Sob o Olhar do CEO
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Capítulo 5 Cap.04

Zara Nox

O final de semana passou rápido demais.

Entre risadas, pipoca e confissões que só o vinho permite, eu e Liz ficamos ainda mais próximas.

Ela tinha um jeito leve de ver o mundo, o oposto da minha visão prática e contida, e talvez por isso eu gostasse tanto de estar com ela.

Mas segunda-feira chegou como um soco no estômago - a lembrança de que minha vida agora tinha regras, horários, e um chefe que mexia comigo de um jeito que eu não queria admitir.

Hoje, eu precisava chegar mais cedo.

Lorenzo havia me enviado um e-mail na sexta à noite confirmando uma reunião importante com investidores estrangeiros, e eu seria responsável por preparar toda a documentação e acompanhá-lo.

A ideia de passar a manhã ao lado dele me deixava com o estômago revirando.

Saí de casa antes do amanhecer.

O ar frio cortava o rosto, e as ruas ainda estavam meio vazias. O som dos saltos ecoando no mármore do prédio me fez lembrar o primeiro dia - como tudo parecia novo, assustador, e ao mesmo tempo... certo.

Cheguei à empresa trinta minutos antes do horário.

A portaria estava silenciosa, apenas o som dos elevadores subindo e descendo. Cumprimentei o segurança com um sorriso rápido e entrei.

A sala da presidência estava vazia, como sempre nas primeiras horas da manhã.

Liguei as luzes, abri as cortinas, e o sol da manhã invadiu o ambiente, dourando o vidro da mesa e o couro das poltronas.

"Respira, Zara", pensei.

Tudo precisava estar perfeito.

Peguei as apostilas, organizei-as por tema, revisei os slides, e fui para a sala de reuniões. Preparei café fresco, organizei os copos, e pedi alguns lanchinhos pela copa.

O som da máquina de café era o único ruído confortável naquela manhã silenciosa.

Foi quando ouvi a voz.

Grave, calma, e inconfundível.

- Tão cedo aqui?

Meu corpo reagiu antes da mente.

Um arrepio percorreu minha espinha, e por um instante esqueci de respirar.

- Vim organizar as coisas antes da reunião, senhor Castellani - respondi, virando-me.

Ele estava ali, encostado na porta, o paletó escuro contrastando com o branco da camisa.

Os cabelos estavam levemente bagunçados, e o perfume - aquele aroma amadeirado e viciante - se espalhava pelo ar como um convite.

Andei até o outro lado da mesa, instintivamente tentando colocar uma barreira entre nós.

- O que eu disse sobre brilhar? - ele perguntou, arqueando uma sobrancelha, o tom meio provocante.

Meu coração deu um salto.

- Eu só estou fazendo meu trabalho. - respondi, voltando-me para a bandeja de café.

Ouvi o som dos passos dele se aproximando, lentos, seguros.

- Você tá fugindo de mim? - perguntou, num tom baixo, quase divertido.

- Fugindo? - repeti, sem coragem de encará-lo. - Não, claro que não.

- Engraçado... porque parece exatamente isso.

Senti o calor do corpo dele próximo ao meu, o cheiro do perfume misturado com o café recém-passado. Fechei os olhos por um segundo, tentando controlar a respiração.

- Eu só quero manter as coisas profissionais, senhor Castellani.

- Lorenzo. - Ele corrigiu, firme. - Aqui estamos sozinhos, pode me chamar de Lorenzo.

Meu olhar encontrou o dele, e foi como cair num abismo.

A intensidade em seus olhos me desarmava completamente.

Por um instante, esqueci que ele era meu chefe, esqueci de onde estava. Só havia aquele silêncio elétrico entre nós.

Mas a porta se abriu de repente.

- Bom dia, chefe. - A voz de Rômulo cortou o ar como uma lâmina, trazendo-me de volta à realidade.

Ele entrou acompanhado de outros homens, todos engravatados, com pastas e tablets nas mãos.

A tensão evaporou como fumaça, e Lorenzo apenas ajeitou o paletó, recuperando o controle em segundos.

- Bom dia, senhores - ele disse, com o tom frio e autoritário que usava em público.

Sentei-me o mais distante possível, tentando ignorar o olhar que ele me lançou antes de começar a reunião.

---

A reunião começou pontualmente.

Investidores da França, um consultor de finanças, Rômulo à esquerda de Lorenzo.

Eu tomava notas rápidas, servia café e, de vez em quando, trocava olhares sutis com Lorenzo - olhares que ele fingia não perceber, mas eu sabia que percebia.

A cada vez que ele falava, sua voz grave tomava conta da sala.

Tinha domínio sobre tudo - cada palavra, cada pausa, cada detalhe.

E eu me perguntava como alguém podia ser tão... perfeito e, ao mesmo tempo, tão inacessível.

- Senhorita Nox - ele chamou, sem tirar os olhos dos papéis. - Pode projetar o gráfico da expansão da filial europeia, por favor?

- Claro. - respondi, levantando e caminhando até o painel.

Enquanto explicava os números, senti o olhar dele sobre mim - atento, concentrado, mas havia algo mais ali. Algo que me deixava nervosa.

Troquei o slide e, sem querer, nossos olhares se cruzaram.

O mundo pareceu diminuir.

A sala cheia de executivos sumiu.

Só restava ele, e aquele olhar que me despia com calma, sem pressa, como se procurasse algo dentro de mim.

Desviei o olhar rapidamente, voltando a falar.

- ...e com isso, o lucro líquido previsto para o próximo trimestre é de 12%, considerando o investimento inicial...

- Perfeito - ele interrompeu, e notei o sorriso discreto no canto dos lábios. - Excelente trabalho, Zara.

Meu coração disparou.

"Respira. É só um elogio profissional", repeti mentalmente.

Mas o modo como ele disse meu nome... não parecia profissional.

---

A reunião terminou duas horas depois.

Os executivos foram se levantando, trocando apertos de mão, enquanto eu recolhia os copos e organizava os papéis.

Rômulo se aproximou, com um sorriso leve.

- Bom trabalho, Zara. O chefe tá impressionado.

- Espero que seja com a planilha e não comigo - brinquei, tentando disfarçar o nervosismo.

- Talvez os dois. - Ele riu. - E entre nós, nunca vi o Lorenzo olhar pra alguém desse jeito.

- Que jeito?

- Como se estivesse prestes a quebrar a própria regra.

Fiquei em silêncio.

Não havia resposta segura para isso.

Quando Rômulo saiu, Lorenzo ainda estava lá, olhando pela janela, o casaco jogado na cadeira.

- Pode fechar a porta - ele disse, sem se virar.

Obedeci.

- Senhor... digo, Lorenzo, quer que eu organize o material agora ou deixo pra depois?

- Depois. - A voz dele estava mais baixa. - Senta um instante.

Sentei devagar, tentando decifrar o tom dele.

- Sabe... - ele começou, sem me encarar - você tem um talento raro. Não é só organizada. É... detalhista, dedicada. É diferente.

Senti minhas bochechas queimarem.

- Obrigada, senhor.

- Lorenzo. - Ele corrigiu de novo.

Olhei para ele, e a expressão era outra - não havia o homem de negócios, mas alguém cansado, vulnerável, com algo preso no peito.

- Às vezes acho que você me lembra alguém. - Ele disse, quase num sussurro.

- Alguém importante? - perguntei, hesitante.

Ele sorriu de leve, sem humor.

- Alguém que não posso esquecer.

Um silêncio pesado caiu entre nós.

Ele respirou fundo, levantou-se e se aproximou.

Parou atrás da cadeira onde eu estava sentada, e o ar pareceu ficar mais denso.

- Lorenzo... - murmurei, virando o rosto para olhá-lo.

- Você tem medo de mim? - perguntou, os olhos fixos nos meus.

Engoli em seco.

- Não. Mas o senhor... me intimida.

Ele inclinou a cabeça, e um sorriso quase imperceptível surgiu.

- Isso não é bom. Eu não quero que tenha medo.

- Então... o que quer que eu tenha? - perguntei, sem pensar.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, o olhar preso no meu rosto.

Depois, deu um passo para trás, recolhendo o casaco.

- Que confie em mim. - disse, e saiu da sala.

Fiquei ali, imóvel, com o coração batendo rápido demais.

Parte de mim queria fugir, outra parte queria correr atrás dele e pedir que explicasse o que estava acontecendo entre nós - ou dentro dele.

Mas, no fundo, eu sabia que havia algo maior.

Algo que ele escondia.

Algo que o fazia olhar pra mim daquele jeito - com culpa, desejo e um medo que eu ainda não entendia.

---

Mais tarde, no escritório, Liz apareceu com um café.

- Me disseram que você arrasou na reunião - ela comentou, se jogando na poltrona.

- Foi tudo bem.

- E o chefe?

- O mesmo de sempre. Intenso. Misterioso. - Suspirei.

- Ai, Zara, você fala dele como quem tá prestes a se apaixonar.

- Eu não... - parei, percebendo que talvez minha voz não convencesse. - Eu não posso me apaixonar por ele, Liz.

- Por que não?

Olhei pela janela, o coração apertado.

- Porque o Lorenzo Castellani é o tipo de homem que carrega segredos. E eu já vivi segredos demais na minha vida.

Ela me observou em silêncio por alguns segundos.

- Então cuidado. - disse, séria. - Porque às vezes o que a gente tenta evitar é exatamente o que o destino insiste em colocar no nosso caminho.

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Quando saí da empresa, o céu já estava escurecendo.

Peguei o elevador sozinha, pelo menos era o que eu pensava até que uma mão segurou a porta, e entrou. Era ele. Quando eu tendo fugir ele surge bem na minha frente me obrigando a estar no mesmo ambiente que ele.

{...}

                         

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