Capítulo 9 Ela é a minha companheira

PONTO DE VISTA DA SERENA:

Achei um pequeno depósito bem atrás da mansão. Para disfarçar o meu cheiro, derramei uma garrafa de desinfetante no chão. Não demorou muito para que o cheiro forte tomasse conta de todo o espaço estreito e fechado, e também, acabei com uma forte dor de cabeça.

Porém, não tinha jeito, tinha que aguentar por um tempo. Escapei pela janela do banheiro, que dava para um rio e para floresta. Mais longe, se via um grande deserto. Parecia uma rota perfeita para fugir. Sendo assim, provavelmente, Peter e Alvin, acharam que corri na direção do deserto. Esperava que eles não descobrissem que na verdade, estava escondida atrás da mansão.

Um tímido raio de luz entrou pela fenda da parede de madeira do depósito. Gradualmente, a luz foi diminuindo e a noite chegou. Peter tinha mencionado que a festa terminaria na manhã do dia seguinte. A essa altura, os convidados estariam deixando a mansão, e os empregados começariam a limpeza. Todos na mansão estariam ocupados então, achei que era um bom momento para escapar sem ser notada.

Passei a noite toda acordada. Quando percebi, o céu tinha se iluminado novamente e escutei um som vindo lá de fora, prendia respiração o máximo que podia.

"Serena", uma voz gritou o meu nome de repente.

"O quê, quem? Quem está aí?" Fiquei muito assustada.

"Sou eu, Molly!"

Olhei ao redor e não pude ver mais ninguém. De repente, percebi que era a minha loba quem estava chamando. Hoje é oficialmente o meu aniversário, estou completando dezoito anos e minha loba finalmente apareceu.

"Molly, sinto muito por envolvê-la nesta situação, justo quando você aparece pela primeira vez. Vamos correr para salvar as nossas vidas. Se falharmos, podemos morrer hoje mesmo."

"Não precisa ter medo. Talvez as coisas não sejam tão ruins como parecem", Molly disse.

De repente, a porta se abriu. Estava com tanto medo que prendi a respiração, como se isso fosse ajudar. Achei que era o Peter ou o Alvin, mas não esperava ver Brandon parado na porta.

"Brandon? O que você está fazendo aqui?" Perguntei em estado de choque.

"Quando você era perseguida e espancada pelas crianças da matilha, você costumava se esconder no depósito. Não deixa de ser um bom lugar para se esconder. Velhos hábitos são difíceis de mudar, eu acho."

"Uau, você me conhece tão bem!" O sarcasmo escorria da minha boca.

Brandon agarrou a minha mão. "Venha comigo, Serena! Vou ajudar você a escapar daqui!"

Soltei a minha mão da dele e dei um passo para trás.

"Não, eu não preciso da sua ajuda, Brandon. Se você puder sair do meu caminho e fingir que nunca me viu aqui, talvez, isso possa ser uma boa ajuda."

"Serena, por favor. Deixe a raiva que você sente por mim de lado. Você está em perigo, eu sei. Peter machucou você?"

"Isso não é da sua conta. Não tenho mais nada a ver com você, nenhum vínculo. Você pretende ficar aqui, é isso? Pois, muito bem. Eu vou embora."

Dei as costas para ele, precisava encontrar um outro esconderijo, mas ele me agarrou pela cintura e me puxando para mais perto dele.

"Serena, você precisa escutar. Sinto muito por ter traído você, mas eu realmente quero ficar com você, está bem? Você não pode ser a minha Luna, mas posso conseguir um lugar seguro para você se esconder. Um lugar que Shirley nunca vai descobrir."

Comecei a achar graça das palavras de Brandon.

"Você é uma piada! Quem você pensa que eu sou? Uma amante? Não. Mesmo se eu ainda gostasse de você, que não é o caso, nunca me rebaixaria a tal ponto. Não aguento nem ver você agora, me dá vontade de vomitar."

Lutei com todas as minhas forças para me soltar, mas Brandon usava tanta força para me segurar, que não consegui me livrar dele. A raiva e o pânico cresceram dentro do meu coração. Na frente dos outros, Brandon era um covarde, mas comigo, ele estava sendo duro.

"Nunca vou deixar você ir, Serena. Eu não posso perder você." Brandon pressionou o meu corpo contra a parede e forçou seus lábios nos meus.

De repente, alguém o puxou de cima de mim. Imediatamente depois, alguém agarrou o meu cabelo e me jogou no chão. Olhei para cima e vi Shirley na minha frente, acompanhada de um grupo de lobas, que estavam logo atrás dela.

Shirley usava muita maquiagem, provavelmente para tentar cobrir as cicatrizes provocadas na explosão, mas sua tentativa foi inútil. Seu rosto estava desfigurado e parecia ainda mais feio quando ela estava com raiva.

"Brandon, seu idiota. Estava me perguntando por que você queria vir à festa. Agora descobri o motivo, porque você queria encontrar essa vadia! Felizmente, segui você até aqui. Ou então, você estaria entre beijos e abraços com ela."

Em seguida, Shirley olhou para mim e gritou: "Sua vagabunda! Eu tinha certeza de que você não desistiria de Brandon tão facilmente! Você é uma escrava sexual agora, e mesmo assim, você tem coragem de seduzir o meu homem?"

Shirley olhou para trás, para as lobas que chegaram com ela e ordenou: "Agora! Acabem com ela! Quero que ela apanhe até morrer, não estou nem aí."

As lobas fizeram um círculo em volta de mim e logo começaram a seguir a ordem da Shirley. Recebi um forte chute no peito e em seguida, incontáveis socos e chutes, que vinham de todos os lados e acertavam todo o meu corpo.

"Sua vadia, vamos ver se você terá coragem de fazer alguma coisa contra mim de novo." Senti um outro forte chute nas minhas costas. Shirley gritava com ódio, seu grito parecia de um corvo.

Elas não paravam de chutar o meu rosto, enquanto outras, acertavam socos no meu corpo. Rolava no chão, sem outra escolha, a não ser apanhar e suportar a dor. Me perguntei se morreria hoje sendo espancada por essas lobas.

PONTO DE VISTA DO PETER:

Alvin e eu deduzimos que Serena tinha escapado pela janela e em seguida, tivesse entrado na floresta, então corremos naquela direção por um longo tempo. No entanto, quanto mais avançávamos, mais sentia que tinha algo errado. Parecia que ninguém tinha passado por ali recentemente. Por mais cuidadosa que Serena fosse, ela acabaria deixando rastros, por menores e poucos que fossem. Então, suspeitava que talvez ela não tivesse corrido para essa direção.

"Alvin, acho que estamos indo na direção errada. Serena pode ter fugido para outro lugar ou talvez, ela ainda esteja se escondendo na mansão."

"Vamos nos separar. Você volta para a mansão e eu continuo a procurá-la nesta área."

"Tudo bem!"

Corri de volta para a mansão dos Garcias o mais rápido que pude. Quando estava bem próximo, de repente, senti um cheiro que parecia especial. Ao mesmo tempo que era familiar, era atraente. Meu lobo Nate uivou na minha cabeça entusiasmado.

"O que está acontecendo, Nate?"

"Amigo. É a nossa companheira."

"Amigo? Você tem certeza que ela está aqui?"

"Sim, a nossa companheira está aqui."

Meu coração disparou e o meu pau ficou duro. Fui seguindo aquele cheiro inebriante e fiquei apaixonado por ele logo que minhas narinas entraram em contato. Como estava desejando sentir esse cheiro. Obrigado, Deusa da Lua! Finalmente, estava sentindo o cheiro da minha Luna.

Cheguei na parte de trás da mansão e vi uma garota jogada no chão perto do depósito. Imediatamente, vi que era Serena. Ela era a minha companheira. Porém, a cena que vi me deixou furioso. Ela estava sendo espancada por algumas lobas. Meu lobo Nate rugiu ferozmente. Coloquei as minhas garras de fora e elas brilharam com a luz suave da manhã.

"Ei, vocês! Se afastem da minha companheira agora mesmo!" Eu gritei com ódio no olhar. Nunca tinha ficado tão zangado na minha vida como neste momento. O meu sangue Alfa estava fervendo nas minhas veias. O meu corpo estava em posição de luta.

As lobas ficaram atordoadas e piscaram quando me viram. Com um movimento rápido, saltei sobre elas e joguei seus corpos para longe. Minha força era muito poderosa e por isso as fiz praticamente voar. Uma delas se espatifou sobre uma mesa, que despedaçou. A outra voou até o lustre de cristal no teto, antes de encontrar o chão novamente. Minha reação pode ter sido exagerada, mas elas definitivamente mereciam. Elas deveriam ter pensado duas vezes antes de machucar a minha companheira!

"Peter, o que está acontecendo aqui?"

Todo o barulho que aquela confusão causou acabou atraindo muitos convidados que estavam prestes a deixar a mansão. Alguns deles, quando se aproximaram, correram para tentar me acalmar.

"Amigos. Ela é a minha companheira." Expliquei para todos, ainda um pouco ofegante.