Capítulo 4 Alberto e Preso

Apenas uma semana após o funeral de Linda, o luto na mansão Brown foi brutalmente interrompido.

Alberto ainda mal conseguia comer ou dormir, a sua existência reduzida a uma névoa de dor, enquanto Shilla vagava pelos corredores, os olhos fixos num vazio. Foi nesse estado de vulnerabilidade que a porta da frente foi arrombada.

​De repente, a casa foi invadida por agentes da polícia fardados, as suas botas pesadas ecoando pelos mármores polidos. Shilla, que estava na sala, ficou paralisada de medo. Antes que pudesse reagir, um dos oficiais segurou Alberto pelos braços, que parecia demasiado atordoado para sequer resistir.

​- Senhor Alberto Brown, está detido - declarou o oficial com uma voz grave e fria, enquanto um colega lia os seus direitos.

- É acusado de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e desvio de fundos das empresas Brown.

​Alberto piscou, os olhos ainda turvos de luto.

- O quê? Isso é um engano! Eu não... - As suas palavras morreram na garganta enquanto era algemado.

​- Pai! O que está a acontecer?! - Shilla gritou, as suas pernas finalmente cedendo, caindo de joelhos. Ela tentou alcançar o pai, mas foi impedida por um dos agentes.

​Nesse instante de caos, Amando entrou na sala, não com a falsa preocupação de antes, mas com uma postura rígida e um olhar determinado, acompanhada por um advogado de semblante austero.

​- É uma tragédia, Alberto - Amanda disse, a voz cheia de um falso pesar que não chegava aos seus olhos.

- Descobrimos as irregularidades nos livros. Tivemos que agir, para proteger o legado da minha irmã.

​- Irregularidades? Amanda, do que está a falar? - Alberto olhou para a cunhada, a traição acendendo um fogo fraco nos seus olhos embaciado.

- Você sabe que eu nunca faria isso!

​O advogado de Amanda interveio.

- Os documentos são claros, senhor Brown. Temos provas contundentes de desfalques milionários nos últimos meses.

​Shilla, aterrorizada, ouviu as palavras, a sua mente a tentar desesperadamente processar tudo. O seu pai, um criminoso? Isso era impossível!

​- Pai, diga-lhes que é mentira! - ela implorou, mas Alberto já estava a ser arrastado para fora da casa.

​Enquanto era levado, Alberto olhou para Shilla, um pedido silencioso de perdão e um amor desesperado nos seus olhos antes que a porta se fechasse com um baque seco, selando a sua prisão.

​Amanda, por sua vez, virou-se para Shilla, os lábios apertados. - Sinto muito, querida. Mas a justiça tem que ser feita. - No seu olhar, Shilla viu, pela primeira vez, não a falsa compaixão, mas um triunfo gelado e cruel. O seu mundo desabou de vez.