O Segredo da Babá, A Vingança da Esposa
img img O Segredo da Babá, A Vingança da Esposa img Capítulo 5
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Capítulo 5

A dor era uma pontada surda e constante agora. O amor se fora, varrido pela maré implacável de suas traições. Tudo o que restava era um espaço frio e vazio.

Ouvi Kássia gemer o nome dele novamente. Minha mão foi para minha bolsa, meus dedos se fechando em torno do meu celular. Tentei mexer nas configurações, minhas mãos tremendo, e liguei o gravador de voz.

Silenciosamente, rastejei até a parede fina que separava as suítes e deslizei o celular na pequena fresta perto do chão. Eu teria minha prova.

Quando finalmente saí do provador, resplandecente em seda prateada, Cristiano estava me esperando, o cabelo ligeiramente desarrumado.

"Desculpe", disse ele, sem encontrar meus olhos. "Tive um problema de estômago repentino. Tive que usar o banheiro."

A mentira era tão patética, tão transparente, que era quase engraçada.

Eu não disse uma palavra. Apenas me virei e saí da butique, deixando-o correr atrás de mim.

Ele passou os três dias seguintes em um estado de afeto enjoativo e exagerado, tentando "compensar" sua suposta negligência. Era uma performance, e eu era a plateia relutante.

O baile de gala de aniversário de Joca foi um evento espetacular. O salão de festas do hotel mais grandioso da cidade foi transformado em uma fantasia infantil, com imensas esculturas de balões e uma mesa de doces que se estendia por todo o comprimento da sala. Era um testamento à riqueza de Cristiano e à sua dedicação à sua imagem pública.

Eu havia feito meus próprios preparativos. Convidei vários dos principais parceiros de negócios e investidores de Cristiano, homens cujas opiniões importavam.

A noite se arrastou, um borrão de sorrisos falsos e conversas educadas. Finalmente, o momento chegou. O enorme bolo de aniversário foi trazido, e Cristiano subiu ao palco para fazer um discurso. Ele era um mestre, charmoso e eloquente, pintando um quadro de uma família perfeita e amorosa.

Então, ele se virou para mim. "E agora, algumas palavras da minha linda esposa, Carla."

Caminhei até o palco, o microfone frio na minha mão. Olhei para o mar de rostos expectantes, para o sorriso orgulhoso de Cristiano, para Kássia parada discretamente no canto.

"Obrigada a todos por virem celebrar o sétimo aniversário do Joca", comecei, minha voz clara e firme. "Mas há algo que todos vocês precisam saber. Joca não é meu filho."

Um suspiro coletivo percorreu a sala. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. O sorriso de Cristiano congelou, depois se transformou em uma carranca. Seus pais, sentados na mesa da frente, pareciam completamente perplexos.

Vi a mão de Kássia voar para a boca, seus olhos arregalados com o que pensei ser pânico. Confundi com medo. Pensei que ela estava encurralada. Eu estava errada.

"Eu tenho provas", disse eu, minha voz ressoando com triunfo. Levantei uma cópia do teste de DNA. "Este é um teste de paternidade. Ele prova..."

Eu vacilei. Tinha olhado para o papel em minha mão, e as palavras não eram o que eu esperava. Meus olhos se ergueram, percorrendo a multidão até pousarem em Kássia. Ela estava olhando para mim, um pequeno sorriso triunfante brincando em seus lábios.

Ela havia trocado os relatórios.

"O que diz aí, querida?", meu sogro gritou, sua voz tingida de confusão.

Eu encarei o papel, as palavras condenatórias e impossíveis. Probabilidade de Maternidade: 99,99%. Probabilidade de Paternidade: 0%.

De acordo com este documento falsificado, Joca era meu filho, mas não de Cristiano. Eu tinha sido a infiel.

"Kássia", sibilei, minha voz tremendo de raiva. "Você fez isso."

Ela se encolheu, seus olhos se enchendo de lágrimas. "Carla, eu... eu não sei do que você está falando. Sei que você tem estado sob muito estresse ultimamente..."

"Ela está mentindo!", gritei, virando-me para a multidão. "Cristiano é o pai! Eles tiveram um caso!"

Kássia soltou um soluço, um som perfeito e de partir o coração. "Eu juro, não há nada entre o Sr. Bastos e eu. Eu nunca trairia sua confiança assim, Carla."

A narrativa havia sido virada com uma perícia aterrorizante. Os murmúrios na multidão se voltaram contra mim.

"Não acredito que ela exporia a roupa suja deles em público assim."

"E pensar que o Cristiano é tão bom para ela. Ele está criando o filho de outro homem como se fosse seu."

Cristiano deu um passo à frente, envolvendo Kássia com um braço protetor. Ele olhou para mim com uma expressão de profunda decepção. "Carla, já chega. Isso é um mal-entendido. Podemos conversar sobre isso em casa."

Ele deu um aceno sutil para os convidados. "Peço desculpas por esta perturbação. Por favor, aproveitem o resto da noite."

Os convidados, sentindo que o drama havia acabado, começaram a se dispersar, murmurando promessas de manter o "segredo de família".

Fiquei no palco, isolada e humilhada, sentindo o peso de cem olhos julgadores. A pior parte era o rosto de Cristiano. Ele sabia. Ele sabia a verdade, e estava escolhendo me deixar levar a culpa, para proteger sua amante, para proteger sua mentira.

Meus sogros correram para o palco. "Cristiano, o que está acontecendo?", sua mãe exigiu.

"Não é nada, mãe", disse ele, sua voz suave como seda. "A Carla tem estado um pouco... emotiva ultimamente. A culpa é minha. Tenho trabalhado demais."

"Como você ousa?", cuspi, minha voz tremendo. "Conte a eles a verdade! Diga a eles que você é um covarde e um mentiroso!"

Ele olhou para mim, seus olhos frios como gelo. "Acho que é você quem deve uma explicação a todos, Carla."

Sua mãe se virou para mim. "Carla, como você pôde fazer isso com o Cristiano? Depois de tudo que ele fez por você?"

A frente unida era impenetrável. Eu era a louca. A infiel. A vilã em sua história distorcida.

            
            

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