Capítulo 5 O último Golpe e o Início do Tormento

​Alberto foi transferido para uma prisão de segurança máxima, e os dias de Shilla transformaram-se num inferno silencioso. Com o pai preso e a fortuna da família congelada ou sob investigação, ela ficou completamente à mercê de Amanda , que não tardou a revelar a sua verdadeira face.

​Uma manhã, Amanda visitou Alberto na prisão.

O ambiente era sombrio e opressor. Alberto, com os olhos fundos e o corpo encurvado, mal se parecia com o homem orgulhoso que Shilla conhecia.

​- Tenho uma proposta para si, Alberto

- Amanda disse, a voz fria e controlada, sentada do outro lado da mesa.

- Assine os documentos de transferência de todas as empresas e propriedades para o meu nome. Em troca, garanto a segurança e o bem-estar da sua filha, Shilla. E arranjo-lhe um bom advogado para tentar uma pena mais leve.

​Alberto olhou para ela, o ódio a ferver nos seus olhos cansados.

- Nunca! Você é uma víbora, Amanda! Como pôde fazer isso à sua própria irmã e à nossa família?!

​Amanda sorriu, um sorriso pequeno e cruel.

- Linda já não está aqui para se preocupar, está? Pense em Shilla, Alberto. Se não assinar, juro que a vida dela será um inferno. Ela não terá onde cair morta. Pense no que acontecerá a uma menina rica e mimada, sem dinheiro, sem proteção... e com um pai criminoso.

​A imagem de Shilla, vulnerável e sozinha, invadiu a mente de Alberto.

A sua filha era a única coisa que lhe restava. Com as mãos a tremer, a alma destroçada, Alberto pegou na caneta. Ele assinou, cada traço uma facada no coração, sentindo a sua vida a esvair-se para sempre.

​No dia seguinte, a máscara de Amanda caiu completamente. Ela chegou à mansão, agora formalmente sua, acompanhada por Esmeralda, um sorriso de triunfo nos lábios.

​- Shilla, esta casa agora é minha - Amanda declarou, a voz cortante como um chicote.

- E, como a generosa tia que sou, permito que fique. Mas entenda bem: agora, você não passa de uma hóspede indesejada.

​Esmeralda, com um olhar de pura satisfação, empurrou Shilla quando esta tentou protestar.

- Você ouviu a minha mãe, prima? Aqui, você não é ninguém. Esqueça os luxos e os caprichos. A partir de hoje, você vai aprender a viver como uma verdadeira mendiga, dentro da sua própria casa.

​Shilla sentiu o mundo a virar. De um dia para o outro, perdeu a mãe, o pai e agora a sua identidade e dignidade. Começaram os dias de humilhação: era forçada a fazer tarefas domésticas, a usar roupas velhas, e a ouvir insultos constantes de Esmeralda, que se deleitava em vê-la sofrer. As refeições eram pão e água, enquanto tia e prima desfrutavam de banquetes à sua frente. As suas antigas amigas desapareceram, o seu namorado, assustado com a desgraça, abandonou-a. Shilla estava sozinha, uma sombra na sua própria casa, a sua beleza antes vibrante a murchar sob o peso do tormento e da dor.