Seu Herdeiro, Sua Fuga
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Capítulo 4

Hélio me ajudou a descer da mesa de ressonância. Minhas pernas estavam fracas, tremendo incontrolavelmente. Eu ainda estava ofegante, meu corpo tremendo do terror residual.

Ele me conduziu para fora da sala de imagem e para o corredor. Os dois maqueiros que me colocaram na máquina não estavam em lugar nenhum.

Então eu a vi.

Catarina estava encostada na parede oposta, um sorriso presunçoso e satisfeito no rosto. Ela estava flanqueada por dois dos seguranças de Breno.

"Olha só quem apareceu", disse ela, sua voz gotejando desprezo. "Tendo um pequeno ataque de pânico, Amélia? Você sempre foi tão frágil."

A humilhação pública foi um tapa na cara. Algumas enfermeiras e funcionários do hospital pararam para olhar, seus rostos uma mistura de pena e curiosidade.

"Foi você", eu disse, minha voz rouca. Meu medo estava sendo rapidamente substituído por uma raiva fria e dura.

Catarina riu, um som agudo e quebradiço. "Fiz o quê? Pedi aos médicos para serem minuciosos? Breno estava apenas preocupado com você. E com o bebê, é claro."

Ela sabia. Ela sabia da minha claustrofobia. Ela e Breno planejaram isso juntos. Eles queriam me quebrar.

Virei-me para a enfermeira mais próxima. "Quero denunciar uma agressão. Fui mantida naquela máquina contra a minha vontade. Quero a segurança. Quero a polícia."

O sorriso de Catarina vacilou por um segundo. Um lampejo de pânico cruzou seu rosto.

Mas antes que a enfermeira pudesse responder, uma voz imponente cortou o ar.

"Isso não será necessário."

Breno caminhou pelo corredor, sua presença sugando todo o ar do espaço. Ele dispensou os curiosos com um único olhar imperioso. Eles se dispersaram como ratos.

Ele parou na minha frente, os olhos frios. "Foi um procedimento médico de rotina, Amélia. Sua concussão precisava ser verificada. Não seja histérica."

Ele estava me manipulando, descartando meu terror como histeria feminina. A audácia pura disso me deixou sem palavras.

Olhei de seu rosto frio para o triunfante de Catarina. Eles eram uma equipe. Uma parceria construída na crueldade.

Os últimos resquícios da mulher que o amou morreram naquele momento.

"Eu sei o que você fez", eu disse, minha voz baixa e tremendo de fúria. "Eu sei o que vocês dois fizeram."

A expressão de Breno não mudou. Ele simplesmente ergueu uma sobrancelha. "Você não sabe de nada."

Ele deu um passo mais perto, sua voz baixando para quase um sussurro para que apenas eu pudesse ouvir. "Não me provoque, Amélia. Você não tem ideia com quem está lidando."

"Estou lidando com um assassino", disparei, as palavras escapando antes que eu pudesse detê-las.

Seus olhos se estreitaram. Por uma fração de segundo, vi algo verdadeiramente perigoso neles. Mas desapareceu tão rápido quanto apareceu, substituído por sua calma arrogante de sempre.

"Você é minha esposa. E você é a mãe do meu filho. Seu lugar é comigo. Você fará o que eu digo. Entendido?"

"Não", eu disse, a palavra uma declaração de guerra. "Não serei sua prisioneira. Não serei sua incubadora. Acabou."

Ele sorriu, um sorriso lento e arrepiante que não alcançou seus olhos. "Nunca acaba."

Ele enfiou a mão no bolso interno do paletó e tirou uma pequena bolsa de veludo. Ele a abriu e despejou o conteúdo na palma da mão.

Era a aliança de casamento do meu pai. Aquela com a qual ele foi enterrado. Depois que minha mãe morreu, eu o transferi para um mausoléu particular que Breno havia comprado. Um grande gesto que agora eu entendia ser apenas mais uma forma de controle.

"Mandei abrir o caixão do seu pai para uma... limpeza", disse Breno, sua voz casual. "Pensei que você talvez quisesse isso de volta. Uma lembrança."

Meu sangue gelou. Ele havia profanado o túmulo do meu pai. Ele estava mantendo a memória da minha família como refém, usando-a como uma arma contra mim.

"Seu monstro", sussurrei, as palavras sufocadas de horror.

A raiva que fervia dentro de mim explodiu. Lancei-me sobre ele, minhas mãos em punhos, golpeando seu peito com toda a minha força. Foi como bater em uma parede de tijolos.

"Eu te odeio!", gritei, lágrimas de fúria e luto escorrendo pelo meu rosto. "Queria ter te deixado para morrer naquele beco!"

Ele segurou meus pulsos, seu aperto como aço. Ele nem sequer vacilou. Apenas me observou, sua expressão de observação fria e clínica, como se eu fosse um experimento científico.

Então, ele se inclinou, seus lábios perto da minha orelha.

"Eu sei", ele sussurrou. "E você vai passar o resto da sua vida me compensando por isso."

Ele torceu meus braços para trás das minhas costas, sua força avassaladora. "Você é minha, Amélia. Seu corpo, sua mente, seu luto. Tudo pertence a mim."

Ele acenou para seus seguranças. "Levem-na para casa. Ela não deve sair do quarto sem minha permissão."

Eles agarraram meus braços, seus apertos firmes e impessoais. Eu estava sendo levada à força para fora do hospital, uma prisioneira em minha própria vida.

Enquanto me arrastavam, olhei para trás, para Breno. Ele ainda estava lá, me observando, a bolsa de veludo com a aliança do meu pai ainda em sua mão.

Ele deu um leve aceno para Catarina, um reconhecimento silencioso de sua vitória compartilhada.

Eu estava sendo levada de volta para a bela e vazia mansão que ele chamava de nosso lar. Mas não era um lar.

Era uma prisão. E ele era o diretor.

            
            

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