Queimar o Império Dele Pela Minha Irmã
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Júlia Campos:

Os olhos de Leo se fixaram nos meus. Por uma fração de segundo, vi um lampejo de algo - pânico, talvez até culpa - antes que sua expressão se endurecesse em uma máscara de fria irritação.

Ele gentilmente empurrou Bárbara para trás dele, um gesto protetor que pareceu um tapa na minha cara, e começou a andar em minha direção.

"Júlia", ele disse, sua voz baixa e perigosa. "O que você está fazendo aqui?"

Ele parou a alguns metros de distância, sua figura imponente projetando uma longa sombra sobre mim. Ele me olhou de cima a baixo, observando meu vestido preto simples, as olheiras escuras sob meus olhos. Um lampejo de algo que poderia ter sido pena cruzou seu rosto.

"Você está bem?", ele perguntou, a pergunta tão absurdamente falsa que me deu vontade de gritar.

Ele estendeu a mão para o meu braço, mas eu me afastei como se seu toque fosse fogo. "Não me toque."

"Por que você está aqui, Júlia?", perguntei, minha voz um sussurro quebrado que não parecia meu. "Na nossa casa? Com ela?"

Bárbara espiou por trás dele, seu rosto um retrato perfeito de inocência de olhos arregalados. Era o mesmo olhar que ela aperfeiçoou no colégio, logo antes de me fazer ser suspensa por algo que ela tinha feito.

"Ah, Júlia", ela disse, sua voz escorrendo falsa simpatia. "Sinto muito. Leo me disse que vocês dois estavam com problemas. Eu não queria atrapalhar."

Ela deu um passo à frente, colocando uma mão delicada no braço de Leo. "Talvez eu devesse ir, Leo. Claramente é um mau momento."

Ela estava se fazendo de vítima, me posicionando como a ex-esposa histérica e intrometida. Foi uma atuação magistral.

"Fique bem aqui, Bárbara", ordenou Leo, seus olhos nunca deixando meu rosto. Ele a via como frágil, necessitando de sua proteção. Ele me via como a ameaça.

"Não se atreva a falar comigo, Bárbara", retruquei, meu olhar finalmente se voltando para ela. A visão de seu rosto presunçoso e bonito fez meu estômago revirar.

Lágrimas instantaneamente brotaram nos olhos de Bárbara. Era um talento que ela tinha, chorar sob comando. "Eu... eu só estava tentando ser legal", ela choramingou, virando o rosto para o peito de Leo. "Ela está me assustando, Leo."

"Ela está certa, Leo", Bárbara soluçou, sua voz abafada contra a camisa cara dele. "A culpa é toda minha. Se ao menos o Benjamin não tivesse ficado doente... se o veterinário não tivesse insistido no helicóptero..." Ela estava girando a faca, lembrando-o, lembrando-me, da escolha que ele havia feito, mas enquadrando-a como um acidente infeliz.

Os braços de Leo se apertaram em volta dela, sua mandíbula cerrada. Ele olhou para mim, seus olhos cheios de decepção, como se eu fosse a irracional. "Júlia, pare com isso. Você está a deixando nervosa."

Meu coração, que eu pensei já ter sido quebrado em um milhão de pedaços, se partiu novamente. Ele a estava defendendo. Ele estava defendendo a mulher cujo capricho egoísta custou a vida da minha irmã.

Minha mente voltou para o colégio. Para Bárbara e suas amigas me encurralando no vestiário, me segurando enquanto cortavam pedaços do meu cabelo com uma tesoura de artesanato. Para elas colocando um sapo morto no estojo do meu violoncelo, suas entranhas manchando a madeira polida que eu economizei por meses para comprar.

Lembro-me de correr para Leo, que era do último ano na época, o garoto aterrorizante e magnético de quem todos tinham medo. Mostrei a ele meu instrumento arruinado, meu cabelo massacrado, lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Ele me abraçou, suas mãos surpreendentemente gentis, e prometeu: "Eu vou fazê-las pagar, Júlia. Eu juro. Ninguém nunca mais vai te machucar."

E agora, aqui estava ele, segurando a mesma garota em seus braços, protegendo-a de mim. A ironia era tão amarga que tinha gosto de veneno.

Devo ter ficado em silêncio por muito tempo, perdida nos destroços do passado, porque a expressão de Leo suavizou ligeiramente. Ele deu um passo à frente.

"Júlia, não vamos fazer isso aqui", ele disse, sua voz baixando para o tom baixo e persuasivo que ele usava em salas de reunião. "Entre no carro. Eu te levo para casa."

"Nós estamos em casa", eu disse, as palavras ocas.

Bárbara, sempre a atriz, enxugou suas lágrimas falsas e deu um passo em minha direção, sua mão estendida. "Júlia, vamos deixar tudo isso para trás. Podemos ser amigas..."

A ideia de sua mão me tocando era tão repulsiva que recuei instintivamente, puxando meu braço bruscamente. "Fique longe de mim."

Foi um movimento pequeno e defensivo, mas Bárbara o usou. Ela soltou um suspiro teatral, tropeçou para trás e desabou no gramado impecável, como se eu a tivesse empurrado com toda a minha força.

"Ai!", ela gritou, segurando o tornozelo. "Você me empurrou!"

Leo estava ao lado dela em um instante, seu rosto uma máscara de fúria trovejante. Ele olhou de suas lágrimas fingidas para o meu rosto atordoado, e seus olhos se endureceram.

"Que diabos você fez, Júlia?"

            
            

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