Capítulo 1 Um casamento frágil

Brinley Shaw pousou a carta de demissão sobre a mesa do gerente de RH, alisando a borda do papel com os dedos para se certificar de que não havia um único vinco.

O gerente suspirou, resignado, antes de falar: "É uma pena que você esteja nos deixando, Brinley. Tem absoluta certeza disso?"

"Sim", respondeu Brinley com um sorriso gentil. "Quero passar mais tempo com minha família."

Ao sair do prédio da empresa, a luz do sol a ofuscou.

Semicerrando os olhos, ela tirou os óculos escuros da bolsa e os colocou.

Nesse exato momento, seu celular vibrou com uma mensagem de Ryland Francis, seu corretor de imóveis. "Senhora Palmer, a proprietária da casa de campo de seu interesse concordou em baixar o preço. A senhora pode visitá-la ainda esta tarde?"

Brinley sorriu com a boa notícia.

A pequena casa de campo nos arredores da cidade, um lugar que ela admirava havia muito tempo, ficava longe do barulho e da agitação do centro.

Talvez o ambiente tranquilo fosse o que ela precisava para salvar seu frágil casamento com Colin Palmer.

Casados havia dois anos, ela e Colin nunca tiveram intimidade.

No início, ela se convencera de que a rotina de trabalho atribulada dele era a culpada, mas, aos poucos, começou a duvidar se ainda era atraente.

Por fim, admitindo que algo precisava mudar, pedira demissão para passar mais tempo com o marido e salvar o relacionamento.

Naquela tarde, ela visitou a casa de campo, que era ainda mais charmosa pessoalmente do que nas fotos.

Os proprietários, um casal de idosos, mantinham um jardim repleto de rosas, cujo perfume adocicado pairava no ar.

De pé no meio da sala de estar ensolarada, Brinley observava a própria sombra se alongar sobre o piso polido.

"É esta. Como prosseguimos?", disse ela com a voz firme.

O rosto de Ryland se iluminou. "Excelente! Vou preparar o contrato imediatamente. A propósito, o senhor Palmer virá com a senhora para assinar?"

Brinley negou com a cabeça. "Não, ele está ocupado com o trabalho. Eu cuido disso."

"Então, combinado. Por favor, traga todos os documentos necessários amanhã para finalizarmos os trâmites."

No caminho para casa, Brinley enviou uma mensagem rápida para Colin: "Pedi demissão e encontrei uma casa que adorei. Estou planejando comprá-la."

A resposta veio quase instantaneamente: "Tão de repente? Mas, se isso te faz feliz, é o que importa. Chegarei em casa mais cedo hoje à noite. Vamos comemorar."

Um calor se espalhou por seu peito enquanto ela olhava para a tela.

Colin sempre a tratava com cuidado e ternura. Ele se lembrava de suas comidas favoritas, tinha sempre doces à mão para quando ela estava menstruada e nunca deixava um aniversário passar sem um presente atencioso.

Exceto pela recusa em ter intimidade com ela, o que a entristecia profundamente, ele era o marido quase perfeito.

Na manhã seguinte, Brinley se arrumou com esmero antes de ir para a imobiliária.

Ela escolheu um vestido rosa e branco, o mesmo que Colin sempre elogiava, dizendo ser o que mais combinava com ela.

"Senhora Palmer, por favor, se sente", Ryland a cumprimentou calorosamente. "Vou buscar o contrato."

Sorrindo, Brinley lhe entregou uma pasta. "Aqui está uma cópia da minha certidão de casamento com Colin. Gostaria de registrar o imóvel como propriedade conjunta."

Ryland pegou a pasta e digitou por um momento no computador, mas logo franziu a testa. "Que estranho... Não estou localizando seu registro de casamento no sistema."

O sorriso de Brinley vacilou. "Como assim?"

"Provavelmente é só um erro do sistema", disse Ryland apressadamente, tentando tranquilizá-la. "A senhora pode confirmar diretamente no cartório. Acontece de vez em quando."

O coração de Brinley disparou, e um mal-estar crescente a invadiu.

Forçando-se a manter a calma, ela respondeu: "Certo. Vou até lá agora mesmo."