O Segredo da Babá, A Vingança da Esposa
img img O Segredo da Babá, A Vingança da Esposa img Capítulo 6
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Capítulo 6

Joca, que estava observando de lado, correu para o lado de Cristiano, o rosto uma máscara de inocência. "Mamãe, você está brava porque eu não te obedeci ontem?"

Suas palavras foram um golpe calculado, projetado para me pintar como uma mãe instável e errática.

"Fique longe de mim", sibilei, empurrando-o. A repulsa era tão forte, tão visceral, que eu não suportava seu toque. "Você não é meu filho. Você é um bastardo."

A sala ficou em silêncio.

"Carla Mendes", disse Cristiano, sua voz baixa e perigosa. Ele nunca havia usado meu nome completo antes. Era um sinal claro. Eu havia cruzado uma linha. Ele não estava mais interpretando o papel do marido dedicado. A máscara havia caído.

"Você vai para casa", ele ordenou, seus olhos ardendo com uma fúria que me gelou até os ossos. "E você vai ficar no seu quarto e pensar no que fez."

Ele estalou os dedos, e dois de seus seguranças se moveram em minha direção.

"Você não pode fazer isso!", gritei, recuando.

Mas eu estava em desvantagem. Eles agarraram meus braços, seus apertos como ferro, e me arrastaram para fora do salão, para longe dos destroços da minha vida.

Eu era uma prisioneira em minha própria casa. Trancada no quarto principal, o espaço opulento agora uma gaiola dourada. Cristiano não veio me ver. A casa estava silenciosa, exceto pelos sons fracos de vida do andar de baixo – risadas, o barulho de pratos, o murmúrio da televisão.

Encontrei uma brecha no meu confinamento. Kássia, em sua arrogância, havia me desbloqueado de suas redes sociais. Rolei por seu feed, uma jornada voyeurística na vida que deveria ter sido minha. Fotos dela, de Cristiano e de Joca no parque. No zoológico. Em um jantar chique. Uma família perfeita de três, sorrindo para a câmera enquanto eu apodrecia no meu quarto.

Uma semana depois, a porta se abriu. Cristiano estava lá, o rosto uma máscara cuidadosamente construída de contrição.

"Sinto muito, Carla", disse ele, sua voz suave. "Eu exagerei. Mas você me humilhou. Você me forçou a agir."

Ele estendeu um pedaço de papel. "Fiz outro teste de DNA. De um laboratório diferente."

Eu peguei, minhas mãos tremendo. Era outra mentira, outra peça de sua elaborada campanha de manipulação. Mas desta vez, a mentira era diferente.

Probabilidade de Maternidade: 99,99%. Declarava que Joca e eu éramos mãe e filho.

"Não sei o que aconteceu com aquele primeiro relatório", disse ele, sua voz tingida de sinceridade. "Mas vou descobrir. Eu prometo. Acho que uma das novas empregadas deve ter adulterado."

Ele me entregou um pequeno saco plástico contendo alguns fios de cabelo escuro. "Tome. Leve isso. Mande testar você mesma. Em qualquer laboratório que escolher. Você vai ver. Eu nunca mentiria para você."

Eu olhei para ele, para a expressão sincera em seu rosto. Ele era um ator magistral. Não havia nenhum lampejo de dúvida, nenhuma sugestão de engano. Ele era ou o melhor mentiroso do mundo ou completamente louco.

"Só a Kássia tem o motivo e os meios para subornar minha equipe", disse eu, minha voz fria.

"Carla, por favor", ele suspirou, passando a mão pelo cabelo. "Não comece com isso de novo. Eu te amo. Eu nunca, jamais, te enganaria."

Ele me puxou para um abraço, seus braços uma gaiola de falso conforto. "Haverá um leilão de arte beneficente na próxima semana. Um amigo meu está doando uma pintura. Consegui ingressos para nós. Será bom para nós sairmos. Até mandei entregar um vestido novo para você."

"Tudo bem", disse eu, afastando-me dele.

No dia seguinte, fui a um hospital do outro lado da cidade, um lugar onde ninguém conhecia meu nome. Enviei a amostra de cabelo que Cristiano me deu, junto com a minha.

Os resultados chegaram em dois dias.

Conclusão: As partes testadas compartilham um vínculo de DNA materno.

Minha respiração ficou presa na garganta. Li as palavras novamente, e depois uma terceira vez. A esperança, feroz e ofuscante, surgiu dentro de mim.

Cristiano, em sua tentativa arrogante de me manipular, cometeu um erro. Ele pretendia me dar o cabelo de Joca, para "provar" que eu era sua mãe e me fazer questionar minha própria sanidade. Mas ele pegou a amostra errada.

Este cabelo... era o cabelo do meu filho. Meu filho biológico.

E ele estava vivo.

O conhecimento era uma tábua de salvação em um mar de desespero. Eu tinha que ter cuidado. Não podia confiar em ninguém que Cristiano conhecesse. Não podia nem confiar em um entregador aleatório.

Encontrei um morador de rua do lado de fora de uma cafeteria e paguei cem reais para ele postar um pequeno envelope para mim. Dentro estava a amostra de cabelo e um bilhete enigmático endereçado a Bia. Eu sabia que ela entenderia.

Na noite do leilão, Cristiano foi um cavalheiro perfeito. Ele me ajudou com meu casaco, sua mão demorando nas minhas costas. Kássia estava lá, é claro, sentada à esquerda de Cristiano. Ele alegou que a trouxe como um "agradecimento" por seu apoio durante meu "episódio". A desculpa era tão frágil que era risível.

Eu os ignorei, focando na arte. Eu tinha um novo propósito agora. Encontrar meu filho.

De repente, as luzes piscaram e se apagaram. Um suspiro coletivo percorreu a multidão. Então, o caos irrompeu.

Homens mascarados com armas invadiram a sala. As pessoas gritavam, mergulhando debaixo das mesas. Meu primeiro instinto foi procurar Cristiano. Eu o vi do outro lado da sala, mas ele não estava me procurando. Ele estava protegendo Kássia, seu corpo uma muralha protetora ao redor dela.

Eu era uma reflexão tardia.

A percepção foi um tapa frio e duro. Ele não me salvaria. Ele a havia escolhido.

Uma mão tapou minha boca, e outro braço envolveu minha cintura, me levantando do chão. Lutei, chutando e me debatendo, mas meu agressor era muito forte.

Vi a cabeça de Cristiano se virar em minha direção. Nossos olhos se encontraram por uma fração de segundo. Vi um lampejo de pânico, de indecisão.

"Cristiano!", gritei, minha voz abafada pela mão sobre minha boca.

Ele começou a se mover em minha direção, mas Kássia soltou um grito de dor, agarrando o braço. "Cristiano, acho que quebrou!"

Ele hesitou, seu olhar dividido entre mim e ela. Naquele momento de hesitação, meu destino foi selado. Ele se virou para Kássia, o rosto uma máscara de preocupação.

Ele a escolheu. Ele me deixou para os lobos.

Um golpe forte na lateral da minha cabeça fez estrelas explodirem atrás dos meus olhos. A última coisa que vi antes que a escuridão me levasse foi Cristiano, embalando Kássia em seus braços, completamente alheio ao meu sequestro.

                         

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