Grávida do Mafioso
img img Grávida do Mafioso img Capítulo 3 O Anúncio Público
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Capítulo 6 Entre Fantasmas e Vestidos img
Capítulo 7 À Mesa com o Don img
Capítulo 8 O Reencontro img
Capítulo 9 O Orgulho dos Zaitsev img
Capítulo 10 A Ponte Dourada img
Capítulo 11 Pétalas e Pólvora img
Capítulo 12 A Casa Que Não Tem Endereço img
Capítulo 13 O preço do sangue img
Capítulo 14 Entre paredes que respiram img
Capítulo 15 Vigília img
Capítulo 16 Café em casa sem endereço img
Capítulo 17 O que cabe num sim sussurrado img
Capítulo 18 A força que não cabe em lençol img
Capítulo 19 O peso da entrega img
Capítulo 20 Entre Silêncios e Promessas img
Capítulo 21 A Promessa no Silêncio img
Capítulo 22 Lista de Nomes img
Capítulo 23 A Primeira Porta img
Capítulo 24 O Nome que fica img
Capítulo 25 O Próximo Nome img
Capítulo 26 Um Dia Só Nosso img
Capítulo 27 Oportunidade img
Capítulo 28 Coroação da Esposa do Don img
Capítulo 29 A Noite da Coroação img
Capítulo 30 O Elo e o Mandante img
Capítulo 31 Excussão img
Capítulo 32 O Nome Suíço img
Capítulo 33 O Jantar img
Capítulo 34 O Intercepto img
Capítulo 35 O Subsolo img
Capítulo 36 O Cofre img
Capítulo 37 O Presente img
Capítulo 38 Ficar img
Capítulo 39 Ravelli img
Capítulo 40 O Último Nome img
Capítulo 41 - O Quarto de Alexei img
Capítulo 42 O Recado img
Capítulo 43 O Entregador img
Capítulo 44 Pegamos o Entregador img
Capítulo 45 O Vazio img
Capítulo 46 Calmaria img
Capítulo 47 O Inimigo ataca novamento img
Capítulo 48 Respiração img
Capítulo 49 Voz de Vingança img
Capítulo 50 O Preço da Aliança img
Capítulo 51 Piquenique img
Capítulo 52 Ainda na mesma noite img
Capítulo 53 O Vidro Partido img
Capítulo 54 Pegamos um Mexicano img
Capítulo 55 Pistas img
Capítulo 56 Confirmação img
Capítulo 57 Momento Juntos img
Capítulo 58 Encontraram o homem img
Capítulo 59 A Assinatura no Sangue img
Capítulo 60 O Laço de Sangue e Dinheiro img
Capítulo 61 O Primeiro Corte img
Capítulo 62 A Sombra no Asfalto img
Capítulo 63 Contra-fogo img
Capítulo 64 O Cerco img
Capítulo 65 Contra-pulso img
Capítulo 66 Marcação img
Capítulo 67 Consulta img
Capítulo 68 Rastro Claro img
Capítulo 69 Cerco Fechado img
Capítulo 70 Vigília img
Capítulo 71 Manhã de Cuidado img
Capítulo 72 Jogada img
Capítulo 73 O Fecho img
Capítulo 74 O Último Nó img
Capítulo 75 Nasce img
Capítulo 76 Último Silêncio img
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Capítulo 3 O Anúncio Público

Narrado por Mikhail Orlov

Dois dias. Cada minuto que passa é um golpe na pedra até a lâmina sair perfeita. O mundo inteiro pode achar que tempo é luxo, mas na minha mesa tempo é sentença. E hoje, a sentença será dada diante de todos.

A noite cai sobre Moscou como um véu de ferro. O frio corta a pele, mas não me incomoda. Estou em pé no pátio da mansão, o casaco escuro fechado até o colarinho, enquanto os motores dos carros rugem prontos para a escolta. O plano de segurança é simples: três veículos. O meu no centro. Um à frente, outro atrás. Troca de placas em menos de cinco minutos após deixar a rua principal. Drones monitorando o trajeto. Atiradores posicionados em pontos altos do bairro. Nenhum imprevisto.

Sergey se aproxima. Ombros largos, olhar de aço. Diferente dos outros, ele não precisa forçar postura. Crescemos juntos. Ele sabe quando falar, quando calar.

Sergey: Rota limpa. Drones reportam trânsito normal. Dois curiosos na esquina do prédio dela, mas já dispersamos.

Assinto. Não preciso de relatórios longos. Apenas resultados.

Mikhail: Vamos.

Entramos no carro. O vidro blindado reflete meu rosto duro, olhos fixos no escuro da cidade. O motor desliza pelas ruas como uma fera silenciosa. Moscou não dorme, mas hoje ela se curva. O comboio avança sem pressa e sem ruído.

No bolso interno do paletó, carrego a joia da noite: não é arma, nem contrato, nem carta cifrada. É a decisão que muda o tabuleiro. Hoje, Luísa Andrade será apresentada como minha noiva. Oficialmente. Irrevogavelmente.

Chegamos à rua estreita do prédio dela. O comboio desacelera. O carro da frente bloqueia a passagem, o de trás fecha a rua. Vizinhos curiosos são mantidos atrás das janelas por homens discretos vestidos como técnicos de manutenção.

Desço. O frio russo me morde, mas eu só sinto o peso da hora. Subo os degraus do prédio. O porteiro já foi instruído. Me cumprimenta com um aceno trêmulo, olhos baixos.

Bato na porta 302. Dois toques firmes.

Ela abre.

E pela primeira vez em muito tempo, eu paro.

Luísa está ali, em pé, com o vestido vermelho que mandei. A cor acende sua pele como fogo em neve. O corte simples a transforma em algo que nenhuma rainha conseguiria imitar: autenticidade. O cabelo preso em um coque improvisado, alguns fios soltos moldando o rosto. Ela não se preparou para me impressionar, mas conseguiu.

Mikhail: Vermelho combina com você.

Seus olhos queimam contra os meus. Não agradece. Não sorri. Apenas segura o olhar, como se pudesse me desafiar sem palavras.

Ela pega uma pequena bolsa, coloca os documentos dentro e passa por mim.

Luísa: Vamos acabar logo com isso.

Ela caminha à frente, firme, sem olhar para trás. Sigo seus passos. Cada andar descido parece ecoar um pacto invisível.

No carro, ela senta ao meu lado. O silêncio pesa, mas não é desconforto. É guerra fria. O vestido vermelho ilumina o interior escuro do veículo. Eu a observo de relance. Não porque quero - mas porque o instinto não me permite ignorá-la.

Mikhail: Está preparada?

Luísa: Preparada para quê? Para ser exposta como um troféu?

Mikhail: Não. Para ser reconhecida como Orlov.

Ela ri, seca.

Luísa: Ainda não sou.

Mikhail: Em Dois dias, será.

Ela vira o rosto para a janela. Não discute mais. Às vezes, silêncio é mais perigoso que grito.

Chegamos ao salão escolhido para o evento. Uma antiga mansão reformada, no coração de Moscou. Fachada iluminada, bandeiras discretas, homens em ternos escuros posicionados em cada canto. Nada de ostentação vulgar: apenas poder silencioso.

O comboio para diante da escadaria. Desço primeiro. Ofereço o braço. Ela hesita por um instante, mas aceita. A mão dela pousa no meu braço com firmeza. Não é rendição. É decisão.

Subimos os degraus. Portas duplas se abrem. O salão de inverno brilha sob luz âmbar. Mesas longas cobertas de linho branco, taças alinhadas, flores claras. Ao fundo, piano e violoncelo executam notas baixas.

Todos se viram para nós.

O conselho já está presente. Viktor, Yakov, Gregor, Pavel, Miguel. E ali, de pé ao lado da mesa central, Kira Zaitseva. O vestido dourado dela parece pálido diante do vermelho de Luísa. O olhar é veneno puro.

Ao lado de Kira, seu pai: Yossef Zaitseva, queixo erguido, mãos fechadas em punho. Ele não fala, mas o silêncio dele é ameaça.

Eu conduzo Luísa até o centro do salão. Os murmúrios crescem, mas morrem quando ergo a mão. Sergey está parado atrás de mim, imóvel, mas sei que cada músculo dele está pronto para reagir.

Mikhail: Boa noite.

As vozes se calam.

Mikhail: Esta casa já viu alianças nascerem e morrerem. Já viu sangue correr para manter a Bratva de pé. Hoje, todos vieram esperando ouvir uma confirmação sobre meu noivado com Kira Zaitseva.

Olho diretamente para Kira. O veneno nos olhos dela tenta me cortar. Não consegue.

Mikhail: Esse noivado não existe mais.

Um murmúrio de choque atravessa o salão. Yossef dá um passo à frente, mas não abre a boca. Sabe que, se falar sem permissão, será lembrado de quem manda.

Mikhail: Houve um erro. Uma traição dentro de uma clínica. Uma falha que resultou em algo que ninguém aqui pode ignorar. Uma mulher carrega em seu ventre meu filho. O herdeiro Orlov.

Olhares se cruzam. Sussurros. Incredulidade.

Eu aperto o braço de Luísa levemente, conduzindo-a meio passo à frente.

Mikhail: Senhores... apresento a vocês Luísa Andrade.

Minha voz ecoa. O nome dela é cuspido no ar como sentença.

Mikhail: Em três dias, será minha esposa.

O impacto é imediato. Alguns capos desviam o olhar, outros arregalam os olhos. Kira dá um passo à frente, furiosa.

Kira: Você está louco, Mikhail! Vai jogar fora décadas de aliança da Bratva por causa de uma estrangeira? Uma desconhecida?!

Não me movo. Apenas a encaro.

Mikhail: Não é uma estrangeira. É a mãe do meu filho.

Kira: E você acha que isso é suficiente?

Mikhail: Para mim, é tudo.

O salão silencia. Não existe réplica quando eu falo assim.

Yossef finalmente abre a boca, a voz grave.

Yossef: Você está destruindo a confiança entre nossas famílias. Isso é uma afronta.

Dou um passo em direção a ele. Minha sombra cobre parte do rosto dele. Sergey se adianta meio passo, pronto para intervir se for preciso.

Mikhail: Eu não destruí nada. Vocês perderam relevância. E saibam: quem levantar a mão contra Luísa ou contra meu filho não estará desafiando um homem. Estará declarando guerra contra mim.

Meu tom não sobe. Não precisa. A ameaça se instala no sangue de cada um.

Pavel engole seco. Viktor baixa os olhos. Gregor mantém o rosto sério, mas não ousa abrir a boca.

Volto ao centro. Ergo a taça que estava à espera na mesa.

Mikhail: Brindem comigo. À nova era da Bratva. À minha futura esposa. À continuidade do nosso sangue.

Levanta-se um mar de taças, algumas firmes, outras hesitantes. Mas todas se erguem. Quem não ergueria?

Luísa continua de pé ao meu lado. Não fala nada, mas o vermelho do vestido dela já disse tudo. O mundo agora sabe.

E quando olho para ela, sei que fiz a escolha certa.

Não porque era conveniente. Não porque era esperado.

Mas porque, pela primeira vez em anos, alguma coisa em mim se moveu.

E dois dias vão ser suficientes para selar isso no altar no ferro, no fogo e no sangue.

            
            

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