Sussurros do Prazer: Jogos do Desejo
img img Sussurros do Prazer: Jogos do Desejo img Capítulo 4 A Prima Proibida - Capítulo 4
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Capítulo 6 A Prima Proibida - Capítulo 6 img
Capítulo 7 A Prima Proibida - Capítulo 7 img
Capítulo 8 A Prima Proibida - Capítulo 8 img
Capítulo 9 A Prima Proibida - Capítulo 9 img
Capítulo 10 A Prima Proibida - Capítulo 10 img
Capítulo 11 A Prima Proibida - Capítulo 11 img
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Capítulo 4 A Prima Proibida - Capítulo 4

O jantar foi sendo preparado numa coreografia de corpos que dançavam para não se tocar. Ela ficou encarregada da salada, cortando legumes na tábua ao lado dele. A proximidade era um suplício delicioso. Ela sentia o calor que emanava do seu braço, via o jeito como os músculos das suas costas se moviam sob a camiseta quando ele se virava para pegar o sal. O ar estava impregnado dele, do seu cheiro misturado com a comida, uma combinação primitiva e excitante.

- Lembra da época em que a gente tentou construir uma casa na árvore no quintal? - Gael perguntou, quebrando o silêncio tenso com um fio de nostalgia.

Kethlen soltou uma risada genuína, o álcool já começando a afrouxar seus membros e sua cautela.

- Lembro. E você caiu do galho e quebrou o braço. A vó ficou furiosa.

- Valeu a pena. Passei o verão todo com você fazendo meus trabalhos de escola e me alimentando com uvas - ele riu, um som rico e caloroso que fez algo dentro dela se derreter. - Você era minha escrava particular.

- Eu era uma otária com pena de você - ela revidou, sorrindo. - Você fingia mais dor do que realmente sentia.

- Talvez - ele admitiu, erguendo o copo num gesto de brinde. - Mas consegui suas atenções exclusivas naquele verão inteiro. Foi uma estratégia brilhante.

A conversa fluiu, alimentada pelo vinho e pelas memórias compartilhadas. Eles relembraram férias na praia, festas de família onde sussurravam fofocas nos cantos, a cumplicidade fácil de dois primos que se entendiam. Mas sob cada lembrança inocente, uma nova corrente de desejo se formava, reescrevendo o passado com uma lente de sensualidade latente.

Foi quando Gael, ao servir mais vinho, comentou, o tom levemente alterado pelo álcool:

- É estranho. Depois que a Nina me deixou, me afastei de todo mundo. A oficina consome, é verdade, mas às vezes a solidão é uma escolha. É menos complicado.

Kethlen olhou para ele. A confissão era rara, um vislumbre da vulnerabilidade por trás da fachada confiante. Ela se encorajou, o vinho aquecendo suas veias e soltando sua língua.

- Sempre foi fácil para você, Gael. Todas as minhas amigas tinham uma paixonite por você. Elas me enchiam o saco para eu dar notícias suas, conseguir seu número... era um inferno.

Ele parou o que estava fazendo e se apoiou na ilha da cozinha, virando-se completamente para ela. Seus olhos, agora quase negros na penumbra da cozinha, fixaram-se nela com uma intensidade que fez o ar sair de seus pulmões.

- Todas menos uma - ele disse, a voz um rosnado suave e carregado de significado.

A frase pairou no ar entre eles, pesada, quente, inegável. Kethlen sentiu as pernas amolecerem. Ele não estava falando de suas amigas. Ele estava falando dela. O vinho e a tensão haviam quase a levado à beira de uma confissão, e ele, com a precisão de um caçador, lançara a isca de volta, mais ousada, mais perigosa.

Ela abriu a boca para dizer algo, para negar, para brincar, mas nenhum som saiu. O olhar dele a prendia, desafiando-a a admitir a verdade. Em vez de responder, ela desviou os olhos, buscando desesperadamente uma distração.

- O saleiro... - ela balbuciou, apontando para o objeto perto dele.

Ele segurou o saleiro, mas em vez de entregá-lo, esticou o braço, forçando-a a se aproximar para pegá-lo. Seus dedos se envolveram em torno do objeto ao mesmo tempo que os dele. Desta vez, o toque foi prolongado, deliberado. A pele dele era áspera, marcada por pequenas cicatrizes de trabalho manual, e o contraste com a suavidade da sua própria pele foi eletrizante. Ela puxou a mão como se tivesse sido queimada, segurando o saleiro contra o peito, seu coração batendo tão forte que ela temeu que ele pudesse ouvir.

- Obrigada - ela sussurrou, a voz trêmula.

Gael não respondeu. Apenas continuou a observá-la, um sorriso satisfeito e knowing brincando em seus lábios. Ele sabia. Sabia do efeito que tinha sobre ela.

Pouco depois, ele precisou de uma erva que estava no armário acima dela.

- Deixa eu pegar o orégano - ele disse, e antes que ela pudesse sair do caminho, ele já estava atrás dela.

Kethlen ficou paralisada. Ele não a tocou, mas seu corpo formou uma gaiola ao seu redor. Ele se inclinou, alcançando o armário, e seu torso ficou a centímetros de suas costas. Ela podia sentir o calor radiante dele através da fina camada de sua camiseta. A respiração dele agitou os cabelos soltos na sua nuca. Seus seios, sensíveis e pesados, roçaram no balcão à sua frente. O mundo reduziu-se àquele espaço minúsculo, àquela quase-unidade. Ele ficou ali por um, dois, três segundos a mais do que o necessário, e ela podia jurar que sua boca estava perto o suficiente de seu pescoço para que ele sentisse o pulso acelerado na sua veia jugular. Um aroma intenso de homem, suor e desebro encheu suas narinas, e um filete de calor úmido escorreu entre suas pernas, um sinal inconfundível e embaraçoso da sua excitação.

Então, ele se afastou, tão calmamente quanto havia se aproximado, segurando o pote de orégano.

- Pronto - ele disse, como se nada tivesse acontecido.

Kethlen soltou a respiração que estava prendendo, um som ofegante e rouco que soou alto demais no silêncio. Suas mãos tremiam. O ponto úmido na sua calcinha de seda era um testemunho mudo da sua agonia. Ela estava a um passo de se virar e enterrar as mãos nos cabelos dele, de puxar aquela boca para a sua e devorá-lo ali mesmo, em cima do balcão da cozinha, entre os tomates e o manjericão.

A confissão estava lá, na ponta da sua língua, um monstro prestes a ser solto. Sempre te desejei, Gael. Desde sempre. Mesmo quando não deveria.

Mas o medo, a vergonha, o peso do tabu, foram mais fortes. Ela engoliu as palavras, engoliu o gemido, engoliou o desejo.

- Acho que o macarrão já está no ponto - ela conseguiu dizer, a voz estranha e distante.

Eles comeram sentados à mesa da cozinha, a conversa morrendo e sendo substituída por um silêncio pesado e carregado. Cada garfada era um esforço. Kethlen sentia o olhar dele nela como um toque físico, percorrendo seu pescoço, a linha do decote, os lábios. Ela se via imaginando como seria a boca dele, o gosto dela, a textura da sua língua. Imaginação que era interrompida pela visão das mãos dele segurando o garfo, mãos grandes, veiudas, que ela imaginava percorrendo seu corpo, apertando, explorando.

Quando não aguentou mais, ela se levantou.

- Eu levo a louça - ela anunciou, juntando os pratos com uma pressa nervosa.

- Eu ajudo - ele disse, levantando-se também.

Ela levou os pratos até a pia e ligou a torneira, a água quente jorrando e embaçando o vidro da janela. Ele veio ficar ao seu lado, pegando um prato para enxaguar. Seus corpos estavam perigosamente próximos de novo. O braço dele roçou o dela. A coxa dele pressionou contra a sua. Kethlen fechou os olhos, à beira de um colapso sensorial.

Foi quando ela sentiu. Um toque leve, firme, na base da sua coluna. A mão dele. Pousada ali, no osso do quadril, o polegar fazendo um movimento circular, lento, hipnótico, sobre o tecido fino do shorts.

Ela gelou. Todo o sangue do seu corpo pareceu correr para aquele ponto de contato, e depois descer, em uma torrente, para o núcleo derretido do seu desejo. A respiração presa na sua garganta saiu como um suspiro trêmulo e quebrado.

- Gael... - ela sussurrou, um protesto fraco, uma súplica.

- Shhh... - ele sussurrou de volta, o hálito quente no seu ouvido. A mão dele deslizou da sua cintura, desceu, e deu um tapinha suave, quase possessivo, nas suas nádegas, antes de se afastar para pegar uma toalha. - Só estava pegando a toalha. Você estava no caminho.

Ela abriu os olhos, ofegante, o corpo todo a vibrar. Ele a havia tocado. Finalmente. E o toque, mesmo através da roupa, havia sido uma promessa explícita, uma prévia do que estava por vir. A cozinha, outrora aconchegante, agora parecia uma arena. E ela, Kethlen, sabia que a noite estava longe de acabar. A linha que separava os primos dos amantes havia sido não apenas cruzada, mas incendiada. E o fogo mal havia começado a arder.

            
            

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