- É? - ele sussurrou, chegando perto o suficiente para que ela sentisse novamente o calor do seu corpo. Ele ergueu a mão, e por um momento eletrizante, ela pensou que ele ia tocá-la. Em vez disso, ele pegou uma faca do bloco ao lado dela, seus dedos roçando os dela de relance. Um calafrio percorreu todo o seu braço. - Acho que todo mundo gosta de um pouco de brilho, Keth. Mesmo que seja só por fora.
Ele voltou para o balcão, deixando-a ali, tremendo, o ponto de contato onde seus dedos haviam tocado ardendo como fogo. Ela olhou para suas próprias mãos, então deslizou uma delas discretamente para baixo, sobre o tecido da sua saia, pressionando contra a carne quente da sua coxa. A necessidade era uma dor surda e doce, um latejar que pedia por alívio. Ela se imaginou cruzando a cozinha, girando ele e puxando seu rosto para o seu, sentindo aquela boca dura e experiente sobre a sua, aquelas mãos grandes e ásperas percorrendo seu corpo.
A imagem era tão vívida, tão real, que um pequeno gemido quase escapou de seus lábios. Ela se mordeu, forçando a onda de desejo a recuar. Isso era loucura. Era errado. Era perigoso.
Mas, Deus, era excitante.
O cheiro do alho e do azeite refogando começou a encher a cozinha, uma contradição doméstica à tensão sexual que envenenava o ar. Eles estavam sozinhos. Naquela casa grande e silenciosa. Por dias.
Gael se virou novamente, segurando a colher de pau. Seus olhos escuros percorreram seu corpo mais uma vez, parando nos seios, onde seus mamilos estavam endurecidos, pressionando contra o tecido fino da blusa. Ele viu. Claro que viu. Um sorriso lento, de pura satisfação masculina, se espalhou por seu rosto.
- O jantar vai demorar uns vinte minutos - ele disse, sua voz um rosnado suave. - Talvez você queira... se instalar. Tomar um banho. Você deve estar cansada da viagem.
A sugestão era inocente, mas a entonação era tudo, menos. Era um convite para que ela se limpasse, se preparasse. Para o quê? Kethlen sentiu um novo surto de calor entre as pernas. A ideia de se despir, de ficar nua no chuveiro, com ele apenas a alguns metros de distância, era absurdamente erótica.
- Um banho... sim - ela concordou, a voz um fio de som. - É uma boa ideia.
Ela se afastou da pia, suas pernas ainda trêmulas, e caminhou para fora da cozinha sem olhar para trás. Mas sentia o olhar dele em suas costas, queimando através do tecido, uma marca de posse que ainda não havia sido reivindicada.
No corredor, parou, encostando a testa na parede fria. O coração batia descompassado em seu peito. Um banho. Sozinha. Com a imagem de Gael, seus braços fortes, sua boca sensual, sua promessa silenciosa, queimando em sua mente. Sua mão deslizou para baixo de novo, desta vez para o interior da sua coxa, sentindo a pele macia e quente. Os dedos tremeram, pairando perto do epicentro da sua necessidade. Um longo, baixo gemido escapou finalmente de seus lábios, um som de rendição e desejo puro.
A água do chuveiro escorrera sobre o corpo de Kethlen como uma tentativa de purificação, mas só conseguira avivar os sentidos. Cada gota que deslizara sobre sua pele havia sido um lembrete do olhar de Gael, pesado e carnal, que parecia tateá-la mesmo através das paredes. Enquanto se secava, o toque do tecido macio da toalha era quase uma agressão aos nervos super sensibilizados. As pontas dos dedos, ao passarem pelos próprios seios, fizeram-nos arrepiar, os mamilos endurecendo numa resposta instantânea e traidora à memória do sorriso dele. Vestiu-se com cuidado, escolhendo um shorts de cintura baixa de seda que moldava a curva dos seus quadris e uma camiseta justa, sem sutiã. A justificativa era o conforto, mas a verdade, que ela mal admitia a si mesma, era um desejo profundo de ser vista, de provocar. Era uma isca lançada num mar proibido, e ela esperava, com um frio na espinha e calor nas entranhas, que o tubarão mordesse.
Ao descer, o cheiro do alho e do manjericão já dominava a casa, uma armadilha doméstica e perfumada. Gael estava diante do fogão, mexendo o molho de tomate fresco numa panela de ferro. A cena era absurdamente caseira, mas nada na postura dele transmitia domesticidade. Ele era um predador disfarçado de dono de casa, seus movimentos cheios de uma graça animal contida. A cozinha, com sua iluminação quente e aconchegante, parecia ter encolhido, tornando cada centímetro de ar carregado de potencial.
- Cheira bem - ela disse, parando na entrada, sentindo-se como uma intrusa no próprio cenário que ajudara a criar.
Ele se virou, e seus olhos escuros percorreram-na da cabeça aos pés, sem pressa, como se estivesse saboreando cada detalhe da sua vestimenta casualmente sensual. A avaliação foi tão física que Kethlen sentiu a pele formigar.
- Tomate da horta da vó. Ainda estão bons. Espero que goste de espaguete al dente - a voz dele era um zumbido grave que ecoou direto no seu baixo-ventre.
- Gosto das coisas firmes - ela retrucou, e os cantos da boca de Gael se curvaram para cima, captando o duplo sentido que ela não tinha tido a intenção de lançar, mas que saíra naturalmente.
- Bom saber.
Ele pegou uma garrafa de vinho tinto que já estava aberta em cima do balcão e serviu dois cálices generosos.
- Para ajudar a descontrair - ele disse, entregando-lhe um dos copos. Seus dedos se tocaram durante a passagem, e um choque estático, ou talvez apenas a pura energia da atração, percorreu o braço de Kethlen. Ela levou o cálice aos lábios rapidamente, a necessidade do álcool sendo súbita e urgente.