A Herdeira Traída: A Decepção de um Marido
img img A Herdeira Traída: A Decepção de um Marido img Capítulo 5
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Capítulo 5

Os seguranças arrastaram Alana da calçada, seus pés mal tocando o chão. Eles a empurraram para o banco de trás do SUV, a porta batendo com um som de finalidade. Caio estava ao volante, seus nós dos dedos brancos enquanto agarrava o volante. Seu rosto era uma máscara de pedra.

O pulso de Alana latejava onde um dos homens a havia agarrado. Ela esperava que ele gritasse, que exigisse uma explicação de por que ela estava tentando fugir. Talvez até que a puxasse para um abraço rude e raivoso.

Ele não fez nada. Não disse nada.

O silêncio no carro era uma coisa viva, espessa e sufocante. O único som era o bater rítmico dos limpadores de para-brisa contra o vidro enquanto uma chuva fria começava a cair. Suas roupas ainda eram as mesmas da festa, agora amassadas e manchadas. Seu corpo doía. O aperitivo de frutos do mar que comera na festa fora uma má ideia; sua pele começava a coçar com os primeiros sinais de uma reação alérgica que ela tinha desde a infância.

Caio apenas dirigia, seus olhos fixos na estrada à frente, recusando-se a sequer olhá-la no espelho retrovisor. Eles não estavam indo para a mansão da família. Alana observou as ruas familiares darem lugar a uma estrada sinuosa que saía da cidade, sua inquietação crescendo a cada quilômetro.

Eles finalmente pararam em um portão grande e imponente. O mausoléu da família Ribeiro. O lugar onde seus pais estavam enterrados.

Antes que ela pudesse perguntar por que estavam ali, uma pilha de papéis voou do banco da frente, atingindo-a no rosto. A borda afiada do papel cortou sua bochecha.

"Saia", ordenou Caio, sua voz desprovida de todo calor.

Ele saiu do carro e contornou para o lado dela, abrindo a porta com um puxão. Ele agarrou seu braço e a arrastou para a chuva torrencial, forçando-a a se ajoelhar no cascalho molhado em frente ao túmulo de seus pais.

As pedras afiadas cravaram em seus joelhos. Ela ouviu um estalo doentio e uma nova onda de dor subiu por suas pernas. O sangue se misturou com a água da chuva, manchando o chão sob ela.

"Você sabe o que fez?" ele rosnou, de pé sobre ela como um carrasco. A chuva colava seu cabelo escuro na testa, seu terno caro encharcado.

Ele jogou os papéis, agora úmidos e enlameados, a seus pés. Eram impressões de sites de fofoca, manchetes gritando sobre Beatriz Campos.

"Você destruiu a reputação dela! Você plantou essas histórias, não foi? Beatriz era finalista de uma bolsa de estudos em Coimbra. Eles retiraram a oferta esta manhã por causa do 'escândalo' que você criou."

Ele se inclinou, seu rosto a centímetros do dela. "Ela tentou se matar, Alana. Ela está na UTI agora por sua causa."

Outra mentira. Outro drama perfeitamente encenado.

"E você", ele continuou, sua voz pingando desprezo, seus olhos percorrendo seu vestido rasgado e rosto machucado. "Você volta assim, parecendo que saiu de um esgoto, e acha que ainda tem o direito de julgar alguém? De destruir a vida de uma pessoa boa e inocente?"

As palavras a atingiram mais forte que o tapa dele. Ele estava usando o trauma dela, a própria coisa que ela havia sobrevivido, como uma arma contra ela. Ele a estava chamando de suja.

Seu coração, que ela pensava já estar morto, se estilhaçou em um milhão de fragmentos de gelo. A dor dos chicotes e correntes no complexo era uma memória distante comparada a isso. Isso era uma violação mais profunda.

"Você tem provas?" ela sussurrou, sua voz tremendo. "Provas de que eu fiz algo disso?"

Seu rosto se contorceu de raiva. Sua mão disparou, seus dedos se fechando em volta de sua garganta. "Provas?" ele sibilou, seu aperto se intensificando até que pontos pretos dançaram em sua visão. "O endereço de IP de onde as postagens vieram foi rastreado até a casa. Até o seu notebook. Quem mais seria tão cruel? Quem mais teria tanto ciúme?"

Ela arranhou a mão dele, uma negação desesperada e sufocada presa em sua garganta. Ele estava espremendo a vida dela.

Ele finalmente a soltou, empurrando-a de volta para o cascalho. "Você vai se ajoelhar aqui", ele decretou, sua voz um rosnado baixo e aterrorizante. "Você vai se ajoelhar aqui e se arrepender diante de seus pais pela desgraça que você se tornou. Você vai se ajoelhar até que Beatriz acorde e te perdoe."

Ele se virou e se afastou sem olhar para trás, deixando-a sozinha no dilúvio.

Ela tossiu, ofegando por ar, a chuva lavando as lágrimas de seu rosto. Tentou se levantar, dizer a ele para verificar seu celular, para verificar o computador, para ver que Beatriz a havia armado.

"Ninguém mais faria algo tão maligno", ele dissera.

Ele tinha tanta certeza. Ele não verificaria. Ele não queria a verdade. Queria uma desculpa para puni-la, para justificar sua traição.

Ela não se ajoelharia para ele. Mas suas pernas... seus joelhos estavam quebrados. Ela não conseguia ficar de pé.

Ela se ajoelhou na chuva por três dias e três noites. Os seguranças vigiavam à distância, sentinelas silenciosas de sua miséria. O frio se infiltrou em seus ossos. O vento era um açoite constante contra sua pele em carne viva. Sua alergia estava em pleno florescimento agora, seu corpo coberto de dolorosas pápulas vermelhas.

Na terceira noite, ela finalmente desabou.

Um segurança se aproximou, seu rosto impassível. "A senhorita Campos acordou", disse ele. "Ela te perdoou."

Alana quis rir. A vítima, implorando pelo perdão do agressor. Que absurdo total. Ela não tinha feito uma única coisa da qual a acusavam, mas era ela quem estava sendo punida.

Ela olhou para os nomes de seus pais gravados no mármore frio e finalmente soltou um grito primal de dor, suas lágrimas perdidas na chuva sem fim. Todos eles a estavam intimidando. O mundo inteiro a estava intimidando.

Eles a levaram de volta para a mansão, não para um hospital, mas para o depósito. Trancaram a porta.

Ela ficou deitada no chão empoeirado, queimando com uma febre que estava fraca demais para combater. Em seu delírio, ouviu as vozes deles através da porta. André, seu próprio irmão, falando com o advogado sobre a transferência da maior parte de sua herança e de suas ações da empresa para um fundo para Beatriz. Para "compensá-la" por seu sofrimento.

Ele estava usando o dinheiro arduamente ganho de seus pais para apaziguar a mulher que havia orquestrado seu sequestro.

Então ela ouviu a voz de Caio, suave e persuasiva. Ele estava oferecendo a Beatriz o anel matriarcal da família Sampaio, aquele que sua mãe usara, aquele destinado à sua esposa. Ele estava implorando para Beatriz ficar, para não ir para Lisboa.

Ela era o tesouro deles, a princesa deles. Agora ela era lixo, trancada enquanto eles cobriam sua algoz com sua riqueza, seu status, seu futuro.

As lágrimas haviam secado há muito tempo. Restava apenas uma dor oca e lancinante.

Quando estava prestes a perder a consciência completamente, ouviu o clique da fechadura. A porta se abriu.

Um cheiro familiar encheu o ar, o perfume que Caio sempre usava. Uma mão fria tocou sua testa.

Ele murmurava o nome dela, sua voz tingida com algo que poderia ser culpa. Ele a levantou gentilmente em seus braços. "Vou te levar ao médico."

Ela usou o último de sua força para abrir os olhos, para olhar em seu rosto. "Me solta, Caio", ela sussurrou, sua voz um arranhado seco. "Eu não preciso mais de você."

            
            

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