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"Mas depois... percebi que Brinley não se parece em nada com Milly. Ela é mais doce, mais apegada a mim e... me ama de um jeito que Milly nunca amou", disse Colin, com a voz hesitante.
Vance riu com desdém. "E, mesmo percebendo isso, você ainda justifica enganá-la?"
"Eu não a engano!", a voz de Colin se elevou, áspera, antes de baixar para um sussurro. "Eu realmente me importo com ela... É que..."
"É que o quê?", pressionou Vance, impaciente.
"É que não consigo me afastar de vez de Milly", admitiu Colin, com o conflito estampado em seu rosto. "Ela foi meu primeiro amor. Quando voltou do exterior e me procurou, não tive coragem de rejeitá-la. Mas, ao mesmo tempo, não queria abrir mão de Brinley."
"Então você chegou ao ponto de forjar uma certidão de casamento, só para fazer Brinley acreditar que eram legalmente casados?", perguntou Vance, com nojo palpável na voz. "Colin, você não passa de um canalha."
Colin ficou em silêncio por um instante, antes de soltar uma risada amarga e autodepreciativa. "Sim, eu sou um canalha. Quero o fogo de Milly e a doçura de Brinley... Cheguei a fantasiar sobre como seria perfeito ter as duas na minha vida."
"Você deve estar delirando!", disparou Vance. "Se Brinley descobrisse sobre sua vida dupla, você realmente acha que ela te perdoaria?"
"Ela nunca vai saber", atalhou Colin. "Confia cegamente em mim, nunca questiona nada. Mesmo quando ligou e eu estava na cama com Milly, ela é tão ingênua que não percebeu nada de estranho."
Essas palavras atingiram o coração de Brinley como um golpe brutal.
Ela se virou e caminhou em silêncio até o elevador, se movendo como se flutuasse por uma névoa densa.
O homem que amara por dois anos inteiros não passava de um mentiroso!
...
Brinley mal se lembrava de como chegara em casa.
Ainda em transe, destrancou a porta e foi para a cozinha, onde começou a preparar o jantar com gestos automáticos.
Às seis e meia, ela ouviu o som da chave girando na fechadura.
Colin entrou, esbanjando seu charme habitual e trazendo um buquê de lírios frescos.
"Estou de volta." Ele se inclinou e depositou um beijo na testa de Brinley com um sorriso caloroso.
Forçando um sorriso, ela aceitou as flores.
Sem notar a tensão no corpo dela, Colin tirou o paletó e aspirou o aroma no ar. "Hum, o que está cozinhando? O cheiro está delicioso."
"Seu prato favorito. Carne grelhada." Brinley se virou para colocar as flores num vaso, usando o movimento para esconder a frieza que dominava seu rosto.
Durante todo o jantar, Brinley mantinha os olhos fixos nele, estudando cada gesto.
O celular de Colin permanecia sobre a mesa, com a tela virada para baixo. De vez em quando, ele lançava um olhar furtivo na direção do aparelho, como se esperasse uma mensagem.
"Estou com um pouco de dor de cabeça", murmurou Brinley após o jantar. "Você poderia pegar um remédio para mim lá em cima? Está na gaveta do criado-mudo."
"Claro", disse Colin, se levantando de imediato. "Fique aqui descansando."
Assim que ele subiu, Brinley agarrou o celular dele.
A tela acendeu, exigindo uma senha.
Ela tentou a data do seu aniversário e, em seguida, a do aniversário de namoro deles, mas nenhuma funcionou.
Quando estava prestes a tentar novamente, uma notificação de mensagem apareceu na tela. "Colin, notícia maravilhosa: estou grávida!"
Os dedos de Brinley congelaram sobre a tela, e ela ficou encarando a tela, em choque. As palavras a perfuraram como aço em brasa.
Só quando ouviu os passos de Colin na escada, ela se moveu, largando o celular de volta na mesa, em pânico.
Colin voltou com os comprimidos e um copo de água. "Você não parece bem. Quer ir para a cama mais cedo?"
Brinley aceitou os comprimidos, fingindo engoli-los, e respondeu: "Estou bem. A propósito... aconteceu alguma coisa no trabalho? Você não parou de olhar para o celular durante o jantar."
Por um instante, Colin ficou tenso, mas rapidamente se recompôs. "Sim, um problema em um projeto. Talvez eu precise voltar para o escritório mais tarde."
"Então vá", disse Brinley, com um sorriso amável enquanto sentia o coração se partir em mil pedaços. "O trabalho vem sempre em primeiro lugar."
Colin vestiu o casaco e, antes de sair, deu um beijo na bochecha dela. "Não me espere acordada. Descanse bem."
Assim que a porta se fechou, o sorriso de Brinley desmoronou.
Lágrimas encheram seus olhos, mas ela ergueu a cabeça, teimosa, se recusando a chorar.
Após um longo conflito interno, ela finalmente pegou o celular com a mão trêmula e discou um número para o qual não ligava havia dois anos.
"Pai, eu me decidi. Vou voltar para casa... e aceitar o casamento arranjado que o senhor propôs!"