ela repetiu, sua voz desprovida de toda emoção. - A última vez que o Caio esteve lúcido, ele me fez uma pergunta, Breno.

Ele a encarou, esperando.

- Ele perguntou: 'Cadê o Breno? Por que meu irmão mais velho não veio me ver?'

Ela fez uma pausa, deixando as palavras assentarem.

- O que eu deveria dizer a ele, Breno? Que o irmão dele estava ocupado demais jogando com outra mulher para se importar se ele vivia ou morria?

A cor sumiu do rosto dele. Sua mão caiu do braço dela como se tivesse sido queimada. Ele tropeçou para trás, a boca abrindo e fechando, mas nenhuma palavra saía.

Ele parecia completamente destruído.

Por um momento, ela pensou que ele poderia desmaiar.

Mas antes que pudesse, dois policiais da autoridade portuária o abordaram.

- Senhor, o senhor é Breno Vargas? - um deles perguntou, a voz firme. - O senhor está preso por direção perigosa e por abandonar seu veículo em faixa de incêndio.

Breno nem pareceu ouvi-los. Ele apenas continuou a encarar Elisa, os olhos cheios de um horror que finalmente, tarde demais, havia surgido.

Os policiais o algemaram e o levaram.

Sara, a representante de RH, olhou para Elisa com olhos arregalados e simpáticos.

- Esse é...?

- Meu ex-namorado - disse Elisa, as palavras com gosto de liberdade.

Ela se virou da cena, entregou sua passagem ao agente do portão e desceu a ponte de embarque sem olhar para trás.

                         

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