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Khloe Tucker ficou furiosa. "Solte minha mãe, Arabella! Naquela época, ela se ofereceu para cuidar de você e de Daisy com toda a gentileza, e é assim que você a retribui? Você aparece depois de passar anos sumida e age como se fosse alguma heroína? Você fugiu porque engravidou ou o quê? Que ridículo!"
Ela lançou um olhar raivoso para Arabella, mas, no fundo, esperava que Arabella ficasse. Afinal, tê-la ali significaria mais ajuda em casa.
Entretanto, Arabella não demonstrava nenhuma vontade de ficar. Sem dizer uma palavra, ela entrou na casa e deu um chute na mesa de jantar, fazendo os pratos caírem no chão e se quebrarem.
Antes que alguém pudesse reagir, ela pegou dois vasos de planta e os lançou na direção de Khloe e seu pai. Eles os atingiram em cheio, e o sangue começou a escorrer pelos rostos deles enquanto eles gritavam em espanto.
"Vocês têm um dia para sair da minha casa!", ela declarou num tom gélido e, sem esperar por uma resposta, saiu com Daisy nos braços.
Ao chegar na calçada, pegou o primeiro táxi que viu e levou a irmã para o hospital.
Enquanto isso, o caos se instalava na mansão.
"Mãe! Aquela louca me atacou! E se eu ficar com cicatrizes no rosto?", gritou Khloe aos prantos, olhando os cortes no rosto em frente ao espelho.
Vendo a filha assim, a fúria de Meagan transbordou. "Todos esses anos só serviram para deixá-la mais atrevida ainda! Se ela aparecer de novo, não terá a mesma sorte. Já nos unimos ao Grupo Norman e não somos um zé-ninguém mais. É impossível que ela consiga nos enfrentar!"
Após dizer isso, ela deu um tapinha reconfortante nas costas da filha. "Não se preocupe com isso, querida. Vou te levar ao hospital agora mesmo!"
***
No hospital, o médico que examinava Daisy franziu as sobrancelhas em perplexidade. "A perna dela está quebrada há um tempo e todo o corpo está repleto de hematomas. Alguns dos dentes estão faltando também. Que irmã deixaria algo assim acontecer?"
"A culpa é minha", Arabella respondeu baixinho.
Sua franja caía sobre os olhos, escondendo a angústia que ela sentia por dentro.
Percebendo o silêncio dela, o médico abrandou o tom: "Por enquanto, fiz o que pude. Se alguém está machucando vocês duas, você precisa denunciar. Ficar calada não vai resolver nada."
Arabella deu um aceno sutil, então foi para a cama onde Daisy estava deitada.
Com apenas dezenove anos, Daisy estava extremamente frágil. Sua estatura magra parecia não se sustentar e seus pulsos estavam lamentavelmente esqueléticos.
Seu cabelo curto estava com um corte desigual, seco e quebradiço, como se alguém tivesse passado a tesoura sem o menor cuidado.
Quando Arabella ergueu o cobertor suavemente, uma tristeza avassaladora a dominou.
A pele de Daisy revelava a tortura que vivia - marcas de chicote se espalhavam pelas suas pernas, junto às manchas escuras de queimadura nos braços. Cada cicatriz escancarava a crueldade.
Arabella sentiu seu ar se esvair e lágrimas começaram a cair pelo seu rosto.
"Bella...", chamou Daisy, sua voz quase um sussurro.
Ao ouvi-la, Arabella pegou sua mão e disse com ternura: "Estou aqui com você..."
"Eu... senti sua falta", murmurou Daisy, a voz rouca.
Arabella segurava a mão da irmã como se tentasse passar toda a segurança do mundo. "Também senti sua falta. Achei que, se eu trabalhava duro, poderia te dar uma vida melhor, mas estava errada. Eu nunca deveria ter te deixado sozinha. Juro que nunca mais vou te deixar."
O carinho na sua voz pareceu aliviar a tensão de Daisy, cujo semblante se suavizou gradualmente.
Após garantir que Daisy estava confortável, Arabella foi à recepção fazer o pagamento da internação.
"A conta já foi paga", disse a enfermeira com um sorriso gentil.
Arabella piscou, surpresa. "O quê? Quem pagou?"
Joshua passou pela sua mente, mas ela logo descartou a ideia, pois não havia como ele saber dessa situação.
"Pode verificar quem fez o pagamento?", ela perguntou.
A enfermeira balançou a cabeça apologeticamente. "Desculpe, mas essa informação é confidencial. Talvez tenha sido algum parente?"
Ao ouvir a palavra "parente", o rosto de Arabella se enrijeceu como pedra. Com um aceno breve, ela saiu sem dizer mais nada. Já que alguém havia ajudado, ela iria descobrir quem era.
Enquanto isso, no corredor, Meagan caminhava ao lado de sua filha, Khloe, que acabara de sair da sala de emergência com o rosto coberto de pontos e curativos.
"Não vou deixar Arabella escapar dessa!", Khloe disparou, a amargura em sua voz.
"Se acalme! Você vai abrir seus pontos se ficar agitada assim. Aja como sua irmã, que mantém a calma mesmo sob pressão."
As palavras pareceram animar a garota, cujos lábios se curvaram num sorriso presunçoso. "Desde que minha irmã continue se destacando, isso é tudo o que importa. Agora ela é a dançarina mais nova da Trupe de Griridge. Daisy realmente achava que poderia superá-la? Ela estava delirando! Na minha opinião, aquela perna quebrada foi só uma consequência do destino. E se minha irmã descobrir como Arabella me tratou - ah... ela acabará com Arabella!"
"Ela tem um show importante chegando, então não vamos distraí-la. Um passo de cada vez." Meagan deu um leve toque no nariz de Khloe, mas então sua expressão endureceu ao avistar Arabella à frente.
Khloe a avistou também e, só de vê-la, sua humilhação voltou, a raiva transbordando.
Sem pensar, ela pegou sua bolsa adornada com tachinhas e a balançou com toda a força em direção às costas de Arabella.
Nesse momento, os instintos de Arabella entraram em ação. Porém, assim que ela se virou, um homem alto surgiu.
Com um reflexo rápido e braços fortes, ele agarrou a bolsa pela alça num único puxão.
O puxão repentino fez Khloe perder o equilíbrio e, com um grito de pânico, ela caiu no chão.