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A obsessão selvagem do magnata arrependido

Mira Vale
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Capítulo 1 Estou grávida

Thea Dawson acabara de descobrir que estava grávida. Ao sair do hospital, mal conseguia conter a empolgação enquanto segurava os resultados do exame e se apressava em ligar para o marido, Jerred Willis.

"Alô, Jerred..." A voz dela estava trêmula, e suas mãos estavam úmidas contra o papel que segurava. "Eu... preciso te contar uma coisa."

Do outro lado da linha, a resposta de Jerred carregava um frio inesperado: "Certo. Eu também tenho algo a dizer. Nos vemos em casa às sete."

Antes que Thea pudesse responder, a linha ficou muda, a deixando com o zumbido do silêncio no seu ouvido, ao passo que uma sensação de aperto se espalhava pelo seu peito.

Havia algo de estranho na voz do seu marido, mais fria do que o habitual.

Incentivando-se a não pensar muito sobre isso, ela respirou fundo para se acalmar, deu alguns tapinhas nas bochechas e forçou um pequeno sorriso.

Jerred era o CEO da maior multinacional de Braptin, e a pressão constante o deixava frustrado às vezes. Sendo assim, seu tom frio não significava necessariamente que ele estava chateado com ela.

Quando deram sete da noite em ponto, Thea já estava sentada à mesa de jantar perfeitamente arrumada, seus olhos se desviando para o relógio à medida que cada minuto se arrastava.

Querendo amenizar o que ela imaginava ter sido um dia exaustivo para Jerred, ela preparara todos os pratos favoritos dele com todo o carinho e cuidado.

No entanto, para sua surpresa, o homem que se orgulhava da pontualidade estava atrasado nesse dia.

Uma hora depois, a porta da casa se abriu e Jerred entrou, sua presença imediatamente impondo autoridade ao ambiente, enquanto o frio da noite impregnava seu casaco, que ele tirou e entregou à empregada que o aguardava.

Thea se levantou rapidamente, seu sorriso brando e acolhedor ao dizer: "O que te atrasou tanto?"

"Tive um imprevisto", ele respondeu secamente.

Com uma pasta na mão, ele se dirigiu à mesa em passos compostos, depois se sentou na cadeira e cruzou as pernas com uma elegância despreocupada.

"Você disse que queria me falar algo?" Seus olhos fitavam Thea, frios e investigativos, enquanto a comida intocada permanecia entre eles.

Num tom frígido, ele insistiu: "Diga o que tem a dizer."

O comportamento frio de seu marido fez Thea contrair os dedos sobre o colo, com a notícia da gravidez presa na garganta.

Por fim, os lábios dela se contorceram num sorriso forçado. "Você também disse que queria me contar algo. Por que não começa primeiro?"

Sem responder, Jerred mantinha os olhos fixos nela, firmes e sufocantes. Então, assumiu uma voz lenta e deliberada para declarar: "Jaylynn voltou."

Thea sentiu essas palavras a atingirem como uma maré gelada, deixando-a atordoada, pois Jaylynn, a quem seu marido se referia, era sua prima - Jaylynn Dawson, que havia crescido com ele, formando um forte vínculo entre eles desde a infância.

Há um ano, Jaylynn fora designada para ser a noiva de Jerred. Mas, por razões desconhecidas, ela desaparecera na noite anterior ao casamento.

Para proteger as duas famílias do escândalo, a família Dawson tirara Thea da sua tranquila vida no campo e a colocou nos braços de Jerred.

Embora Thea sempre soubesse que o coração de Jerred pertencia a outra, e que, no momento em que Jaylynn retornasse, ela deveria se afastar, nunca imaginara que esse dia chegaria tão abruptamente.

Ela fechou os dedos em volta do teste de gravidez amassado, escondido no bolso, antes de desviar os olhos para o documento sobre a mesa e perguntar com a voz trêmula: "Então... Isso que você trouxe é um acordo de divórcio?"

"Não. Não estou pedindo o divórcio - pelo menos por enquanto", Jerred respondeu num tom plano.

Um suspiro leve escapou dos lábios de Thea, mas esse breve alívio logo se transformou em temor, pois as palavras dele carregavam o peso da previsibilidade, sugerindo que o casamento já estava com os dias contados.

Sentindo o peito apertado, Thea deu um leve fungado. "Então o que é este documento?"

Jerred explicou calmamente: "Jaylynn me disse que decidiu desaparecer porque achava estar com uma doença terminal e não queria me preocupar com isso. Desta vez, ela não voltou para reatar nada entre nós."

Após dizer isso, ele deslizou o documento pela mesa em direção a Thea, o desdobrando com precisão deliberada. "Ela precisa da sua ajuda."

Thea ficou sem reação por um momento, até que seu olhar recaiu para os papéis sobre a mesa num gesto instintivo.

O título em negrito fez seu batimento disparar - era um relatório de compatibilidade de medula óssea. Em seguida, seus olhos percorreram as palavras científicas até que a verdade a atingiu no fundo do seu ser: sua medula óssea era compatível com a de Jaylynn.

Com seus olhos fixos no documento, uma pontada atravessou seu peito. Ela vasculhou a memória, mas não conseguia se lembrar de ter feito tal exame.

A menos que...

Um nó se formou na sua garganta conforme ela juntava as peças do quebra-cabeça. Sufocando a angústia crescente, ela ergueu os olhos para Jerred, a tristeza gravada no seu semblante.

"Dois meses atrás, quando seu assistente disse que eu precisava fazer um check-up... foi para esse teste?"

Jerred deu um aceno de cabeça breve. "Isso mesmo. Mantive isso em segredo porque o retorno de Jaylynn precisava ser sigiloso."

Cada palavra que saía da boca desse homem atingia o coração de Thea com uma força brutal.

Aquele check-up, a única vez em mais de um ano de casamento em que ele demonstrara um pingo de preocupação por ela, na verdade, não tinha nada a ver com ela.

Na época, ela ficou tão feliz, convencida de que isso indicava que o relacionamento deles finalmente estava progredindo. Mas, olhando para trás agora, parecia completamente patética.

O que antes ela acreditava ser um avanço no relacionamento deles agora se revelava como nada mais do que Jerred fazendo suas artimanhas silenciosas para ajudar a mulher que ele sempre amou.

Erguendo a cabeça, Thea fixou os olhos no marido do outro lado da mesa.

"Não vou fazer isso", ela declarou firmemente, seus dedos deslizando num gesto protetor sobre sua barriga ainda plana.

A pequena vida ali, com apenas dois meses, era frágil e preciosa demais para suportar algo assim.

Jerred foi pego de surpresa pela recusa direta, e sua expressão se enrijeceu numa carranca mal disfarçada. "Vou providenciar a melhor equipe médica e tudo será conduzido com exatidão. Você não correrá nenhum risco. A situação de Jaylynn não pode esperar."

Apesar da tempestade que se formava dentro de si, Thea mantinha seu olhar e compostura firme.

Após um longo e tenso silêncio, ela respirou fundo e disse lentamente: "Jerred... estou grávida."

            
            

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