"Modos é a única coisa que você tem a oferecer! Você é a herdeira do trono, como acha que será tratada por outros?" – disse com deboche.
"O que isso infere? Eu tenho muito mais a oferecer." – retorquiu. – "Tenho sabedoria e experiência."
"Você é só uma mulher! Não terá respeito dos outros, só quando encontrar um pretendente e para isso precisará de modos!" – gritou enquanto batia com muita força na mesa.
"Então é isso? Eu ser uma mulher? Saiba que Impetu é conhecido por mulheres fortes e guerreiras, tenho certeza que eu teria grande capacidade para ser sua herdeira, com ou sem pretendentes!" – gritou enquanto saía furiosa.
Alef e Ivy amarraram Morgana e o guarda na sala de 'interrogatório', logo partiram para as celas onde seu povo se encontrava trancafiado. Graças a distração causada mais cedo, um dos guardas derrubaram as chaves das celas e o prisioneiro que se encontrava ao lado de Alef havia pego. O mesmo, na verdade era Jamal Cullimore, o 'consultor' de seu pai.
Jamal era conhecido por sua grande sabedoria, juntos eles planejaram esse dia detalhe por detalhe. Alef sinalizou para Jamal, o mesmo abriu sua cela e entregou as chaves para Alef, que começou a soltar todos os prisioneiros, enquanto Ivy e Jamal vigiavam os corredores.
Alef tentava acalmar seu povo e pedia silêncio, já que barulhos excessivos poderiam chamar a atenção. Ele explicou à todos o que estava havendo e qual seria o plano.
Logo ele e Jamal pegaram as espadas dos guardas que guardavam as celas e seguiram corredor afora. Atrás deles o povo de Canário marchava sedento por vingança. Enfrentavam guarda após guarda e tomavam suas espadas, cada vez mais o povo de Canário ficava mais forte.
Ivy seguiu um caminho diferente da multidão, seu objetivo era tocar o sino que tinha na aldeia rente ao castelo; Esse era o sinal para que todos na vila se juntassem à rebelião e lutassem contra Impetu.
Verônica tinha retornado ao seu aposento, estava furiosa com seu pai. Aquilo foi uma afronta! Ela não deveria aceitar isso. Sabia que tinha grande capacidade de reinar, além disso provará diversas vezes quando ficou no comando de Canário.
Todo esse tempo ela cruzou os próprios limites para provar o seu verdadeiro valor. Mas, no fim era tratada assim? Como ousa? Sua raiva foi interrompida pelo som repetitivo do sino na aldeia, ela caminhou até a janela de seu aposento e tentou verificar o que estava acontecendo.
Lá embaixo os escravos estavam se reunindo ao redor de uma mulher ruiva, eles começaram a gritar em emoção e fúria. Foi aí que a ficha caiu, eles estavam se rebelando! Verônica não sabia o que fazer, mas sabia que ficar parada não era uma opção, ela tinha que tomar alguma atitude para proteger o seu povo.
O povo de Canário chegou no salão comunal, onde batalharam contra poucos guardas, o rei de Impetu tinha-os subestimado e agora estava pagando por seus erros.
Após avançarem e tomarem grande parte do castelo, eles perceberam que o rei, rainha e a princesa não estavam em lugar algum, sendo assim decidiram se separar e procura-los.
Eles se separaram, a maioria ficou responsável pela vila e os arredores e uma pequena parte ficou responsável pelo interior. Jamal, Ivy, Alef e mais quatro pessoas ficaram responsáveis por procurar nos aposentos do castelo.
Ao chegarem lá, entraram de quarto em quarto e vasculharam tudo. Alef estava impassível, à cada cômodo que entravam, uma memória vagava em sua mente: Seu quarto, o quarto de sua falecida vó, o quarto de Jamal e por fim o quarto de seus pais.
Quando tentou adentrar o quarto de seus pais, percebeu que a porta estava trancada e com sinais alertou aos outros que havia alguém lá dentro. Todos reuniram forças e arrombaram a porta, lá dentro, escorada na janela, estava a princesa.
"Vocês demoraram." – disse ela com uma voz calma.
"Antes tarde do que nunca." – Alef retorquiu com desprezo.
"Você era o fugitivo, não?" – indagou ela quando juntou as peças.
"Ora ora... acha mesmo que somos tolos? Não tem como escapar do seu doloroso fim." – ameaçou ele.
"Uhm... sabem que os reinos não gostariam desse fim." – retorquiu.
"Com eles eu me resolvo."
Alef pensou em atacar, mas parou no processo quando viu ela desembainhar sua espada.
"Uau! Sútil como sempre." – riu com desdenho.
Uma das quatro pessoas avançou sem pensar duas vezes. A princesa se defendeu e contra-atacou com uma investida no abdômen, derrubando ameaça.
"Ainda temos tempo pra negociar, contenha sua matilha!" – A princesa ameaçou.
O coração de Jamal disparou. Como pode? Ele não deixaria barato! Com fúria ele avançou. Novamente a princesa defendeu, tentou contra-atacar, mas dessa vez sem sucesso.
O quarto foi dominado pelo som de ferro contra ferro, Ivy não queria intrometer, sabia que poderia acabar atrapalhando. Alef por outro lado não aguentou ficar parado e entrou no duelo.
Jamal atacou, mas sua espada bateu contra a parede dando oportunidade para Verônica empurra-lo. Dessa vez foi Alef, ele atacou na altura do pescoço, mas ela bloqueou. Alef impulsionou sua espada tentando 'quebrar' o bloqueio de sua oponente. Usando toda sua força, a princesa empurrava sua espada contra a dele, mais alguns centímetros e ele cortaria seu pescoço. Sem escolha, ela deu uma joelhada em seu abdômen, fazendo o homem se encolher de dor.
Jamal, levantou e sinalizou para os três homens que os acompanharam para ajudarem na batalha. Com isso, Verônica tinha que combater cinco oponentes. Ela tinha em mente que precisaria de ganhar espaço por isso investiu para cima de dois oponentes ferindo um e fazendo o outro recuar. Alef estava com uma dor avassaladora, o tônico de Ivy tinha ajudado, mas a joelhada que levou trouxe consigo uma dor excruciante.
Ivy correu em direção de um dos homens feridos, ele havia sido atingido na perna e estava sangrando no chão. Ela estancou seu ferimento e fez um torniquete, mas o golpe acabou atingindo a artéria femoral e ele acabaria morrendo cedo ou tarde.
Verônica estava se cansando, ela precisava acabar com aquilo o mais rápido possível. Pensando nisso, ela atacou outro oponente dessa vez atingindo o seu peitoral. Jamal, investiu novamente, mas dessa vez com sucesso, sua espada causou um grande corte no braço esquerdo de Verônica (o mesmo que ela segurava sua espada).
Alef recuperou as energias, ele tinha que admitir, havia cometido o mesmo erro que o rei em subestimar seu inimigo. A princesa de Impetu fez jus ao seu título e era uma oponente digna, mas aquilo tinha que acabar.
Ele tomou impulso e empurrou a mesma contra a parede, com o impacto ambos perderam as espadas, sem medir esforços ele extravagou toda sua raiva no pescoço de sua oponente, pressionou sua garganta com força, até que Ivy gritou.
"Espera! Acharam o rei!"