Capítulo 8 Oito

PONTO DE VISTA DE OLIVIA:

O sol estava nascendo e um raio de luz atingiu meu rosto, acordei e lentamente abri meus olhos.

Ontem à noite, após chorar por horas, eu fiquei exausta. A tia Lilly ficou ao meu lado até eu adormecer.

Me sentei na cama e foi então que senti os cheiros. Baunilha, café e chocolate.

O aroma de baunilha e chocolate estava impregnado em ambos os lados da cama e o aroma de café estava no pé da cama.

Por que os cheiros deles estão no meu quarto?

Eles estiveram aqui ontem à noite?

"Por que eles estariam aqui? Devem ter vindo esfregar na minha cara o quão felizes eles estavam diante do meu sofrimento." Eu ri amargamente.

Segui em direção ao banheiro. Tomei banho e me preparei para começar o dia.

"Eles estão tentando me machucar de todo jeito. Quanto mais eu me magoar e demonstrar que estou sofrendo, mais satisfeitos eles ficarão. Por isso, não vou deixá-los perceber que suas palavras estarão me afetando. Eu não vou deixar que eles tenham sucesso com esse plano doentio." Eu disse a mim mesmo com determinação e respirei fundo.

"Sim, é isso. É isso que vou fazer. Serei forte." Eu balancei a cabeça e me encorajei.

Depois de me arrumar, eu fui em direção a cozinha.

Como sempre, apenas ignorei os Ômegas e comecei a trabalhar.

Os trigêmeos chegaram e pude sentir o seu olhar sobre mim. Eu os ignorei e continuei trabalhando.

"Basta apenas colocar os pratos sobre a mesa." Eu pedi a um dos Ômegas.

Ela me encarou, como se dissesse "Você está realmente dando ordens para mim?"

"Eu não vou fazer todo o trabalho sozinha. Sem contar que Erik colocou vocês aqui à disposição para me ajudar, não é? Então faça o que estou pedindo." Eu disse sem nem ao menos olhar para ela.

"Mas eu..." Ela ainda tentou protestar.

"Faça o que estou mandando ou a situação vai ficar feia para você, Ômega." Eleanor assumiu o controle e eu encarei a Ômega. Eu sabia que os meus olhos definitivamente apareceriam como os de Eleonor.

Ela e os outros Ômegas sobressaltaram-se.

Sem dizer mais nada, ela começou a trabalhar imediatamente.

Eu sorri quando percebi o medo em seus olhos.

Não entendi a razão por trás dessa mudança repentina em minha personalidade.

Estava perdida em meus pensamentos, concentrada no trabalho quando um rapaz veio e me cumprimentou.

Eu acordei dos meus devaneios e me virei para ele.

"Oi, como?" Respondi, ainda um pouco confusa.

"Olá minha linda. Posso saber qual o seu nome?" Ele perguntou com um sorriso no rosto.

Deveria ser recém-chegado por aqui. Ele tinha cabelos ruivos, olhos azuis bem clarinhos e traços suaves. Ele era muito bonito.

"Sou Olivia, você é novo por aqui?" Eu perguntei arqueando a sobrancelha.

Se ele não era novo por aqui, deveria pelo menos ter ouvido falar de mim. Afinal, se soubesse quem eu era, já teria a sua opinião formada sobre mim.

"Ah, sim. Eu acabei de chegar na semana passada." Ele respondeu com um sorriso triste no rosto.

"Ah, o que aconteceu?" Perguntei.

"Bem, a minha matilha foi praticamente dizimada por um grupo de Carmesim e eu não tinha para onde ir. Então os Alfas decidiram me acolher em sua matilha. Eles foram muito gentis comigo." Respondeu ele.

"Ah, sim. Realmente. Eles são muito gentis mesmo." Comentei sarcasticamente, lembrando do comportamento deles comigo.

"Tem alguma coisa errada, Olivia? Disse algo para te ofender?" Perguntou ele um pouco confuso.

"Não, claro que não. Qual o seu nome?" Perguntei, mudando de assunto.

"Sou Liam." Ele sorriu.

"Muito prazer em conhecê-lo, Liam." Eu sorri de volta.

"Prazer em conhecê-la também, Olivia. Sabe, você é muito bonita." Eu corei após o seu elogio.

"Ah, muito obrigada... Eu..." Antes que eu pudesse terminar de falar, a voz de Lucas explodiu atrás dele.

"Ah, então você conheceu o nosso integrante mais especial." Liam olhou para trás e se deparou com Lucas e os outros dois trigêmeos.

Era um pouco diferente vê-los sem as suas namoradas a tiracolo.

"Ah, sim. Acabei de conhecê-la. E devo dizer, Alfas, ela é realmente muito bonita." Respondeu Liam sorrindo.

Definitivamente, os trigêmeos não tinham falado nada sobre mim para ele, senão, ele já estaria me odiando.

O olhar de Lucas ficou sombrio.

Ele parecia estar extremamente irritado. Mas... Por quê?

"Claro, afinal, todos precisam de um rosto bonito para esconder seu lado maligno." As palavras de Benjamin ecoaram dentro de mim.

"Eu não entendi o que você está querendo dizer, Alfa." Liam parecia confuso.

"Você já deve ter ouvido falar do Beta Oliver Wilson, ou como ele é mais conhecido, o traidor. Essa é a filha dele." Alex explicou.

A forma como ele pronunciou o nome de meu pai me deixou igualmente zangada e triste.

Liam pareceu chocado por um segundo, mas rapidamente ficou triste.

Ele me observou com um olhar simpático.

Será que ele não vai me odiar?

Fui pega de surpresa com a sua reação.

"Conversamos mais depois, Olivia. Foi um prazer conhecê-la." Ele me disse com um sorriso.

"Muito obrigada." Devolvi o sorriso para ele.

Ele se curvou para os trigêmeos e saiu.

Eu os observei, eles pareciam furiosos.

Por que se importavam que eu conversasse com outras pessoas? Eles me odeiam, não se importam comigo.

"Você não deixa passar uma chance de demonstrar que você não passa de um lixo, não é?" Lucas explodiu, olhando para mim com raiva e nojo, causando mais uma pontada de dor em meu coração.

Mas eu não deixei a dor refletir em meu rosto.

"Muito obrigada." Respondi sorrindo para ele, fazendo-o ficar chocado. Porém, rapidamente sua expressão ficou ainda mais furiosa

Ele parecia ameaçador. Comecei a ficar com medo.

Ele estava prestes a dar um passo em minha direção quando Benjamin interveio.

"Há muitos integrantes da matilha aqui. Não queremos que eles saibam que temos esse lixo como companheira." Benjamin advertiu.

Novamente, meu coração quebrou-se em mil pedaços por causa de suas palavras.

Eu sou tão ruim assim?

"Venha para o meu quarto. Agora." Lucas ordenou com sua voz de Alfa e saiu da cozinha furioso.

"Eu preciso terminar de preparar o café da manhã." Eu respondi.

"Deixe que os Ômegas cuidem disso." Alex retrucou e eu não tinha outra saída a não ser obedecer.

E assim, ambos saíram da cozinha também.

Eu apenas respirei fundo e comecei em direção ao quarto de Lucas.

Andando lentamente e com medo.

Porque eu realmente não estava com vontade de continuar ouvindo seus xingamentos e suas palavras grosseiras. Eles já tinham me machucado o suficiente para uma manhã.

Suas palavras atingiam a mim e a minha loba.

Só de observá-los já era dolorido o bastante, pois ao vê-los, a imagem de suas namoradas sorrindo surgia em minha mente.

Assim que cheguei na entrada do quarto de Lucas, Benjamim abriu a porta.

Ele me segurou pelo pulso, provocando arrepios por todo o meu corpo e me puxou com força para dentro do quarto.

Foi então que vi Alex trancando a porta.

Me afastei dos dois e bati as costas na parede. Novamente, senti arrepios percorrer o meu corpo.

Espere um momento, uma parede me dando arrepios?

Olhei para trás e me deparei com Lucas.

Minha respiração ficou ofegante.

Era terrível estar sozinha no mesmo quarto com eles.

Havia tanta tensão no ar.

Afinal, por que eles me chamaram aqui?

Fiquei com medo deles.