Capítulo 2 Apenas uma substituta

O funcionário do cartório ajeitou os óculos, examinou a cópia da certidão de casamento repetidas vezes e, por fim, declarou: "Senhora, o documento que a senhora apresentou é falso. Não consta nenhum registro de casamento entre a senhora e o senhor Colin Palmer em nossos arquivos."

Brinley enrijeceu, tentou responder, mas nenhum som lhe saiu da boca, seus lábios apenas tremendo em um espasmo.

"Isso... isso não pode ser verdade", ela murmurou por fim, a voz quase inaudível. "Nós nos casamos aqui... há dois anos..."

O funcionário negou com a cabeça, o olhar compassivo. "Sinto muito, senhora, mas esta é a verdade. Não encontro nenhuma informação sobre o seu casamento em nosso sistema. Se acredita que foi vítima de um golpe, o melhor a fazer é procurar a polícia."

Rígida, Brinley assentiu e pegou a cópia da certidão que ele lhe estendia.

Seus dedos tremeram ao tocar a borda do papel.

O documento que guardara com tanto carinho por dois anos era, no fim das contas, uma farsa. Que absurdo!

Do lado de fora do cartório, Brinley parou nos degraus, atordoada.

Uma verdadeira tempestade se formava em sua mente, ameaçando consumi-la.

Como precisava de tempo e de um lugar silencioso para colocar os pensamentos em ordem, ela entrou em uma cafeteria próxima e pediu um café gelado, forte e amargo.

O sabor intenso lhe encheu a boca, mas não se comparava à amargura que lhe corroía o coração.

Nesse exato momento, a tela de seu celular se acendeu com uma mensagem de Colin: "Brinley, o que você quer para o jantar? Pego algo na volta do trabalho."

Uma onda de náusea a invadiu enquanto encarava a mensagem na tela.

Tomando uma respiração trêmula, ela digitou: "Não se preocupe. Eu cozinho."

A resposta de Colin foi quase instantânea: "Certo. Chego em casa no horário de sempre."

Brinley não respondeu e olhou para o relógio: três e meia da tarde. Então, decidiu ir até o escritório dele, sem avisar.

A empresa de tecnologia dele ficava em uma torre moderna na Zona Leste da cidade.

Ela já levara almoço para Colin ali tantas vezes que a recepcionista a reconheceu de imediato, cumprimentando-a com um sorriso e gesticulando para que entrasse.

O elevador a levou até o 28º andar.

Enquanto seguia o caminho familiar até o escritório de Colin, ela ouviu a voz dele, inconfundível, vinda da copa, ao virar um corredor.

"Estou dividido, sabe... Eu simplesmente não consigo me desapegar de Milly."

Brinley paralisou, como se o mundo tivesse congelado ao seu redor.

Em silêncio, ela recuou e se encostou a uma coluna, aguçando os ouvidos.

"E o que você pretende fazer?", perguntou uma voz masculina.

Brinley a reconheceu de imediato: era de Vance Graham, um amigo próximo de Colin.

"Você planeja ficar com Brinley enquanto se casa com Milly Russell? Colin, isso não é justo."

As palavras a atingiram como um soco no estômago, e ela precisou se apoiar na parede para não cair.

Milly Russell? Quem era essa mulher? Colin ia se casar com ela?

Cada palavra era como uma faca se cravando em seu peito.

"Eu sei que não é justo", admitiu Colin com um suspiro cansado. "Mas quando Milly foi para o exterior por causa da carreira, eu fiquei arrasado. E então Brinley apareceu... Ela me lembrava tanto Milly que estar com ela foi um consolo para o meu coração partido."

Brinley mordeu o lábio inferior com força, até sentir o gosto metálico de sangue na boca. Ela o lembrava de Milly?

Então era isso que ela significava para ele? Apenas uma substituta?

            
            

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