Capítulo 5 A Fuga

​Lyra não hesitou. A dor no joelho e no ventre era uma punição, mas a adrenalina e a fúria Lobo a impulsionavam. Ela usou o gelo.

​O vampiro estava parado, analisando a camada fina gelada que cobria o chão de mármore. Seu cheiro forte de Canela e Mofo estava preso no ar frio e estático.

​Lyra se forçou a levantar. Cada músculo do seu corpo protestava, mas a imagem da criança a ser caçada era o único combustível que lhe importava. Ela alcançou a porta dupla de vidro.

​A porta estava coberta por uma camada de gelo fino e transparente, uma obra do seu bebê. Lyra usou as garras que estavam se formando em suas unhas de Lobisomem para rasgar um buraco no gelo perto da maçaneta e, com a força de um soco, empurrou a porta.

​O vidro rangeu sob o atrito e se abriu.

​- Você não vai a lugar nenhum! - O vampiro finalmente se moveu, deslizando sobre o mármore liso com uma velocidade letal, ignorando o gelo que o envolvia.

​Ele a alcançaria em um único salto. Lyra sabia disso.

​Ela usou sua última gota de energia Bruxa. Não havia tempo para feitiços de proteção. Ela só conseguiu conjurar um raio de eletricidade estática pura e o lançou no lustre de ferro forjado que pendia sobre a cabeça do caçador.

​O choque não era forte o suficiente para detê-lo, mas a energia atravessou o metal e o fez hesitar por um milésimo de segundo.

​Lyra saiu do prédio, cambaleando para a calçada molhada pela chuva que havia parado. A névoa de Havenwood abraçou-a, e o ar frio lavou a febre de seu corpo, dando-lhe um falso senso de alívio.

​Ela não olhou para a rua para checar o tráfego. Ela olhou para cima.

​A lua cheia, escondida pelas nuvens por horas, havia se revelado em sua plenitude, um disco branco gigante no céu escuro.

​Lyra sentiu o Lobisomem responder ao chamado da lua, um rugido silencioso dentro de seu peito. Ela estava livre da prata, mas agora estava à mercê de seus próprios instintos. E a caçada havia apenas começado.

​Ela começou a correr pela rua, se tornando mais uma sombra na escuridão, com a única certeza de que, agora que a Máscara havia caído, o mundo estaria à procura daquele que carregava Três Marcas de Sangue.