O Antídoto Dele, o Tormento Dela
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O Antídoto Dele, o Tormento Dela

Gavin
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Capítulo 1

Por cinco anos, eu fui o segredinho sujo de Heitor Ferraz. Como CEO de um império de tecnologia, ele era um rei, mas uma neurotoxina rara o transformou em prisioneiro. Minha bioquímica única era seu único antídoto, exigindo horas de contato íntimo para mantê-lo vivo.

Ele estava convencido de que fui eu quem o envenenou - uma stalker obcecada que o havia aprisionado em uma dependência nojenta.

Esta noite, ele me deu a "atenção" que, segundo ele, eu sempre implorei, transmitindo ao vivo um vídeo dos nossos momentos mais íntimos para um leilão privado.

Enquanto os lances subiam, ele me apresentou sua nova noiva, Cassandra. Ela era sua verdadeira salvadora, ele anunciou. A família dela havia desenvolvido uma cura permanente, derivada do meu próprio sangue. Depois desta noite, ele finalmente estaria livre de mim.

Ele entendeu tudo errado. Eu não nasci com o antídoto. Eu era uma bioquímica que passou um ano em um laboratório secreto modificando meu próprio código genético, me transformando em uma cura viva para salvar o homem que eu amava desde a infância.

Ele me deixou naquele quarto com a transmissão ao vivo ainda passando, sua risada ecoando pelo corredor. O amor que eu sentia por ele virou cinzas.

Eu saí, encontrei um orelhão e fiz uma ligação para a única pessoa que sabia a verdade.

"Quero que você me ajude a forjar minha morte."

Capítulo 1

Por cinco anos, o primeiro dia de cada mês era um ritual de humilhação.

Esta noite não foi diferente.

Eu estava parada no quarto frio e estéril da cobertura de Heitor Ferraz, um cômodo que eu conhecia melhor que o meu, mas que nunca poderia chamar de meu. O ar estava pesado com o cheiro de perfume caro e sua raiva silenciosa.

Ele era o CEO da FerrazTec, um rei em seu império paulistano, mas uma vez por mês, ele se tornava prisioneiro de uma neurotoxina rara.

E eu era seu antídoto.

Esse era o pacto secreto que minha família foi forçada a aceitar. Minha bioquímica única, uma peculiaridade genética de uma em um bilhão, era a única coisa que impedia o veneno de matá-lo. A cura não era uma pílula ou uma injeção. Exigia horas de contato íntimo, pele com pele, para que seu corpo absorvesse os anticorpos que o meu produzia.

Ele achava que eu tinha feito isso com ele.

Ele achava que eu era uma stalker obcecada que o havia envenenado e depois o aprisionado nesta dependência nojenta.

Essa mentira foi a razão dos últimos cinco anos da minha vida. Uma vida sendo seu segredo, sua vergonha e o alvo de todo o seu ódio.

O mundo o via como um gênio frio e poderoso. Eles me viam, Beatriz Alencar, como a mulher descarada que de alguma forma se agarrou a ele, um parasita do qual ele não conseguia se livrar. Eles sussurravam sobre mim em festas que eu era forçada a frequentar, seus olhos cheios de desprezo. Eles não sabiam que eu era a razão pela qual ele ainda estava vivo.

Eu sabia a verdade.

Eu era sua salvadora, e ele era meu carrasco.

A porta do quarto se abriu e Heitor entrou. Ele não estava olhando para mim. Seus olhos estavam fixos em uma tela enorme na parede, que até agora estava escura.

Ele segurava um tablet na mão, o polegar pairando sobre a tela.

"Um presente especial para você esta noite, Bia."

Sua voz era como gelo. Sempre era. Mas esta noite, havia uma crueldade triunfante nela que fez os pelos dos meus braços se arrepiarem.

A tela piscou e ganhou vida. Minha respiração ficou presa na garganta.

Era um vídeo meu.

Um vídeo gravado sem meu conhecimento, neste mesmo quarto. Mostrava-me em nossos momentos mais íntimos, os momentos do "tratamento". As imagens eram íntimas, vulneráveis, e agora estavam sendo transmitidas em uma tela gigantesca para ele assistir com fria indiferença.

"O que você está fazendo?" sussurrei, minha voz tremendo.

"Te dando a atenção que você sempre implorou", disse ele, um sorriso cruel nos lábios. "Isso está sendo transmitido ao vivo. Para um leilão privado."

Meu sangue gelou. Olhei para a tela, para os números dos lances subindo no canto. Pessoas estavam pagando para assistir à minha mais profunda humilhação.

"Heitor, por favor", implorei, as lágrimas embaçando minha visão. "Pare com isso. Por favor."

Ele caminhou até mim, seus passos lentos e deliberados. Ele agarrou meu queixo, forçando-me a olhá-lo. Seu aperto era dolorosamente forte.

"Parar? Por que eu pararia? Era isso que você queria, não era? Estar perto de mim, fazer parte da minha vida. Você me drogou, Bia. Você fez isso comigo. Por cinco anos, eu tive que te tocar, te suportar. Agora, você vai ter que suportar isso."

Ele se inclinou, sua voz um rosnado baixo e vicioso no meu ouvido.

"E quando eu terminar com este leilão, vou mandar o vídeo para o seu pai, que já caiu em desgraça. Deixe que ele veja no que a filhinha preciosa dele se tornou."

"Não fui eu", solucei, as palavras rasgando minha garganta. "Eu nunca fiz nada com você."

Ele me ignorou, seus olhos escuros com uma satisfação que me deixou enjoada. Ele me olhou como se eu fosse algo que ele havia raspado da sola do sapato. Ele soltou meu queixo, apenas para enfiar uma taça de vinho na minha mão.

"Beba", ordenou ele. "Você está patética."

Nesse momento, a porta se abriu novamente. Uma mulher estava parada ali, envolta em um robe de seda, seus longos cabelos caindo sobre os ombros. Era Cassandra Medeiros, a herdeira de um império farmacêutico rival.

Ela foi direto para Heitor, envolvendo os braços em seu pescoço e beijando-o profundamente, bem na minha frente.

Meu coração, que eu pensei ter se transformado em pedra há muito tempo, se estilhaçou em um milhão de pedaços.

Heitor se afastou dela, um sorriso genuíno no rosto. Era um sorriso que eu nunca tinha visto direcionado a mim.

"Bia, conheça Cassandra", disse ele, sua voz carregada de um prazer venenoso. "Minha noiva."

Ele olhou para Cassandra com adoração. "E minha salvadora. A família dela fez o que você nunca pôde. Eles desenvolveram uma cura permanente. Uma cura final, derivada do seu próprio sangue contaminado que eles vêm analisando há meses. Depois de hoje, eu finalmente estarei livre de você."

Ele voltou seus olhos frios para mim. "E eu vou me certificar de que você pague por cada segundo do inferno que me fez passar."

Eu fiquei ali, congelada, enquanto ele e Cassandra saíam do quarto, suas risadas ecoando pelo corredor.

A transmissão ao vivo na parede continuava.

Ele entendeu tudo errado. Não era minha família que tinha alguma habilidade especial e mágica. Isso era apenas uma história que os Ferraz e minha família concordaram em contar para esconder a verdade feia.

A verdade era que eu não nasci com o antídoto.

Quando soube que ele havia sido envenenado, eu, uma bioquímica, passei um ano em um laboratório secreto, um ano de experimentos agonizantes, modificando meu próprio código genético. Eu me transformei em uma cura viva, que respira. Eu fiz isso para salvá-lo.

Eu fiz isso porque o amava desde que éramos crianças.

Pensei que um dia ele descobriria a verdade e veria meu sacrifício. Pensei que ele se lembraria do menino que prometeu me proteger.

Em vez disso, ele ficou parado e deixou o mundo, e agora uma sala cheia de estranhos, me despedaçar.

Minhas lágrimas finalmente pararam. Não havia mais nada pelo que chorar.

Saí da cobertura, minha mente entorpecida. Encontrei um orelhão e fiz uma ligação.

"Arthur", eu disse, minha voz oca. Era o avô de Heitor, a única outra pessoa que sabia de toda a verdade.

"Bia? O que foi?" Sua voz estava cheia de preocupação.

"Eu não aguento mais", eu disse, as palavras mal um sussurro. "Eu desisto."

"O que você quer dizer com desiste? A cura ainda não está estável. Heitor ainda precisa de você."

"Cassandra Medeiros tem a cura. Ele está noivo dela. Ele está livre de mim." Expliquei o leilão, a humilhação pública, o golpe final e esmagador.

Houve um longo silêncio do outro lado da linha. Ouvi-o suspirar, um som pesado e cansado. "Eu sinto muito, minha filha. Pelo que minha família fez você passar."

"Acabou agora", eu disse. "Eu quero ir embora. Quero desaparecer." Respirei fundo. "Eu tenho um pedido."

"Qualquer coisa."

"Quero que me ajude a forjar minha morte."

Eu precisava apagar Beatriz Alencar do mundo.

"E Arthur", acrescentei, minha voz endurecendo com uma determinação que eu não sabia que possuía. "Quero que me prometa uma coisa. Nunca, jamais, conte a ele a verdade. Deixe que ele acredite nas próprias mentiras. Deixe que ele viva com o que fez."

Deixe que ele pense que me destruiu. Era a única maneira de eu ser verdadeiramente livre.

            
            

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