Uma esposa para o meu irmão
img img Uma esposa para o meu irmão img Capítulo 6 Sardas
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Capítulo 8 Detalhes img
Capítulo 9 Pequenas vitórias img
Capítulo 10 Interrogatório img
Capítulo 11 Casar na mesma cerimônia img
Capítulo 12 Ave Maria img
Capítulo 13 Rock & Roll img
Capítulo 14 Noite de núpcias img
Capítulo 15 Sorrisos img
Capítulo 16 Longe da minha esposa img
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Capítulo 6 Sardas

Antes da reunião de família, Daniel precisava ter certeza de que sua futura esposa passaria na "prova de fogo". Ele sabia que Deanna não estava acostumada a se comportar no mesmo ambiente que ele e, embora isso pouco lhe importasse, tinha consciência de que sua família prestaria atenção nos mínimos detalhes.

Então, conversou com Harry e pediu que avisasse a Deanna que eles teriam um jantar a sós.

- Por que você mesmo não liga para ela?

- Porque não tenho o número dela.

- Você devia ter pedido quando a levou para casa, irmão.

- Não achei necessário. Ligue para ela por mim e diga que passarei para buscá-la às oito.

Não era a primeira vez que saía para jantar com uma mulher, nem a primeira em que ia buscá-la em casa. No entanto, como no dia em que a conheceu, Daniel estava novamente com aquela estranha sensação no estômago. Mas, desta vez, como iriam a um restaurante sofisticado, decidiu voltar ao seu habitual terno de três peças. O colete nunca podia faltar - era sua marca e o diferenciava dos demais empresários pela elegância.

Deanna tinha o vestido que Laura lhe recomendara sobre a cama. Observava-o como quem olha para uma pintura em um museu sem entender. Gostava muito do modelo, mas achava exagerado para um simples jantar. Talvez Laura tivesse entendido mal e suposto que fosse à ópera. Na verdade, o vestido era simples: cor champanhe, tecido leve, mas atendia ao critério de ter comprimento abaixo dos joelhos. Clássico.

Ela o esperou ansiosa na porta do prédio. Sabia que aquele era um ensaio para garantir que seu papel de futura esposa fosse convincente. O que sua avó diria se a visse tão elegante? Deanna sorriu. Estava com um casaco e, graças a Deus, os sapatos eram baixos. Pouca maquiagem e o cabelo preso sobre o ombro. Bem discreta.

Daniel estacionou o carro e desceu, surpreso ao vê-la. Laura havia se esforçado para encontrar roupas que caíssem bem e fossem elegantes, mas o que ele viu ia além do vestuário: diante dele estava uma mulher que impunha presença.

- Deanna...

- Oi, Daniel.

- Vamos? - Ele se aproximou do carro e abriu a porta para que ela entrasse.

Deanna se preparou mentalmente para suportar as tiradas de Daniel com paciência. Disse a si mesma que o melhor seria não responder com sarcasmo aos comentários bruscos dele e simplesmente ignorá-los. De certa forma, seria um treinamento para o ano que tinha pela frente; não poderiam passá-lo em meio a discussões e desentendimentos.

- Então, como você tem passado? - Daniel tentava falar de forma mais cordial, como Harry e Susan haviam recomendado.

- Bem, e você?

- Bem.

Ele não sabia o que dizer; sempre fora um homem de poucas palavras, mas naquele dia o silêncio o incomodava. Então Deanna tomou a iniciativa de quebrar o gelo.

- Harry me disse que você trabalha na empresa da sua família.

- É verdade.

- O que você faz?

- Eu comando... - respondeu o óbvio, o que todos sabiam.

- Sim, mas me refiro ao que você faz especificamente.

- Eu gerencio...

Aparentemente, aquela abordagem não funcionaria. Daniel percebeu que estava sendo sucinto demais, mas não tinha ideia de como explicar melhor seu trabalho. Suas palavras sempre eram diretas e concisas, mais do que suficientes. O desconforto voltou a tomar conta dele.

Deanna olhava pela janela. Talvez devesse apenas relaxar e deixar que as coisas fluíssem. Tinha certeza de que, em algum momento, encontrariam um assunto em comum - ou passariam o resto da noite em silêncio, apenas se olhando.

Finalmente chegaram ao restaurante. Definitivamente, era um lugar ao qual Deanna não estava acostumada: extremamente elegante. Ela começou a ficar nervosa. Como deveria se comportar em um ambiente daqueles? Laura tinha lhe explicado algumas regras de etiqueta, mas ainda assim tinha certeza de que cometeria erros. Costumava jantar em lanchonetes perto da universidade, comendo coisas que se podiam levar à boca com as mãos.

Enquanto Daniel confirmava a mesa reservada, um funcionário aproximou-se discretamente de Deanna.

- Seu casaco, senhorita...

Deanna não entendeu de imediato.

- Ah, sim, claro! Obrigada. - E o rapaz levou a peça.

- Se quiserem me acompanhar, eu os levarei à mesa... - disse o maître.

Quando Daniel se virou para segui-lo, a primeira coisa que viu foi Deanna com as costas praticamente nuas até a cintura. O vestido tinha uma abertura considerável que deixava à mostra sua coluna. Não mostrava muita pele, mas o suficiente para lhe tirar o fôlego. Sardas. Ela tinha sardas espalhadas pelas costas.

Eles caminharam até a mesa e Daniel não deixou de notar que mais de uma pessoa olhou para ela. Alguns o cumprimentaram quando perceberam que ele os flagrava observando, outros apenas sorriram de forma cúmplice. Gente desagradável. A mesa ficava do outro lado do salão, então praticamente todos os clientes os viram passar.

Daniel pediu a carta de vinhos e fez a escolha para os dois. Deanna observava tudo ao redor. O lugar era muito bonito e acolhedor, tranquilo.

- Esse vestido...

- Foi a Laura que comprou. Não está bom?

- As costas desse vestido... são demais. - Aí estava a primeira reclamação.

- Desculpe, só segui os conselhos dela. Não sabia o que deveria usar, nunca tinha estado em um lugar assim...

- Tudo bem, o vestido é bonito... mas todos olharam para ele.

- Você está dizendo que olharam para mim por causa do vestido?

- Não, eles olharam para o vestido. - Daniel não iria admitir que, na verdade, os olhares eram para ela e para as sardas em suas costas.

- Ah, tudo bem... - Nada daquilo fazia sentido.

- De qualquer forma, você não deveria usar esse tipo de vestido que... deixa ver demais. - Aquilo o incomodava.

- Tudo bem, não vou mais usar.

- Não é isso. Você pode usá-los, só não quando houver tanta gente.

E quando deveria usá-los? Daniel estava sendo muito estranho, dizia coisas incoerentes. Mas, pelo menos, estava falando mais do que o habitual - e isso já era um progresso. Deanna apenas torceu para que ele não encontrasse mais falhas no guarda-roupa dela naquela noite.

Durante o jantar, continuaram uma conversa leve sobre os estudos que ela fazia na universidade e os planos para quando se formasse. Também comentaram sobre a reunião de família que se aproximava, onde seria e quem participaria. Daniel perguntou se algum membro da família dela viria; Deanna mentiu dizendo que moravam muito longe para poderem comparecer.

Felizmente, não houve mais incidentes até a sobremesa. Foi então que ele a viu sentada algumas mesas atrás: Lynda. Logo hoje tinham que se encontrar ali. Lynda era filha de uma amiga da mãe dele, não via problema no fato de Daniel já ter três filhos e sempre se mostrara mais do que disposta a ter um relacionamento com ele - mas fora rejeitada com todo o cavalheirismo.

Ao sair, ele não resistiu e parou na mesa dela.

- Oi, Daniel, como você está?

- Lynda.

- Que coincidência a gente se encontrar aqui.

Deanna observava a interação, mas parecia que Lynda ignorava completamente a presença dela. Daniel não disse mais nada, talvez esperando que Lynda desistisse e fosse embora. Mas ela claramente tinha outros planos.

            
            

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