Capítulo 7 Uma cena e tanto

Joyce olhou para Arabella como se ela fosse de outro mundo.

Elissa também olhou para Arabella, o fogo que ardia por trás de sua fachada calma a denunciando. Sua garganta ainda doía, mas o que mais a incomodava era a vergonha. No fundo, tudo o que ela queria era se levantar e atacar Arabella. Mas, por fora, apenas soltou um suspiro silencioso, como se estivesse profundamente magoada.

"Daisy, sinceramente, não sei o que aconteceu com você. Porém, se não pode ao menos nos pedir desculpas, arrume suas malas, pois você não será mais bem-vinda na minha casa!"

"Basta! Já terminamos por aqui. Daisy, arrume suas coisas e vá embora!" O reitor não pensou duas vezes antes de dispensar Arabella, balançando a mão como se ela fosse uma mosca.

Então, olhou para Elissa com um sorriso forçado. "Vocês estão todos feridos. Então vão descansar. Cuidaremos de tudo."

Joyce abriu um sorriso, sentindo que a maré finalmente estava a seu favor.

Com as cabeças erguidas, todos se levantaram para sair, como se tivessem ganhado um prêmio.

"Uma cena e tanto", ecoou a voz calma de um homem da porta, deixando todos tensos instantaneamente.

Todos os olhares se voltaram o homem, que entrou com um aspecto lustroso e o rosto esculpido como o de uma estátua - perfeito e indecifrável.

Seu traje era todo preto, mas não era um preto qualquer - era um que se expressava em silêncio. Dos sapatos à camisa com colarinho, cada peça parecia feita para deixar as pessoas desconfortáveis.

"Meu Deus..." O reitor olhou para ele como se estivesse alucinado.

Suando nervosamente, ele correu para receber o homem. "Senhor Gordon! Eu... não sabia que você viria hoje!"

Asher nem se deu ao trabalho de cumprimentá-lo.

Foi seu assistente, Dominick, que deu um passo à frente, tranquilo como sempre. "Estávamos por perto e decidimos dar uma passada. Pelo visto, as coisas estavam ficando interessantes por aqui."

Nesse momento, o celular de Arabella vibrou e ela olhou para baixo.

"Asher está com você?" Era uma mensagem do vice-diretor do departamento de dança da Universidade de Griridge.

Arabella respondeu rapidamente: "Sim, ele está aqui. Não venha."

A próxima mensagem não demorou a vir: "Está bem. Não tenho coragem de lidar com esse homem. Ele é assustador, mas justo. Você ficará bem com ele por perto."

Arabella não respondeu mais.

Tentando se manter no controle, o reitor se manifestou: "Não é nada sério, senhor Gordon. É só uma aluna causando problemas, mas já resolvemos isso, e a expulsão foi concluída."

Em seguida, ele lançou um olhar de relance para Arabella, nitidamente a culpando.

"Sério? Tão rápido?", perguntou Dominick, soltando uma risadinha sem humor.

Joyce estava com os olhos cravados em Asher, seu coração tão disparado que ela mal conseguia respirar.

Quanto à dor na perna? Desapareceu, assim como seu orgulho. Agora, tudo que ela via era ele.

"Quem é esse cara? Ele é... incrível", ela sussurrou, meio atordoada.

Igualmente abalada, Elissa respondeu baixinho: "Nunca o vi antes. Talvez ele seja assistente desse homem?"

Como Dominick havia conduzido toda a conversa, todos presumiram que ele era o superior.

Por outro lado, Asher permanecia calado, o que não condizia com o que os alunos esperavam de alguém importante.

No entanto, essa ilusão se desfez no momento em que ele se manifestou, sua voz rompendo a atmosfera da sala como uma navalha. "Expulsão? Foi essa a decisão que você tomou?"

Nesse momento, o coração de Joyce foi à garganta e suas bochechas se enrubesceram, mas ela forçou um sorriso descontraído. "Fomos muito machucados, sabe. O que acha de Daisy dar dez voltas correndo ao redor do campo enquanto nos pede desculpas? Isso é justo, não é?"

Os lábios de Asher se curvaram ligeiramente. Um vermelho intenso os tingia, conferindo-lhe um fascínio peculiar e perigoso.

"Só isso?", ele a indagou, sua voz baixa e magnética.

"Isso não... é o suficiente?", Joyce murmurou em meio à sua respiração ofegante antes de piscar para Elissa.

Elissa entendeu a dica e logo entrou no jogo: "Daisy, você realmente machucou todo mundo, então seja responsável, se ajoelhe e peça desculpas sinceras a cada um de nós."

Asher deu um aceno vagaroso, seu tom indecifrável. "Concordo."

Ao ouvi-lo, Elissa estufou o peito ligeiramente, satisfeita, porque ele estava do lado dela.

Mas, no instante seguinte, ele acrescentou num tom neutro: "Então é exatamente isso que vocês farão."

Antes que eles pudessem reagir, Dominick olhou para o reitor com uma eficiência sutil. "Você ouviu. Autorize-os a fazer isso."

O queixo do reitor caiu em descrença.

"Espere, o quê? Você quer dizer eles? Eles foram as vítimas...", ele disse confuso, apontando para o grupo de Joyce.

A expressão educada de Dominick desapareceu, sua voz seca e conclusiva. "Você acha que viemos sem saber de nada? Resolva isso e tire suas coisas do escritório."

O reitor ficou pálido como um fantasma, seus joelhos trêmulos como se fossem ceder.

O que estava acontecendo?!

Então, Dominick desviou sua atenção para o grupo. "Bem, vocês já ouviram. Se ajoelhem e peçam desculpas sinceras, um por um! Vocês têm sessenta segundos."

Imediatamente, a arrogância se esvaiu dos rostos do grupo, como se tivessem levado um choque.

Os olhos de Joyce se arregalaram em descrença. "Você quer que nos ajoelhemos para ela? Só pode estar brincando!"

Dominick pegou seu celular calmamente. "Tudo bem. Então, a partir de agora, a cada dez segundos, as ações de suas famílias cairão um por certo."

"Você está blefando!" Joyce fez um cara de escárnio.

Sua família não estava no topo, mas era influente em Griridge.

A seu ver, era impossível um cara qualquer derrubar as ações com uma ameaça!

Porém, dez segundos depois, o celular dela acendeu, e vários relatórios de ações apareceram na tela. As ações da família realmente haviam caído... Não apenas as ações da família dela, como de Elissa, de Kenzie, e até dos rapazes!

A cor se dissipou do rosto de cada um deles.

Joyce olhou para a tela, horrorizada. "Não! Como isso aconteceu?"

Em menos de um minuto, eles estavam perdendo centenas de milhões, e a queda não parava!