A babá do meu filho
img img A babá do meu filho img Capítulo 2 Íntimos
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Capítulo 6 Um problema img
Capítulo 7 Onde está meu filho img
Capítulo 8 Você está muito quieta img
Capítulo 9 Encontre o meu filho img
Capítulo 10 Injusto img
Capítulo 11 O meu filho precisa de mim img
Capítulo 12 Não saia desse quarto img
Capítulo 13 O dinheiro do resgate img
Capítulo 14 Vamos conversar! img
Capítulo 15 Uma espiã img
Capítulo 16 Você me magoou muito img
Capítulo 17 O grego que amei img
Capítulo 18 Ninguém vai tocar em você! img
Capítulo 19 O peso da liberdade img
Capítulo 20 Fica quietinha img
Capítulo 21 Desafiando a morte img
Capítulo 22 Intocáveis img
Capítulo 23 Sem fôlego img
Capítulo 24 Se agapo img
Capítulo 25 Uma viagem de negócios img
Capítulo 26 Sim, quero casar img
Capítulo 27 Adeus, papai! img
Capítulo 28 Estúpido img
Capítulo 29 A escolha certa img
Capítulo 30 Quero ficar com você! img
Capítulo 31 Uma vida nova img
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Capítulo 2 Íntimos

Ponto de vista de Perséfone.

Durante o café da manhã. Eu tentava alimentá-lo, mas Ícaro franziu a testa, apertados os lábios em recusa quando eu tentei lhe dar um pouco de iogurte grego.

- Coma mais um pouco - murmurei, passando o polegar em seu queixo.

Ele afastou minha mão com um muxoxo mal-humorado. Ícaro queria ir pra escola e brincar com os amiguinhos, mas ficou chateado quando soube que passaria a ter aulas em casa.

A professora Léa e o Apolo não estavam sentados à mesa conosco. Provavelmente, eles deviam estar bem íntimos no escritório.

A governanta surgiu à porta com passos leves e silenciosos, trazendo mais um recado:

- Perséfone... - falou, mantendo a postura ereta e as mãos unidas na frente do avental. - O senhor Apolo está perguntando pelo filho.

- Ícaro ainda não acabou de tomar o café. Mas está pronto - acariciei os cabelos dele, depois me levantei com cuidado. - Vamos! - falei, guiando-o pela mão.

A governanta saiu e desapareceu no corredor. Suspirei antes de me abaixar, ficando na altura do meu pequeno.

"Um dia, vou tirar você daqui e te levar para longe de todo este horror." Prometi em meus pensamentos.

- Vamos ver a professora Léa? - sugeri, tentando animá-lo com um sorriso.

Segurando sua mão pequena e quente, conduzi Ícaro até a sala de estudos. Era um cômodo amplo, com janelas abertas que deixavam entrar a luz da manhã francesa. Sobre a grande mesa de carvalho, repousavam livros infantis, lápis de cor e um globo antigo que girava lentamente com a brisa.

Ícaro fitou a professora com olhos aflitos e balançou a cabeça negativamente.

- Quero ir para a escola - A voz embargada do meu filho mal disfarçava o choro iminente.

Ícaro correu na direção contrária, buscando uma saída, mas parou abruptamente quando dois seguranças surgiram no final do corredor, bloqueando o caminho. Não havia para onde fugir.

Ao chegar perto dele, eu me abaixei, abraçando-o com força.

Meu filho era apenas uma criança que sentia falta da rotina, dos coleguinhas, dos sorrisos que não precisavam ser contidos e monitorados dentro daquela casa. Mas a escolha havia sido retirada de nós, não havia mais liberdade.

- Hoje a aula será aqui, querido.

Mas Ícaro já estava aos prantos. Suas mãos pequenas agarraram a minha cintura com força, enquanto a boca se escancarava em um choro alto e inconformado. A cada soluço, o corpinho estremecia, e eu o abracei mais forte, sentindo sua dor como se fosse a minha.

"É por sua causa que eu estou aqui, meu anjo. Por sua causa, eu aceito ser chamada de babá."

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Ponto de vista de Apolo.

Sentado atrás da minha mesa do escritório, eu prestava atenção no monitor do laptop que transmitia a cena de Ícaro agarrado à babá, chorando. Fechei o notebook e respirei fundo quando comecei a sentir aquela maldita dor na perna, quando empurrei a cadeira para trás. O rangido das rodinhas foi abafado pelo toque da ponta no mármore.

Eu me levantei com esforço. A perna boa recebia meu peso, enquanto eu colocava todo o meu peso na outra.

Mancando, eu atravessei o escritório. Do corredor, ouvia o choro do meu filho.

Quando me aproximei, ele parou de chorar e começou a soluçar.

Não disse nada de imediato. Endireitei a postura, apoiando o punho sobre o cabo entalhado da bengala de madeira escura. Meus dedos apertavam a peça com uma força que canalizava a dor.

- O que está acontecendo aqui? - perguntei.

- Ícaro queria ir à escola hoje - disse Perséfone.

Desviei os olhos para o rosto do meu filho, que estava escondido na lateral da mãe. O Ícaro não era mais um bebê. Ele precisa de disciplina, não de mimos.

- Ícaro, vá para a sala - ordenei.

Senti a dor na perna se intensificar, mas endireitei os ombros. A posição de autoridade era inegociável.

Os olhos da professora buscaram os meus antes de dizer:

- Ele só está confuso. Foi tudo muito repentino.

- Confuso? - repeti, e a palavra saiu com a acidez de um limão grego. - Ícaro não está doente e nem mesmo com febre. E você não está aqui para justificar os caprichos dele, professora Léa.

Perséfone segurou a mão pequena de Ícaro e recuou um passo. O garoto se agarrou a ela com mais força.

- Ícaro - chamei, com o tom mais brando, mas ainda duro. - Olhe para mim.

Ele ergueu o rosto molhado e os olhos marejados.

- Hoje você vai estudar aqui. A professora Léa já está esperando. Agora, vá para a sala.

Mesmo soluçando, Ícaro entrou com passos inseguros até a sala de estudos. Ele parou na porta e se virou.

Fiquei em silêncio, observando-o desaparecer. Só então me voltei novamente para Perséfone.

- Não admito esse tipo de espetáculo nesta casa - disparei, frio.

Ela era o problema. Vivia mimando o garoto e fazia tudo o que ele pedia.

- Crianças choram - Perséfone teve a audácia de me desafiar.

Mancando com dificuldade, parei a poucos centímetros e olhei para ela, examinando-a como um erro em minha organização meticulosa.

- Você é só uma funcionária nesta casa - articulei. - Ponha-se no seu lugar e pare de mimar o Ícaro.

A professora Léa surgiu na porta novamente e sorriu antes de propor:

- A babá do Ícaro pode ficar aqui durante a aula se o senhor permitir.

Espremi os olhos enquanto estudava Perséfone, sentindo o calor nos olhos dela, que queimavam de revolta. Desviei o rosto para Léa e, a contragosto, concordei com um leve movimento de cabeça. Mais uma desordem tolerada.

Virei-me com o mesmo movimento claudicante de sempre. O som da bengala tocando o chão preencheu novamente o corredor.

            
            

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