Capítulo 5 Retratada como uma mulher desesperada e carente

"Brinley!" A voz de Colin rompeu o alvoroço. Ele abriu caminho por entre os curiosos, com passos apressados pela urgência, e parou bem diante dela.

Por um instante, seu peito se apertou com o medo de que ela pudesse desaparecer de novo, escapando por entre seus dedos como antes e deixando-o a perseguir sombras.

Logo, os olhos dos dois se encontraram.

Ao notar o olhar frio dela, a respiração de Colin falhou, e as palavras que preparara morreram em seus lábios. A alegria que se acendera em seu peito se apagou num instante, sua expressão endureceu, e seu tom de voz se tornou cortante, carregada de raiva: "O que você está fazendo aqui? E por que desapareceu sem dizer uma palavra? Você tem ideia de quanto tempo e dinheiro eu gastei para te encontrar? Me diga que você não me trocou por outro, como dizem os boatos."

As perguntas ríspidas fizeram todas as cabeças se voltarem para Brinley, os olhares curiosos a cortando como lâminas.

Milly correu para o lado de Colin, segurando seu braço com uma urgência contida. "Colin, por favor, se acalme e conversem. A senhorita Shaw deve ter tido seus motivos para desaparecer sem avisar."

Ela então se voltou para Brinley, o tom simpático, mas com um sutil toque de reprovação: "Senhorita Shaw, eu entendo que ainda tenha sentimentos por Colin, mas você deveria ter seguido em frente. Desaparecer e reaparecer de repente... só torna as coisas mais difíceis para todos."

Suas palavras, embora soassem como um conselho gentil, pintavam um retrato de Brinley como uma mulher desesperada e carente, uma caricatura da obsessão. O julgamento pesava no ar, e os sussurros ao redor se tornavam mais afiados, mais impiedosos.

"Exatamente. O que ela ainda quer aqui, se Colin já seguiu em frente?"

"Milly está sendo muito generosa. Se fosse eu, já teria perdido a paciência."

"Este é um evento da família Knight. Não deixam qualquer um entrar. Como ela passou pela segurança? Onde está o organizador? Alguém precisa tirar essa mulher daqui!"

"Sinceramente, a presença dela já rebaixa o nível do evento."

A inquietação se espalhou, e os sussurros se transformaram em uma onda de indignação, até que alguém foi chamar o organizador para exigir a expulsão de Brinley.

Ouvindo a persuasão dissimulada de Milly e o coro crescente de desprezo ao seu redor, Colin soltou um suspiro pesado de exaustão. "Brinley, eu sei que você se arrepende de ter me deixado. Por que não pede desculpas? Por respeito à nossa... história, posso até falar com a senhora Knight em seu favor e ajudar você a ficar."

Brinley apenas soltou uma risada de escárnio, lhe lançando um olhar frio e distante que era uma advertência silenciosa para que mantivesse distância.

Erguendo a taça, ela tomou um gole de vinho sem pressa, o rosto sereno e impassível em meio à tensão.

Essa indiferença calculada feria mais do que qualquer resposta ríspida jamais poderia.

Um lampejo de orgulho ferido turvou a expressão de Colin.

Antes que Colin pudesse dizer outra palavra, um homem atarracado, de meia-idade, se aproximou às pressas.

Ele, o assistente do organizador, olhou para Brinley, seu tom de voz seco e hostil: "Senhorita, este é um evento privado. Se não tem convite, terei que pedir que se retire."

A multidão se inclinou para frente com expectativa indisfarçada, ansiosa para ver Brinley ser humilhada e expulsa.

Brinley arqueou uma sobrancelha, e uma risada baixa e indecifrável escapou de seus lábios, mas ela não ofereceu resposta.

Colin, incomodado com o silêncio dela, se aproximou, sua voz tensa de urgência: "Brinley, você prefere mesmo ser expulsa a me dar uma resposta, ou até mesmo um pedido de desculpas?"

Milly cerrou os punhos, embora mantivesse um sorriso suave e compreensivo no rosto. "Senhorita Shaw, seja sensata. Peça desculpas a Colin. Com todos esses olhos sobre você, por que se submeter a mais vergonha?"

Todos os olhares no salão se fixaram em Brinley, esperando seu próximo movimento como se ela fosse a atração da noite.

O ar parecia se comprimir, pesado de suspense e da promessa de zombaria.

Brinley finalmente deixou sua sobremesa de lado, limpando a ponta dos dedos com um guardanapo antes de erguer o olhar para além de Colin e Milly, na direção da figura que se aproximava.

"Mathew!" Uma voz imponente, carregada de autoridade, soou pelo salão.

Mathew Patel, o homem de meia-idade, se virou, pronto para informar a seu superior que Brinley não tinha convite, mas o olhar cortante do recém-chegado congelou as palavras em sua garganta.

Sem sequer olhar para Colin, Ryan foi diretamente até Brinley e a abordou com um tom deferente: "Senhorita Shaw, peço sinceras desculpas pela afronta que sofreu! A culpa é inteiramente minha por não ter instruído meu assistente corretamente. Por favor, perdoe esta falha!"

Todo o sangue sumiu do rosto de Mathew. "Ryan, eu..."

Sua tentativa de explicação foi esmagada pelo olhar gélido de Ryan, que o silenciou por completo.

A voz de Ryan adquiriu uma calma calculada que carregava mais peso do que qualquer grito ao perguntar, cada palavra carregada de uma autoridade silenciosa: "Quem te deu o direito de desrespeitar nossa convidada na frente de todos? Como pôde simplesmente presumir que ela entrou sem convite?"

O rosto de Mathew perdia a cor a cada sílaba.

A multidão prendeu a respiração, estupefata com a reviravolta inesperada.

Ryan era o mordomo da família Knight, um homem que servia fielmente a Thalia Knight por três décadas, e sua voz tinha peso nos círculos mais altos de Bleron.

No entanto, ali estava ele, tratando Brinley com uma deferência inconfundível.

Sussurros se espalharam entre os presentes. Por que Ryan tratava Brinley com tanto respeito?

A família Shaw já não havia cortado relações com ela?

"Senhorita Shaw, por favor, perdoe o incidente", disse Ryan mais uma vez, a voz respeitosa, mas com um toque de nervosa submissão. "Eu sei que Mathew a desagradou, e tomarei as devidas providências a respeito dele imediatamente. A senhorita prefere descansar no lounge VIP, ou..."

Suas palavras se perderam no ar, a ansiedade crescendo.

Thalia o instruíra a tratar Brinley com o máximo cuidado, mas, nos poucos minutos em que esteve ausente, tudo ruíra.

Brinley girava distraidamente o champanhe na taça, a expressão composta. "Seguirei qualquer disposição que a senhora Knight tenha feito."

"Entendido!", Ryan assentiu enquanto fazia um gesto para que ela o acompanhasse. "O lounge foi preparado com refrescos. A senhora Knight estava justamente falando sobre você."

Suas palavras provocaram um novo murmúrio de espanto na multidão.

Thalia era a rainha indiscutível do mercado imobiliário de Bleron, uma mulher a quem até o prefeito reverenciava.

Pelo amor de Deus! Ela estava pessoalmente recebendo Brinley!

O olhar de Colin se fixou em Brinley, a expressão uma mistura de descrença e inquietação. As palavras se formaram em sua garganta, mas se desfizeram quando Brinley passou por ele, com a postura impecável, seguindo Ryan em direção ao lounge.

Milly segurou o braço de Colin, sentindo a tensão rígida que percorria o corpo dele.

Enquanto Ryan guiava Brinley até a grande escadaria em espiral que levava ao lounge VIP no segundo andar, Mathew caiu de joelhos em um gesto desesperado. "Senhorita Shaw, por favor, aceite minhas desculpas pela minha grosseria. Por favor... tenha misericórdia de mim só desta vez!"

Brinley nem pestanejou, sem lhe dedicar um único olhar.

Ryan, por outro lado, estacou e fitou Mathew com um olhar gélido. "Você quebrou as regras da família. É por isso que está demitido, não por causa da senhorita Shaw."

Ele ergueu a mão, sinalizando para os seguranças próximos antes de proferir seu veredito com autoridade firme: "Escortem-no para fora. Avisem o RH que o contrato dele está encerrado. E deixem claro que ele jamais será contratado novamente por esta casa."

"Espere! Ryan, por favor, não faça isso!" Os gritos desesperados de Mathew ecoaram por um momento antes de serem abafados quando os seguranças o arrastaram para fora.

Um silêncio pesado recaiu sobre o salão de banquetes. Os convidados ficaram imóveis, chocados com a rapidez com que o julgamento fora executado.

Aqueles que haviam zombado de Brinley minutos antes agora sentiam um calafrio na espinha.