Oito Perdas, Uma Última Esperança
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Capítulo 6

Eu me escondi em um beco imundo, tremendo de frio, minha camisola de hospital não oferecendo proteção alguma. As luzes da cidade se borraram através das minhas lágrimas. Eu estava perdida, sozinha e publicamente envergonhada. Foi naquela escuridão fedorenta e cheia de lixo que ele me encontrou.

Arthur.

Ele parou na entrada do beco, seu terno caro parecendo absurdamente fora de lugar em meio à sujeira. Ele me encarou, seu rosto uma mistura de choque e algo mais que eu não consegui identificar. Dor?

- Clara - disse ele, sua voz rouca. Ele passou por cima de uma pilha de lixo, sua meticulosidade habitual desaparecida. Ele me alcançou, sua mão se fechando em meu braço. - O que você está fazendo aqui? Vamos para casa.

Eu olhei para ele, para os olhos do homem que havia sistematicamente destruído minha vida. O amor que eu sentia se fora, substituído por uma raiva fria e dura.

- Para casa? - perguntei, minha voz plana. - Você está satisfeito agora, Arthur? Era isso que você queria? Me ver assim? Quebrada e humilhada?

Seu aperto se intensificou. Eu podia sentir o calor de sua pele através do tecido fino da minha camisola. Encarei seu olhar, e pela primeira vez, ele viu. O vazio. A luz em meus olhos, a luz que sempre brilhou para ele, havia se apagado.

Um lampejo de pânico cruzou seu rosto.

- Do que você está falando? Aquele vídeo... eu não queria que aquilo vazasse.

- Eu acredito em você - eu disse, e o estranho era que eu acreditava. Ele era cruel, mas também era controlador. Ele não teria querido que nossos momentos privados fossem expostos daquela forma. - Mas você poderia ter impedido. Você é poderoso o suficiente. Você deixou acontecer. Era parte do castigo, não era?

Eu estava cansada demais para me importar com seus motivos.

- Sempre foi sobre vingança, não foi? - Afirmei como um fato, não uma pergunta. - Pelo que você acha que meu pai fez com sua família.

Seu maxilar se contraiu, mas ele não negou.

- Bem, parabéns, Arthur - eu disse, uma risada amarga escapando dos meus lábios. - Você venceu. Você me destruiu. Está feliz agora?

Ele não parecia feliz. Ele parecia... confuso. Perdido. O vitorioso triunfante parecia tudo, menos isso.

- Você sabia? - ele sussurrou, sua voz rouca.

- Giselle foi muito completa - eu disse. - Agora, se me dá licença, eu tenho que ir. Não posso sair do país sem meu passaporte e visto, e como você me internou, todas as minhas coisas ainda estão na sua casa.

Eu o deixei me encontrar de propósito. Foi uma aposta desesperada e arriscada, mas era minha única saída.

- Eu não sei que mentiras a Giselle te contou sobre meu pai - continuei, minha voz ganhando força -, mas eu sei que ele é um bom homem. Ele amava sua família. Ele te acolheu, Arthur. Ele te criou, te tratou como seu próprio filho. Ele nunca os teria prejudicado intencionalmente.

Seu rosto endureceu novamente. O lampejo de dúvida se foi, substituído pela familiar máscara de ódio.

- Ele se sentia culpado - Arthur rosnou. - Foi por isso que ele me acolheu. Uma tentativa patética de se redimir por seus pecados.

- E agora, você vai pagar pelos pecados dele - disse ele, sua voz baixando para um rosnado terrivelmente baixo. - Olho por olho. Um filho por um filho. Ele tirou minha família de mim. Vou fazê-lo sentir a dor de perder sua única filha.

Um arrepio percorreu meu corpo. Eu o subestimei. Subestimei a profundidade de seu ódio. Isso não era apenas sobre me humilhar. Ele me queria morta.

                         

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