O Segredo da Babá, A Vingança da Esposa
img img O Segredo da Babá, A Vingança da Esposa img Capítulo 4
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Capítulo 4

Acordei no chão com o cheiro de café fresco e os passos de Cristiano no corredor.

Ele se ajoelhou ao meu lado, o rosto uma máscara de preocupação. "Carla! Querida, o que você está fazendo aí embaixo? Você adormeceu esperando por mim?"

Ele estendeu a mão para tocar meu rosto, sua voz suave de preocupação. "Você parece exausta. Seus olhos estão todos vermelhos."

Eu me afastei de seu toque, a repulsa uma força física.

Ele percebeu. Sua expressão se contraiu por uma fração de segundo antes de ele a substituir por um olhar de mágoa. "Amor, você está brava comigo por ter ficado no hospital a noite toda? Sinto muito. A febre do Joca estava teimosa."

Ele tentou me puxar para seus braços, me mimando como se eu fosse uma criança. "Vamos, não fique brava. Eu trouxe seus doces favoritos daquela padaria francesa."

Eu olhei para seu rosto bonito e mentiroso, e tudo que senti foi um profundo e arrepiante senso de absurdo. Este homem, meu marido, era um estranho. Um monstro vestindo uma pele familiar.

Lembrei-me de uma noite, anos atrás, quando ele me abraçou assim e jurou que nunca mentiria para mim, que eu era a única coisa em sua vida que era real e verdadeira. Outra promessa linda e vazia.

"Vou tomar um banho", disse eu, minha voz sem emoção, enquanto me levantava e me afastava dele.

Fiquei debaixo da água escaldante, deixando-a lavar sobre mim. Quando saí, a névoa do luto havia se dissipado, deixando para trás uma clareza fria e dura. Meu coração parecia um bloco de gelo.

Quando desci, Cristiano havia preparado o café da manhã na mesa. "Sei que você tem aquele grande baile de gala de caridade para o aniversário do Joca chegando", disse ele, sorrindo. "Já mandei entregar seu vestido na butique para o ajuste final. É aquele prateado que você amou."

O baile de gala. Era a oportunidade perfeita. Um palco público.

"Obrigada, Cristiano", disse eu, minha voz suave. "Isso é muito atencioso."

Eu iria ao baile. E eu queimaria seu mundo até o chão.

Fomos para a butique juntos, um exercício de normalidade forçada. Cristiano tagarelava sobre o trabalho, sobre Joca, sobre um milhão de coisas sem sentido. Eu assentia e sorria, minha mente a quilômetros de distância, tramando.

Quando entramos no showroom chique e minimalista, meu coração parou. Kássia estava lá, olhando vestidos de noiva.

Cristiano não perdeu o ritmo. "Kássia! Que coincidência", disse ele, sua voz ressoando com falsa surpresa. "Ajudando uma amiga a escolher um vestido?"

"Algo assim", disse ela, seus olhos se voltando para mim com um olhar de doçura praticada.

"Meu vestido está pronto", disse eu, minha voz seca. "Vou experimentá-lo."

"Vou esperar por você aqui mesmo", disse Cristiano, seus olhos se enrugando daquela maneira que costumava derreter meu coração.

Os provadores do andar principal estavam todos ocupados, então a vendedora me levou para a suíte VIP no andar de cima. Eu mesma carreguei a pesada capa de roupa, a seda prateada fria contra meu braço.

Ao entrar na espaçosa área de prova particular, ouvi vozes da suíte adjacente. Uma risadinha feminina e baixa.

A voz de Kássia.

"Você tem certeza que ela não vai nos ouvir, Cristiano?", ela ronronou. "Ela está lá embaixo."

Então, a voz dele, baixa e desdenhosa. "Deixa ela. O que ela vai fazer? Aquela mulher está tão na minha mão que não saberia a verdade nem se a mordesse na bunda."

Kássia riu de novo, um som enjoativamente doce. "Mas e se ela descobrir sobre... nós? Sobre o Joca?"

"Ela não vai", ele zombou. "E mesmo que descobrisse, quem acreditaria nela? Passei anos construindo minha reputação. Sou o marido perfeito. Ela é apenas a esposa emotiva e instável."

Houve um som de farfalhar, depois o gemido suave de Kássia. Os sons que se seguiram foram inconfundíveis, um ataque auditivo gráfico que revirou meu estômago. Eles estavam transando. Ali. Enquanto eu estava no quarto ao lado.

A audácia pura e estonteante me deixou sem fôlego. Não era apenas traição. Era desprezo. Eles estavam zombando de mim.

Senti uma onda de náusea, a bile subindo na minha garganta.

Então ouvi a voz de Cristiano novamente, ofegante e presunçosa. "Obrigado por me dar um filho, Kássia. Um herdeiro de verdade."

"Eu te amo, Cristiano", ela sussurrou. "Só queria que pudéssemos nos casar de verdade."

Ele riu, um som baixo e cruel. "Aquele pedaço de papel de que ela tanto se orgulha? É só um pedaço de papel. Você e o Joca, vocês são minha família de verdade."

Minha mente voltou ao dia do nosso casamento. Cristiano, com os olhos brilhando de lágrimas, segurando nossa certidão de casamento como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. "Agora é oficial", ele dissera. "Você está presa a mim para sempre."

Outra mentira. Tudo era uma mentira.

            
            

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