Deslizei suavemente pelos lençóis macios da cama sentindo o cheiro do perfume do capitão neles. Não me permiti pensar ou sentir nada sobre isso, afinal foi só sexo.
Depois de encher a banheira do quarto luxuoso, me aproximei da pia encarando o meu reflexo no espelho.
Meus olhos pousaram imediatamente nos chupões em meu pescoço. Eu também tinha hematomas nos quadris, já que o capitão me segurou com bastante força.
O pensamento de como a noite anterior tinha sido, me fez sorrir e por um momento eu desejei partilhar a banheira com ele. Transar ali com aquele homem seria incrível. O pensamento me faz morder os lábios, eu sabia que era um sinal de excitação.
Durante o banho, minha mente me condenou o tempo todo, cada vez que me peguei desejando estar com o homem desconhecido com quem passei a noite.
Não seja infantil! Você é adulta e não fantasia com desconhecidos que nunca mais vai ver na vida.
Afastei o pensamento tão rápido quanto ele veio, assim que me lembrei que ainda tinha um voo pela frente. Precisava me apresentar ainda hoje à minha nova equipe.
Pensar nisso me assustou um pouco, já que eu tenho evitado fazer parte de uma equipe a dois anos. Dois longos anos. Parece pouco, já que o tempo passa tão rápido. Mas não pra mim. Esses foram os piores anos da minha vida. Eu trabalhei sozinha, correndo riscos e na maioria das vezes sem nenhum suporte. Quando você não tem mais nada, é exatamente assim que acaba.
Fazer parte de um time, pessoas em quem confia durante uma missão é uma das melhores sensações. Saber que não ficará para trás e que não deixará ninguém pra trás, isso faz você se sentir viva.
Quando me alistei no exército logo depois que a minha mãe morreu, eu estava sozinha, com raiva, não tinha disciplina e era imprudente. Eles me treinaram e então eu mudei quando percebi que não se tratava só de mim. Nós éramos uma equipe, tínhamos que cuidar uns dos outros e não estávamos ali por motivos egoístas.
Então quando tudo desabou, eu me vi completamente sozinha, sem confiar em ninguém além de mim mesma e isso me afetou. É por isso que eu preciso dar essa chance ao meu pai, ao seu pelotão e a mim mesma. Eles precisam de mim e eu preciso superar meus traumas.
Assim que cheguei ao Kansas, segui para o apartamento que meu pai providenciou no centro, o lugar era grande, bem decorado e impecável. A mobília era de extremo bom gosto, típico do general. Suspirei alto de frustração.
- Achei que iria gostar - sua voz grossa surge atrás de mim, enquanto ele caminhava vindo pelo corredor que dava acesso aos quartos.
- É sério, pai? - falei irritada quando percebi sua invasão - Você precisa parar de fazer isso!
- Ei, vai com calma, garota. Eu entrei da maneira tradicional dessa vez, como você mandou - ele disse balançando as chaves extras em sua mão.
- Nem pense que vai ficar com isso, Miller - eu disse agarrando as chaves da sua mão - E já conversamos sobre você entrar na minha casa quando não estou - eu disse furiosa e dessa vez ele pareceu entender já que formou uma careta em resposta.
Suspirei mais uma vez de raiva me posicionando na frente da grande janela da sala admirando a vista do centro. Kansas City era pacata e bonita, apesar de poucas, eu tinha ótimas lembranças da minha infância aqui.
Quando meu pai foi promovido ao posto de capitão, nós nos mudamos da Carolina do Sul para cá, então passei parte da minha infância no 'estado girassol'.
- Porque não me avisou que seu voo era hoje? Eu tinha providenciado meu avião pessoal.
Eu revirei os olhos. Era impressionante como Miller achava que todo mundo era como ele.
- Porque não tem nada de errado num voo comercial, pai. Eu não estava em serviço, então nada mais justo - respondi.
- Hum... - ele deu de ombros, admirando o lugar que escolheu - Acho que finalmente vai ter um apartamento respeitável e digno de uma moça como você. O seu em Londres era bem questionável se quer saber.
Aquilo realmente me irritou, mas eu apenas respirei fundo.
- Porque está aqui, afinal?
- Carona. E você deveria me agradecer ao invés de ficar me olhando com essa cara emburrada.
- Escuta pai, isso tem que parar. Se vamos estar na mesma equipe, você não vai poder me tratar como sua filha, entendeu?
- Você sabe muito bem que sou profissional, Samantha - ele diz seriamente - Eu só quero que possamos nos dar bem. Eu estou...
- ... Tentando. Eu sei pai, eu sei. Me desculpe.
Ele pousou sua mão gentilmente sobre meu ombro. E isso significava uma forma de carinho, ou seja, era um grande passo para o general. Eu tinha que fazer dar certo, apesar de tudo éramos família e tínhamos apenas um ao outro.
- Escuta - eu disse encarando seus olhos cansados - Eu não quero nenhum comitê de boas vindas lá.
- É o exército Samantha, não seu primeiro dia de aula - ele falou sarcasticamente e eu endureci meu olhar o fazendo recuar - Okay, já entendi - ele respondeu erguendo as mãos em sinal de rendição.
- Não quero receber nenhum tratamento diferente dos outros.
- Você não terá.
- Não quero ser tratada como sua filha.
- Sabe que isso não vai acontecer, lá eu sou o seu superior.
Eu não faço ideia se me juntar à equipe do meu pai foi uma boa decisão e ainda tentava assimilar isso. Eu me preparei mentalmente durante meses e agora não tinha certeza de absolutamente nada.
Você precisa tentar, Sam! Só tente, garota.
- Podemos ir ou você ainda tem mais alguma exigência? - ele disse contrariado.
- Vamos acabar logo com isso!