Capítulo 3 Pegue suas coisas e venha comigo

"Khloe!", gritou Meagan, correu para a filha e a ajudou a se levantar.

Lançando um olhar feroz para o homem que aparecera do nada, ela questionou: "Quem é você? O novo namorado de Arabella ou o quê?"

O homem nem se deu ao trabalho de responder. Seus olhos afiados não revelavam nada, frios e indecifráveis, como o mar profundo e inerte que escondia os perigos mais ocultos.

Então, ele caminhou em direção a Meagan, cada passo ressoando alto e pesado no chão do hospital silencioso.

Meagan recuou instintivamente, e seu peito se apertou, dificultando a respiração.

No fundo, algo lhe dizia que esse homem não era um estranho qualquer, mas um verdadeiro problema.

Tentando disfarçar o desconforto, ela disparou: "Arabella, você deveria pensar duas vezes antes de cruzar nosso caminho novamente. Você e sua irmã tiveram sorte de deixarmos vocês ficarem! Se algum dia quiserem voltar, cheguem na nossa casa com humildade, e talvez consideremos!"

Puxando o braço de Khloe, ela saiu furiosa.

Em silêncio, Arabella as observou indo embora.

Deixá-las ficar? Mas a casa estava no nome dela e de Daisy.

Ao olhar para o homem, ela avistou uma pistola por um instante antes de desaparecer sob seu casaco, e seus olhos se estreitarem ligeiramente.

Quem era esse cara?

Justo quando Arabella se perguntava, ele se virou e a olhou. Nesse instante, ela finalmente viu o rosto dele - incrivelmente lindo, um ar de durão, e os olhos gélidos não piscavam nem se suavizavam para ninguém.

Ele emanava uma vibração que evocava perigo - Arabella nunca tinha visto alguém assim.

Não foi à toa que Meagan fugira na primeira oportunidade, pois qualquer um com bom senso teria feito o mesmo.

"Arabella Stanley", disse ele num tom calmo e baixo, mas que continha um frio que fez a pele dela se arrepiar.

"Foi você que pagou a conta hospitalar da minha irmã, não foi?", Arabella perguntou, o observando atentamente.

Ele deu um leve aceno. "Raciocínio rápido. Pegue suas coisas e venha comigo."

Uma carranca perplexa se formou no rosto de Arabella. "O que disse?"

Quem era esse cara, aparecendo do nada com tanto mistério e arrogância?

Antes que as coisas ficassem mais tensas, outro homem, menos intimidador, mas igualmente sério, interveio. "Senhorita Stanley, me permita explicar. Este é o senhor Asher Gordon. O pai dele e seu pai serviram juntos no exército. Antes de falecer, o pai dele pediu ao senhor Gordon para cuidar de sua família. Só recentemente o senhor Gordon voltou do exército e vinha tentando te encontrar desde então."

Isso explicava a presença militar, a calma gélida e a maneira como ele se movia como alguém treinado para a guerra.

Arabella olhou para Asher mais uma vez. Agora ele não parecia tão ameaçador, apenas fechado, como alguém inacessível demais para se ter contato.

Mantendo a calma, ela perguntou: "Você tem alguma forma de provar? Qualquer um pode dizer isso."

Asher enfiou a mão no bolso e puxou uma foto desgastada, onde mostrava dois homens em uniformes sujos - um deles era o pai de Arabella, e o outro se parecia muito com ele.

Após olhar para a foto por um longo momento, ela respondeu: "Vou pensar sobre isso."

"Justo. Vamos trocar nossos contatos", Asher propôs sem rodeios.

Então, Arabella adicionou seu contato.

A foto de perfil dele no WhatsApp era só um quadrado preto, o que era hilário, pois a dela também era.

Uma estranha coincidência!

O assistente também a adicionou, se apresentando: "Sou Dominick Powell, assistente de confiança do senhor Gordon. Nos procure se precisar de ajuda com qualquer coisa, a qualquer momento."

Arabella deu um aceno. "Tudo bem."

Com isso, os dois homens se afastaram, e Arabella voltou para o quarto de Daisy.

Pouco depois, dois guarda-costas de terno apareceram na porta silenciosamente - era óbvio que foram enviados por Asher.

Sem fazer perguntas, Arabella apenas ajudou a irmã a se arrumar, trocando suas roupas e lavando seu cabelo.

Quando viu as cicatrizes e queimaduras de cigarro cobrindo o corpo de Daisy, seus olhos se encheram de lágrimas novamente.

Tentando contê-las, ela começou a aplicar seu creme caseiro nas feridas cuidadosamente, então abriu seu notebook, ansiosa para descobrir o que tinha acontecido com sua irmã.

Ela invadiu o sistema de segurança da residência e o que viu a deixou enojada.

Não fazia nem um mês que ela havia ido embora quando Daisy foi expulsa de seu próprio quarto e obrigada a dormir na casinha de cachorro.

A irmã alegre e animada de que ela se lembrava não existia mais.

Ela viu imagens de Daisy tendo que conciliar vários empregos de meio período e ainda sendo molestada.

Mesmo assim, Daisy continuou trabalhando duro e conseguiu entrar em uma das melhores universidades. Porém, no seu primeiro semestre, acabou com a perna quebrada. Como ela estudava dança, a lesão destruiu tudo o que sonhara.

O instinto de Arabella lhe dizia que a lesão na perna não tinha sido um acaso, e então as peças começaram a se encaixar. Inclusive, a irmã de Khloe, Elissa Tucker, estava no mesmo barco.

Depois disso, Daisy sequer conseguia sair de casa - passou a ser tratada como uma empregada, esfregando o chão de cada cômodo, cozinhando e ainda dormindo naquela maldita casinha de cachorro.

No entanto, toda vez que Daisy lhe mandava uma mensagem, era a mesma história: "Estou bem. Não se preocupe comigo. Cuide de você."

Com esses pensamentos girando na mente, a visão de Arabella ficou turva.

Enquanto sua irmã era destruída pouco a pouco, o negócio da família de sua tia prosperava, graças a um acordo lucrativo com o Grupo Vanguard.

Khloe, uma desistente do ensino médio, de um dia para a noite, se tornou influenciadora digital. Já Elissa, era famosa e popular na faculdade. Meagan se misturava com mulheres da elite, e seu marido se tornara um executivo poderoso.

Revoltada com essa situação, Arabella cerrou o maxilar e bateu com força na mesa, mas nem sequer sentiu dor.

Todo o dinheiro que ela trabalhara tanto para conseguir só alimentara a ganância dessa família desprezível...

O mais triste de tudo era que a única pessoa que ela jurava proteger sofrera em silêncio o tempo todo.

            
            

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